Só entre janeiro e setembro deste ano, Mato Grosso registrou 36 casos de feminicídio. Segundo o levantamento divulgado neste final de semana, pela Coordenadoria de Estatística e Análise Criminal (CEAC) da Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesp-MT), o aumento chegou a 5,8%, se comparado com o mesmo período de 2018, quando foram registrados 34 casos.
Os dados são fechados trimestralmente, por conta da necessidade de investigação prévia pra definir as motivações do crime. A Sesp também faz o levantamento anual dos dados. No ano passado, de janeiro a dezembro, houve 42 feminicídios registrados no estado.
Neste ano, um caso que chocou o estado foi da empresária Maria Lúcia Lustosa Sabino, 54 anos, morta na madrugada de sábado (14) de setembro pelo namorado Valdir Gomes de Lima, 45 anos. Segundo informações da polícia, o suspeito ainda teria mandado uma mensagem para um amigo pelo WhatsApp, confessando o crime. “Matei Lúcia e vou me matar”.
“O aumento chegou a 5,8%, comparando com o mesmo período de 2018, quando foram registrados 34 casos ”
Outro crime recente foi de um homem preso na última terça-feira (19) no município de Torixoréu (577 km de Cuiabá), após confessar o assassinato da esposa, Soraia Parreira de Monteiro, 43 anos. O suspeito Claudecy Nunes, teria ido até a delegacia junto com um dos filhos da vítima para registrar um Boletim de Ocorrência notificando o desaparecimento. Após a polícia realizar diversos questionamentos ao suspeito, ele se sentiu pressionado e acabou confessando a autoria do crime, indicando onde o corpo da vítima foi enterrado.
De acordo com o levantamento feito pela CEAC e Sesp, a cada seis dias uma mulher é vítima de feminicídio no estado. Por dia, 55 mulheres são ameaçadas e 27 sofrem lesões corporais.
Dentre as motivações do crime, o passional continua liderando com 40%. Em seguida, estão os casos que ainda estão sendo apurados, com 27%, seguidos por envolvimento com drogas, 14%, rixa e vingança 7%, pedofilia 2% e por último, ambição, com 1%.
“Estes números comprovam que boa parte dos crimes estão acontecendo em âmbito familiar. Precisamos de uma mudança de paradigmas e cultural. Precisamos de campanhas educativas, de educação nas escolas e nas famílias para reverter estes dados da violência doméstica”, frisa o secretário de Estado de Segurança Pública, Gustavo Garcia.
O levantamento demonstrou ainda que 34% dos feminicídios foram cometidos com utilização de arma de fogo, 29% com arma cortante ou perfurante, 12% por força muscular, 7% com arma contundente, 1% por veneno, e em 17% dos casos foram empregados outros meios.