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POLÍTICA Segunda-feira, 17 de Junho de 2019, 13:28 - A | A

Segunda-feira, 17 de Junho de 2019, 13h:28 - A | A

GUERRA NA EDUCAÇÃO

Mendes “dá de ombros” à greve dos professores; 'não é o momento'

Ana Adélia Jácomo

O governador Mauro Mendes (DEM) “deu de ombros” nesta segunda-feira (17) à greve dos profissionais da Educação, que se arrasta há três semanas em Mato Grosso. De acordo com entrevista coletiva, concedida durante evento Nota MT, no Palácio Paiaguás, Mendes disse que o Estado não irá apresentar proposta para conceder reajustes salariais à categoria.

 

Além dos professores, outras duas pastas estaduais sinalizaram pela paralisação. Podem entrar em greve os servidores da Saúde e do Meio Ambiente. Quanto a isso, Mendes declarou que não acredita que os movimentos grevistas irão ajudar o Estado. Pelo contrário, o governador foi enfático ao dizer que, nessas três semanas, a saúde fiscal da máquina pública não melhorou, por isso, os reajustes continuam sendo inviáveis. 

 

“Se eu der o aumento, quem vai pagar é o cidadão. Tudo que o governo faz quem paga é o cidadão. Então se eu aumentar a despesa, terei que cobrar mais impostos. Eu pergunto: vocês estão a fim de pagar mais impostos para que dê mais aumento de salários aos servidores de Mato Grosso?”, disparou o governador. 

A greve vai resolver? Se for, eu sou o primeiro a entrar em greve. Eu mesmo convoco uma greve geral, mas ela vai piorar, diminuir a arrecadação

 

Ele já apresentou um documento apresentando as razões pelas quais o Estado está impedido, legalmente, de conceder o aumento salarial dos profissionais da Educação Pública. No balanço, cita que é essencial o retorno aos limites de gastos com pessoal de acordo com o que estabelece a Lei de Responsabilidade Fiscal, ou seja, 49%. No entanto, o Estado está estourado em 59%. 

 

“Alguma coisa mudou do início da greve? Não demos o aumento porque é ilegal. Isso mudou? Deixamos de estar estourados em 59%? Não. Estamos arrecadando mais do que gastamos? Não. Então o que eu posso fazer? O que podíamos fazer é dialogar, e já dialogamos. Antes da greve, fizemos três reuniões com o sindicato. Eu participei de uma delas e falamos francamente com a verdade. Eu disse que não ia mentir, passar um cheque sem fundos. Então, meus amigos, eu não posso fazer outra coisa a não ser esperar que os professores reconsiderem isso”, disse Mendes. 

 

GREVE PARA INGLÊS VER 

 

Mendes disse que a greve dos profissionais da Educação tem se dissolvido a cada dia. De acordo com ele, mais da metade das escolas do Estado já retornaram às aulas. Na leitura do governador, a categoria, em sua maioria, entende os argumentos do Governo em não conceder os aumentos salariais nesse momento. 

 

Ele relembrou que na última sexta-feira (14), quando foi convocada greve geral no país em retaliação à Reforma da Previdência, a adesão em Mato Grosso foi de apenas 5%. 

 

“Anunciaram uma greve geral mas, pelo menos aqui em Cuiabá, 95% dos trabalhadores atuaram normalmente. A greve vai resolver? Se for, eu sou o primeiro a entrar em greve. Eu mesmo convoco uma greve geral, mas ela vai piorar, diminuir a arrecadação”, afirmou. 

 

O MOVIMENTO 

Então, meus amigos, eu não posso fazer outra coisa a não ser esperar que os professores reconsiderem isso

Os profissionais da educação deflagraram greve geral em 27 de maio para reivindicar cumprimento da Lei 510/2013 que trata sobre aumento salarial, convocação dos aprovados no último concurso público e o pagamento da Revisão Geral Anual (RGA) aos profissionais da categoria. 

 

O Governo do Estado vem cortando o ponto dos servidores públicos que aderiram à greve. Até mesmo professores em tratamento de saúde tiveram seus rendimentos reduzidos. A informação é do presidente do Sindicato dos Trabalhadores no Ensino Público de Mato Grosso (Sintep), Valdeir Pereira.

 

O sindicato ainda anunciou que irá recorrer na Justiça contra a medida aplicada pelo Governo. Além disso, deve ser protocolizada uma denúncia na Organização Internacional do Trabalho (OIT). (Com a colaboração de Rafael Medeiros).