Quinta-feira, 25 de Abril de 2024

POLÍTICA Quinta-feira, 28 de Março de 2019, 16:14 - A | A

Quinta-feira, 28 de Março de 2019, 16h:14 - A | A

ACUSADA DE CAIXA DOIS

Senadora por MT pode ter mandato cassado em julgamento na próxima semana

Ana Adélia Jácomo/ O Bom da Notícia

O Tribunal Regional Eleitoral de Mato Grosso (TRE-MT) julga na próxima terça-feira (02) o processo que apura denúncia de caixa dois contra a senadora por Mato Grosso, Selma Arruda (PSL). A intimação foi publicada nesta quinta-feira (28).

 

O Ministério Público Eleitoral (MPE) a acusa de abuso de poder econômico e gastos de campanha fora do período eleitoral. Ela é alvo de três ações na Justiça Eleitoral, sendo duas delas movidas pelo ex-vice governador Carlos Fávaro (PSD) e pelo advogado Sebastião Carlos (Rede), ambos concorreram ao Senado na última eleição em 2018.  

 

As provas e argumentos apresentados pelos adversários dela no pleito têm como base principal ação de cobrança ingressada pelo empresário Luiz Gonzaga Rodrigues Júnior, mais conhecido como Júnior Brasa. Ele diz, na ação, ter recebido R$ 1.030 milhão, mas que ainda restou uma dívida de R$ 1.160.731,82, incluindo uma multa por rescisão de contrato feito entre a empresa dele, a Genius At Work Produções Cinematográficas Ltda., durante a campanha da candidata. 

 

O empresário anexou à ação cópias de cheques pessoais da candidata nominais à empresa dele, após a contratação em abril deste ano para prestação de serviços de propaganda, marketing e publicidade eleitoral para a candidatura ao Senado, entre abril e agosto, pelo valor R$ 1,8 milhão. Pela segunda etapa do serviço, de agosto a outubro, foram cobrados R$ 900 mil. 

 

A senadora afirmou recentemente ao 'O Bom da Notícia' que acredita ser vítima de uma possível conspiração. A ‘vingança’, segundo ela, seria encabeçada por políticos que precisam resgatar o foro privilegiado, outros que atualmente estão fora do poder e  amargam a invisibilidade, e ainda pessoas que foram julgadas por ela em ações ligadas a desvios de dinheiro público, enquanto comandava a 7ª Vara Criminal de Cuiabá. 

 

“Tem como fazer caixa dois com cheque seu, da tua conta, cruzado, assinado? Caixa dois é a história da malinha cheia de dinheiro, que você paga por fora, que não tem lastro. No meu caso, eu fiz gastos antes da campanha, o que não é proibido. O que eles contabilizaram como caixa dois é uma montagem, é uma armação”.  

 

“É uma ação longa, complicada, que começou depois de uma extorsão que eu não aceitei, que foi a distribuição de uma ação monitória a respeito de um contrato com uma agência de publicidade. Só que aquele contrato, as datas, não correspondem com nada do que efetivamente foi combinado. Na época, nem havia contrato na verdade. Se prestava um serviço e eu pagava esse serviço. Era assim”. 

 

VAGA NO SENADO

 

Caso seja cassada, haverá nova eleição para ocupar a cadeira em Brasília. Assim, a ação pode trazer ao pleito dois ex-governador de Mato Grosso: Pedro Taques (PSDB) e Blairo Maggi (PR), mesmo que ambos também sejam alvos de investigações.  

 

Taques é citado em quatro delações premiadas e responde a um inquérito no Superior Tribunal de Justiça. Nas delações, é acusado de ter recebido dinheiro de caixa dois de empresários envolvidos em um esquema de corrupção na Secretaria Estadual de Educação (Seduc) desarticulado pela Operação Rêmora.    

 

O ex-governador ainda é alvo de investigação pela chamada “grampolândia pantaneira”, escândalo relacionado a milhares de gravações clandestinas de adversários políticos e jornalistas que levou ex-secretários, inclusive um primo dele, à cadeia.  O inquérito subiu para o STJ a pedido do próprio tucano. Taques nega todas as acusações. 

 

Blairo, por sua vez, aparece como investigado na Operação Lava Jato e na Ararath. Já o ex-ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Blairo Maggi (PP) respoonde no Supremo Tribunal Federal. Maggi é acusado de corrupção passiva por supostamente ter participado de um esquema de compra de vaga no Tribunal de Contas do Estado, em 2010, quando ainda era governador de Mato Grosso, para beneficiar o conselheiro afastado Sérgio Ricardo, que na época era deputado estadual. 

 

“É meio sórdido as pessoas quererem algo que tem dono, que tem nome e sobrenome. Até me recuso a acreditar que um ex-governador e um ex-ministro estejam aventando essas possibilidades. Eu acho que o termo correto pra isso é baixaria”.   

 

“Essas pessoas que estão especulando sobre isso, elas esqueceram que existem graus de recursos. Portanto, se estão querendo tomar meu lugar, continuem querendo por um bom tempo, porque caso isso aconteça, eu vou recorrer”, acrescentou a senadora em recentes declarações na imprensa.