Quinta-feira, 25 de Abril de 2024

POLÍTICA Terça-feira, 16 de Julho de 2019, 18:01 - A | A

Terça-feira, 16 de Julho de 2019, 18h:01 - A | A

SEM PAPAS NA LÍNGUA

Ministro enviou R$ 4,5 mi à UFMT; 'corte de luz é história mal contada'

Ana Adélia Jácomo

O ministro da Educação, Abraham Weintraub, se posicionou no fim da tarde desta terça-feira (16), sobre a crise econômica que causou o corte de energia elétrica na Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), realizada pela concessionária Energisa.

 

Abraham fez um desabafo no Twitter e em um vídeo divulgado pelo deputado federal José Medeiros (Podemos). Em tom de indignação, disse que solicitou o imediato religamento da energia elétrica na unidade de ensino e deixou clara sua impressão de que o corte foi ocasionado pela falta de competência dos gestores da universidade.

 

“Irei tomar todas as medidas cabíveis para a responsabilização dos envolvidos pela má gestão na UFMT. Os quatro campi sem luz por falta de gestão da própria instituição? Isso não dá! Já solicitei que a luz seja religada imediatamente”, disse ele na rede social.

 

No vídeo, o ministro foi ainda mais enfático e afirmou que na última sexta-feira (12), o Ministério da Educação (MEC) destinou à UFMT o montante de R$ 4,5 milhões, justamente para que parte do dinheiro, algo em torno de R$ 1,8 milhão, fosse utilizado para quitar os débitos com a Energisa. 

 

Irritado, o ministro disse que a reitora Myrian Thereza Serra esteve em Brasília para receber os recursos federais, e que solicitou que ele fosse informado das negociações com a empresa de energia elétrica, no entanto, ele afirma que isso não ocorreu. Abraham acusou a reitora de não dar satisfações ao ministério, a qual é ligada. 

 

“A reitora teve três anos e tem mais um ano de mandato. Parece que é uma dívida de um ano e meio. A gente chamou a reitora semana passada, porque a gente descobriu, ela não nos comunicou que tinha uma dívida grande com essa empresa de luz. Soltamos na sexta-feira R$ 4,5 milhões, e está documentado, para quitar a conta de luz, e pedi pra ela, reiterei que me procurasse, caso tivesse qualquer problema. Tudo certo! Mas hoje fui comunicado, não por ela, que faltou luz. Agora, o MEC está entrando com as medidas legais para que a luz seja religada. Estamos verificando o motivo de ter cortado, se não foi pago e etc. Isso é gestão. Simplesmente, a universidade tem autonomia, que não deveria ser confundida com soberania e fica essa situação mal explicada”, disparou o ministro. 

 

VEJA O VÍDEO ONDE MINISTRO ACUSA UFMT DE NÃO GERIR BEM OS RECURSOS FEDERAIS:

O OUTRO LADO

 

Por meio de nota, a UFMT contou uma história bem diferente da relatada pelo ministro. Segundo o documento postado no site oficial da instituição de ensino superior, o montante que o MEC enviou só foi liberado após pedidos da UFMT, que ocorreram depois do corte da energia. 

 

Confira a nota na íntegra: 

 

“A Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) foi surpreendida, hoje pela manhã, com o corte simultâneo de energia elétrica em todos os cinco Câmpus do Estado (Cuiabá, Várzea Grande, Araguaia, Rondonópolis e Sinop), além da Base de Pesquisa do Pantanal. Logo após o corte, a Universidade entrou em contato com o Ministério da Educação (MEC), solicitando a liberação de recursos financeiros necessários para o pagamento da fatura de energia. Durante todo o dia, a comunidade universitária uniu esforços e permaneceu mobilizada para minimizar os efeitos do corte de energia elétrica. Após a liberação do repasse pelo MEC, imediatamente a UFMT dirigiu-se à Energisa para demonstrar o pagamento da fatura pendente no valor de aproximadamente R$ 1,8 milhão. A Energisa comprometeu-se a efetuar a religação da energia elétrica, o que ocorreu no final desta tarde. A UFMT agradece a comunidade acadêmica na busca pelo ensino, pesquisa e extensão gratuitos e de qualidade”.   

 

A reitora tem afirmado sistematicamente que o bloqueio, na ordem de R$ 34 milhões do orçamento anual, impactaria diretamente no funcionamento da UFMT. O temor é de que o corte de energia fosse consequência do bloqueio de recursos anunciado pelo Governo Federal recentemente.  

 

O presidente Jair Bolsonaro (PSL) determinou o contingenciamento de 30% dos repasses para a Educação. Segundo Myriam, a UFMT enfrenta dificuldades para pagar luz, água e outros custeios básicos. Sem o corte, a UFMT previa um orçamento anual de R$ 1 bilhão.     

VÍDEO