O jornalista Leonardo Heitor Miranda Araújo revelou ao que estaria indo ainda nesta quinta-feira (03), à Delegacia Especializada da Defesa da Mulher, para desmentir a acusação de que teria estuprado uma colega de profissão, como consta em um dos 10 boletins de ocorrências registrados contra ele na DEDM, nesta última terça-feira (01), por importunação sexual e perturbação do sosssego.
A decisão de procurar a delegacia, de acordo com o profissional, não seria só para refutar a acusação de estupro, como ainda desmentir a informação de que estaria entrado em contato com algumas das vítimas. E que teria consciência sobre a gravidade de sua situação, sobretudo, do perigo que corre de ser alvo a qualquer momento de uma medida judicial mais austera como até de uma detenção, sob o argumento da justiça 'de proteger a integridade das vítimas'.
E ainda que, por conta das informações veiculadas amplamente nestes últimos dois dias nos veículos de comunicação da capital, sobre a autoria de um suposto estupro, teria decidido, igualmente, colocar sua versão da história para a imprensa. Mesmo que saiba que em todo este processo ele já teria 'não só perdido amigos mas, igualmente, a respeitabilidade profissional'.
“Estou indo à delegacia municiado de várias provas como mensagens, prints e até áudios, como forma de provar minha inocência. Vou provar que mantive relação com esta pessoa[que optou em preservar o nome], mas de forma consensual”
Ressaltanto que, ao se contrapor, judicialmente, sobre o estupro e que teria provas para desmentir a acusação ele, no entanto, não se exime da culpa de ter, sim, importunado algumas colegas de trabalho.
"Estou indo à delegacia municiado de várias provas como mensagens, prints e até áudios, como forma de provar minha inocência. Vou provar que mantive relação com esta pessoa[que optou em preservar o nome], mas de forma consensual".
Exonerado do cargo de assessor de imprensa, no gabinete do deputado Ulysses Moraes (DC), nesta última quarta-feira (02), após ter sido denunciado pelas jornalistas, Leonardo também contestou às mensagens que teriam sido enviadas - de cunho sexual -, por um DDD de Brasília. Revelando que ele teria este número em 2016 e que o teria comprado um ano antes, usando-o para seu trabalho. E que quando surgiram essas denúncias em relação a esse número, já não o usava há dois anos.
Leonardo também reforçou sua posição de se colocar à disposição da Justiça mas, igualmente, provar inocência na questão do estupro, lembrando que teria ido à Delegacia da Mulher, espontaneamente, ao saber das denúncias que estariam pesando contra ele. Informando que hoje, no entanto, retorna à Polícia Judiciária, mas desta vez não só para ter acesso à acusação de estupro, como para provar que a denúncia seria mentirosa. Pontuando que uma amiga em comum[dele e da jornalista que o acusa de estupro] teria lhe dito já algum tempo, que a colega de trabalho queria se vingar dele porque ele[Leonardo] a teria rejeitado.
"No início tentei, inclusive, ajudar profissionalmente esta pessoa. E, sim, tivemos um relacionamento sexual, mas de forma consensual. Aliás, tenho um áudio desta nossa amiga em comum, dizendo sobre a intenção dela em me prejudicar. Também vou mostrar à polícia o vídeo deste suposto estupro que tinha apagado, mas que acabei encontrando-o, armazenado na nuvem. Ele é uma prova cabal da minha inocência".
Leonardo Heitor também desmentiu ter mantido contato com algumas das vítimas, revelando que teria, sim, enviado uma mensagem a vários jornalistas pedindo perdão pelas importunações sexuais e ainda que tinha a consciência do tamanho de seu erro e que sabe que terá que pagar judicialmente por eles. Reiterando que não se exime da culpa, em particular, pelas mensagens de cunho sexual, ainda que classifique as reações das colegas de trabalho, assediadas por ele, superdimensionadas.
Entenda o caso
Leonardo Heitor Miranda Araújo tem 38 anos. Ele foi denunciado na Delegacia Especializada da Defesa da Mulher nesta última terça-feira (01), por pelo menos 10 mulheres, muitas delas jornalistas, por importunação sexual e perturbação do sosssego. O jornalista foi acusado pelas vítimas de usar na maioria das vezes, perfis falsos para realizar suas abordagens sexuais, comumente pelo WhastApp, com DDD de outros estados, e ainda com nome e fotos de outra pessoa.
Nas abordagens, mandava a foto do pênis [exibindo a performance de que seria proprietário de um pênis avantajado de 24 cm]. E quando bloqueado pelas vítimas continuava importunando-as, utilizando outros números.
Em nota divulgada pela Polícia Civil foi confirmado que pelo menos 10 jornalistas teriam procurado a DEDM para denunciar o profissional. E ainda que as investigações já começam a ser realizadas. E que para preservar a identidade das vítimas e evitar exposição desnecessária, os nomes ficaram em sigilo, assim como, seus depoimentos.
O jornalista chegou a ser indiciado em Vitória e Vila Velha (ambos no Espírito Santo), onde chegou a morar, por utilizar deste mesmo expediente e já com audiências marcadas para novembro. Há denúncias que o profissional tenha usado desta mesma manobra com colegas de trabalho em Brasília, onde morou por algum tempo.
Um destes perfis usados por ele era de um amigo, que chegou a fazer um desabafo no seu Facebook, atônito, com o absurdo do assessor, quanto a utilização de suas fotos e as características de seu biotipo[o nome será mantido em sigilo como forma de também não o expor], para assediar as mulheres, revelando que era moreno e tinha um corpo musculoso e, claro, 24 cm de pênis.
Em matéria publicada no site Gazeta Online, de Vitória (ES), uma das vítimas revelou que passou a receber as mensagens por WhatsApp em meados de 2017. "Ele puxou assunto, com chip de São Paulo e me chamando pelo nome. Ele disse que nos conhecemos em um aplicativo de relacionamento. Percebi que tinha algo estanho porque não tenho esse tipo de aplicativo. Minha intuição dizia que aquele perfil era falso. Mas queria descobrir quem era a pessoa que me chamava pelo nome. Fiz algumas perguntas, mas as respostas eram rasas”, afirmou a mulher na entrevista.
A mulher conta que bloqueou o número, mas mesmo assim voltou a ser importunada um ano depois. Segundo a Polícia Civil capixaba, era o mesmo jornalista que passou a usar um chip de Brasília.
Em Cuiabá, após um artigo publicado em um site da capital, em que uma jornalista revela como teria recebido uma 'cantada rasa' e, assim, teria decidido tornar o assédio em uma análise, por meio de artigo, revelando algumas das citações feitas pelo assessor, muitas outras mulheres que tinham, igualmente, sido assediadas, reconheceram frases comumente utilizadas por ele e, para se certificarem se era a mesma pessoa, acabaram criando um grupo no aplicativo WhastApp. Onde, enfim, após alguns dias trocando informações, souberam se tratar da mesma pessoa. Depois de algumas consultas jurídicas, resolveram quebrar o siêncio, se uniram e fizeram um boletim de ocorrência contra ele.
Ao saber das denúncias que estavam sendo feitas contra ele, Leonardo Heitor encaminhou mensagem para várias jornalistas, dentre as quais, aquela que foram importunadas. Em trecho da mensagem ele pede perdão pelos atos cometidos, lembrando que teria perdido tudo na sua vida, após a descoberta de suas importunações sexuais. " [...] Perdi tudo... Perdi amigos e amigas, a mulher que amo, minha dignidade, meu nome, enquanto profissional, meu emprego e até mesmo minha casa[...]".
Veja a mensagem na íntegra
"Errei em ser inconveniente"
"Errei diversas vezes... Errei em ser incoveniente, em abordar quem não queria ser abordada e com conversas que não deveriam ter sido sequer iniciadas...
Errei também em não me colocar no lugar das pessoas que incomodei... Errei por não imaginar que aquilo não as agradava, tornando-me apenas um incoveniente...
Errei ao expôr a mulher que eu amo e por não ter dado a ela o valor que ela merece... Errei porque não fazia o menor sentido eu ter esse tipo de conversas tendo uma mulher maravilhosa como a que ela é: linda, inteligente, hiper profissional e o principal... Ela gostava de mim...
Sou cheio de defeitos... Sempre fui... Mas nada que eu tenha vivido em meu passado justifica as abordagens que eu fiz, na minha mente, sem maldade, mas que para muitas tornou-se uma forma de assédio...
Não estou aqui para me isentar de culpa... Estou aqui para pedir perdão às pessoas que magoei... Estou aqui para me desculpar com todos que prejudiquei...
Peço perdão a todas, principalmente a mulher que eu amo... Perdão aos meus amigos que frustrei, aos colegas de trabalho, que decepcionei, e além de tudo, as mulheres que entenderam que as assediei...
Nem tudo que foi falado sobre mim condiz com a realidade dos fatos, mas quanto a isso, responderei judicialmente... Mas não cabe a mim fazer juízo neste momento... Cabe a mim, agora, continuar o tratamento que iniciei e recomeçar...
Perdi tudo... Perdi amigos e amigas, a mulher que amo, minha dignidade, meu nome, enquanto profissional, meu emprego e até mesmo minha casa...
O que me resta é pedir perdão a todas essas pessoas...
Eu errei..."