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CIDADES Quarta-feira, 02 de Outubro de 2019, 18:54 - A | A

Quarta-feira, 02 de Outubro de 2019, 18h:54 - A | A

NA MIRA DA LEI

Jornalista é denunciado por usar perfis falsos para assediar sexualmente colegas em Cuiabá

Rafael Medeiros - O Bom da Notícia

(Foto: Ilustração)

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O jornalista Leonardo Heitor Miranda Araújo, 38 anos, ex-assessor de imprensa da Assembleia Legislativa, foi denunciado nesta última terça-feira (01), por pelo menos 10 mulheres, muitas delas jornalistas, por importunação sexual e perturbação do sosssego. 

 

Algumas, inclusive, com problemas emocionais e até com Síndrome do Pânico, após viverem longos dias de chantagem feita pelo jornalista, como forma de intimida-las.

 

Na maioria das vezes, ele usava perfis falsos para realizar suas abordagens sexuais, comumente pelo WhastApp, com DDD de outros estados, e ainda com nome e fotos de outra pessoa.

 

Nas abordagens, mandava a foto do pênis [exibindo a performance de que seria proprietário de um pênis avantajado de 24 cm]. E quando bloqueado pelas vítimas continuava importunando-as, utilizando outros números

Nas abordagens, mandava a foto do pênis [exibindo a performance de que seria proprietário de um pênis avantajado de 24 cm]. E quando bloqueado pelas vítimas continuava importunando-as, utilizando outros números.

 

Em nota divulgada pela Polícia Civil, foi confirmado que algumas vítimas procuraram a Delegacia Especializada de Defesa da Mulher em Cuiabá para denunciar o profissional. E ainda que as investigações serão iniciadas pela equipe da DEDM Cuiabá. E que para preservar a identidade das vítimas e evitar exposição desnecessária, os nomes foram mantidos em sigilo, assim como, seus depoimentos, ainda consta em trecho da nota divulgada pela polícia.

 

O jornalista chegou a ser indiciado em Vitória e Vila Velha (ambos no Espírito Santo), onde chegou a morar, por utilizar do mesmo “modus operandis” , e já com audiências marcadas para novembro.

 

E realizou a mesma manobra 'doentia' em Brasília, onde também chegou a trabalhar por algum tempo. Um destes perfis usados por ele era de um amigo, que chegou a fazer um desabafo no seu Facebook, atônito, com o absurdo do assessor, quanto a utilização de suas fotos e as características de seu biotipo[o nome será mantido em sigilo como forma de também não o expor], para assediar as mulheres, revelando que era moreno e tinha um corpo musculoso e, claro, 24 cm de pênis.

 

OBDN

 

Uma das vítimas do Espírito Santo, contou em matéria publicada no site Gazeta Online, de Vitória (ES), que passou a receber as mensagens por WhatsApp em meados de 2017. "Ele puxou assunto, com chip de São Paulo e me chamando pelo nome. Ele disse que nos conhecemos em um aplicativo de relacionamento. Percebi que tinha algo estanho porque não tenho esse tipo de aplicativo. Minha intuição dizia que aquele perfil era falso. Mas queria descobrir quem era a pessoa que me chamava pelo nome. Fiz algumas perguntas, mas as respostas eram rasas”, afirmou a mulher na entrevista.

 

“Até que, sem qualquer explicação, ele enviou vídeos e fotos pornográficas. Quanto mais eu o xingava, mais ele enviava”.

 

A mulher conta que bloqueou o número, mas mesmo assim voltou a ser importunada um ano depois. Segundo a Polícia Civil capixaba, era o mesmo jornalista que passou a usar um chip de Brasília.

 

Em Cuiabá, após um artigo publicado em um site da capital, em que uma jornalista revela como teria recebido uma 'cantada rasa' e, assim, teria decidido tornar o assédio em uma análise, por meio de artigo, revelando algumas das citações feitas pelo assessor, muitas outras mulheres que tinham, igualmente, sido assediadas, reconheceram frases comumente utilizadas por ele e, para se certificarem se era a mesma pessoa, acabaram criando um grupo no aplicativo WhastApp. Onde, enfim, após alguns dias trocando informações, souberam se tratar da mesma pessoa. Depois de algumas consultas jurídicas, resolveram quebrar o siêncio, se uniram e fizeram um boletim de ocorrência contra ele.

 

Acuado ou arrependido [difícil saber], já que as informações sobre ele já haviam vazado em vários grupos de jornalistas de Mato Grosso, sobre o assédio realizado em pelo menos, até agora, três Estados, o assessor nesta quarta-feira (2), encaminhou mensagem para algumas das jornalistas que foram importunadas e para outras que o haviam indagado dias antes sobre o assunto.

 

Em trecho da mensagem ele pede perdão pelos atos cometidos, lembrando que teria perdido tudo na sua vida, após a descoberta de suas importunações sexuais. " [...] Perdi tudo... Perdi amigos e amigas, a mulher que amo, minha dignidade, meu nome, enquanto profissional, meu emprego e até mesmo minha casa[...]".

 

Veja a mensagem na íntegra

 

"Errei em ser inconveniente"

 

"Errei diversas vezes... Errei em ser incoveniente, em abordar quem não queria ser abordada e com conversas que não deveriam ter sido sequer iniciadas...

 

Errei também em não me colocar no lugar das pessoas que incomodei... Errei por não imaginar que aquilo não as agradava, tornando-me apenas um incoveniente...

 

Errei ao expôr a mulher que eu amo e por não ter dado a ela o valor que ela merece... Errei porque não fazia o menor sentido eu ter esse tipo de conversas tendo uma mulher maravilhosa como a que ela é: linda, inteligente, hiper profissional e o principal... Ela gostava de mim...

 

Sou cheio de defeitos... Sempre fui... Mas nada que eu tenha vivido em meu passado justifica as abordagens que eu fiz, na minha mente, sem maldade, mas que para muitas tornou-se uma forma de assédio...

 

Não estou aqui para me isentar de culpa... Estou aqui para pedir perdão às pessoas que magoei... Estou aqui para me desculpar com todos que prejudiquei...

 

Peço perdão a todas, principalmente a mulher que eu amo... Perdão aos meus amigos que frustrei, aos colegas de trabalho, que decepcionei, e além de tudo, as mulheres que entenderam que as assediei...

Nem tudo que foi falado sobre mim condiz com a realidade dos fatos, mas quanto a isso, responderei judicialmente... Mas não cabe a mim fazer juízo neste momento... Cabe a mim, agora, continuar o tratamento que iniciei e recomeçar...

 

Perdi tudo... Perdi amigos e amigas, a mulher que amo, minha dignidade, meu nome, enquanto profissional, meu emprego e até mesmo minha casa...

 

O que me resta é pedir perdão a todas essas pessoas...

 

Eu errei..."