O tema da redação do Enem 2025, “Perspectivas acerca do envelhecimento na sociedade brasileira”, foi uma escolha necessária. Ao propor uma reflexão sobre o envelhecer no Brasil, o exame convidou milhões de jovens a pensarem sobre o futuro de um país que está mudando rapidamente. No entanto, o que o Enem trouxe como tema de redação, a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito do INSS tem mostrado, na prática, como um grave problema nacional. O Brasil envelhece em ritmo acelerado.
Segundo o IBGE, dentro de poucos anos, haverá mais idosos do que crianças no país. Isso exigirá políticas públicas sérias e eficientes para garantir dignidade, saúde, segurança e amparo a essa população. Mas, antes de olhar para o futuro, precisamos corrigir o presente. É justamente aí que entra o papel da CPMI do INSS, que tenho a honra de presidir e relatar no Congresso Nacional.
A CPMI tem revelado um cenário alarmante. Por trás das longas filas, dos atrasos nos benefícios e do sofrimento de quem espera meses para receber o que é seu por direito, há um sistema corroído por fraudes, má gestão e corrupção. O que encontramos até aqui não são apenas falhas administrativas, mas práticas que desviam recursos e comprometem a credibilidade de uma das instituições mais importantes do país.
Esses desvios não são números frios em relatórios. São histórias reais de brasileiros que trabalharam uma vida inteira e agora enfrentam a humilhação de depender de um benefício que nunca chega. São idosos que sofrem com a ineficiência do sistema, com a falta de controle e com o descaso que transformou a Previdência em um labirinto de burocracia e injustiça.
A CPMI tem um propósito claro: devolver ao INSS a confiança que ele perdeu. Isso significa investigar com rigor, responsabilizar quem usou a estrutura pública para fins ilícitos e propor soluções que garantam segurança e transparência ao cidadão. O que está em jogo não é apenas a gestão de um órgão, mas a proteção de milhões de aposentados e pensionistas que sustentam suas famílias com o pouco que recebem.
Quando o sistema falha, é o idoso quem paga a conta. Paga com a espera, com o cansaço, com o medo de não conseguir sobreviver até que o benefício seja liberado. O Estado não pode virar as costas para quem construiu este país com trabalho e dedicação. Cuidar dos nossos idosos não é um favor, é uma obrigação moral.
O Enem e a CPMI se encontram na mesma reflexão: como o Brasil vai cuidar de seus idosos se não for capaz de garantir um sistema previdenciário justo, honesto e eficiente? A defesa dos direitos da pessoa idosa começa no combate à corrupção, no respeito aos recursos públicos e na eficiência da máquina estatal. Um país que abandona seus idosos é um país que renuncia à sua própria história.
É preciso romper o ciclo da impunidade e transformar o INSS em um símbolo de respeito e segurança para quem dedicou a vida ao trabalho. Esse é o compromisso que temos assumido no Parlamento. A cada depoimento, a cada documento analisado, a CPMI avança para que a Previdência volte a servir a quem realmente precisa.
O envelhecimento da população é um desafio inevitável, mas também pode ser uma oportunidade. Com planejamento, gestão e honestidade, podemos transformar o Brasil em um país que valoriza a experiência, protege a fragilidade e reconhece o papel fundamental dos idosos na construção da nossa sociedade.
Cuidar de quem já cuidou de nós é, acima de tudo, um ato de justiça e gratidão. É também o maior sinal de que o Brasil quer, de fato, amadurecer como nação.
*Coronel Fernanda é deputada federal por Mato Grosso.


