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CIDADES Segunda-feira, 03 de Junho de 2019, 17:17 - A | A

Segunda-feira, 03 de Junho de 2019, 17h:17 - A | A

HERANÇA DA COPA DO MUNDO

“O legado que sobrou foi o pior que existe”, diz Okamura sobre setor hoteleiro de MT

Ana Adélia Jácomo

Expoente quando o assunto é Turismo, Jaime Okamura é atualmente o presidente do Conselho das Entidades do Turismo de Mato Grosso. Antes já respondeu pelas pastas do Turimo no governo estadual e municipal.

 

Em entrevista ao site O Bom da Notícia ele fez um balanço do legado que a Copa do Mundo de 2014 trouxe para o Estado, em especial as cidades de Cuiabá e Várzea Grande. Na última semana completou-se 10 anos que a capital foi escolhida como uma das cidades-sedes do Mundial.

 

Para Jaime, apesar de o evento ter sido importante na divulgação de Cuiabá para o mundo, se dependesse dele, não teria trazido o evento. “Não soubemos utilizar a oportunidade. A Copa por si, foi algo excelente, todo mundo queria a Copa, mas a gestão é que foi o problema. A herança que estamos tendo é por conta disso [da corrupção], avaliou ele.

 

Okamura observou que grande parte das cidades que sediaram o evento tiveram problemas com obras superfaturadas e desvios de recursos públicos. A Fifa anunciou em 2009 que Rio de Janeiro, São Paulo, Belo Horizonte, Porto Alegre, Brasília, Curitiba, Salvador, Recife, Natal, Fortaleza, Manaus e Cuiabá seriam as cidades-sedes.

 

Viram facilidades naquele momento. Em quase todas as cidades sedes são investigados casos de superfaturamento. Dos governadores presos e condenados, a maioria é onde foi cidades-sedes da Copa, porque teve muitos recursos liberados. Foi muito dinheiro!

“Viram facilidades naquele momento. Em quase todas as cidades sedes são investigados casos de superfaturamento. Dos governadores presos e condenados, a maioria é onde foi cidades-sedes da Copa, porque teve muitos recursos liberados. Foi muito dinheiro! A Copa em si é grandiosa, mas a forma como foi feita... O legado do que sobrou foi a pior que existe”, disse ele. 

 

ESTRANGULAMENTO DA ECONOMIA 

 

Uma das principais consequências negativas que a Copa do Mundo trouxe se deu pela escolha do VLT como modal de transporte. O veículo até hoje não foi implantado, mas consumiu dos cofres públicos mais de R$ 1 bilhão, e “rasgou” as cidades de Cuiabá e Várzea Grande para colocação dos trilhos.

 

Caso a Justiça decida pela rescisão do contrato, o Estado ainda terá que arcar com o seguro e manutenção das composições, que chegam a um custo estimado em R$ 14 milhões por ano. A cidade de Várzea Grande amarga o pior legado da Copa, mesmo após 10 anos. 

 

Ocorre que a Avenida da Feb ainda permanece com o canteiro em toda sua extensão completamente destruídos, com pontos de obras inacabadas e diversos blocos de concreto que permaneceram abandonadas por conta do VLT.  

 

“Muita gente chegou a falir, como por exemplo, um hotel que foi transformado em um órgão, público, outro colocou à venda todo mobiliário para tentar amenizar o prejuízo. Foi o VLT [que trouxe mais danos], porque interditaram a avenida, reviraram tudo e não finalizaram a obra. Quem vai recuperar o prejuízo dos empresários que foram prejudicados por essas obra? O pessoal da Prainha, da Avenida dos Trabalhadores, da Avenida Feb...”, avaliou Okamura. 

Reprodução

avenida da feb- vlt

Avenida Feb ainda permanece com as obras do VLT paralisadas

 

 

De acordo ele, antes da Copa do Mundo a capital mato-grossense contava com aproximadamente 6 mil leitos de hotéis. Pensando no movimento da Copa e na expectativa de maior procura pelos atrativos de Mato Grosso após o evento, o setor hoteleiro investiu em estrutura e dobrou o número de leitos às vésperas do Mundial, chegando a 17 mil.

 

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