Segunda-feira, 14 de Outubro de 2024

ARTIGOS Segunda-feira, 30 de Setembro de 2024, 10:51 - A | A

Segunda-feira, 30 de Setembro de 2024, 10h:51 - A | A

Glaucia Anne Kelly Rodrigues do Amaral

Cuiabá Cidade Cinza

A música diz verde. A vida tem mostrado cinza. A culpa é de quem? E o que fazer? 

Faltando poucos dias para eleição municipal é perceptível o quão pouco se fala, na cidade mais quente do país, sobre Reflorestamento Urbano e cuidado com as nascentes? 

Você já pesquisou o que cada candidato a prefeito propõe e o que seu amigo, candidato a vereador a quem você, leitor, prometeu o voto, se comprometeu a fazer para mudar a realidade de Cuiabá neste quesito? 

Sabemos que o aumento da temperatura é algo global. Mas também sabemos que cidades arborizadas reduzem a temperatura em muitos graus. 

Neste ponto, recordo-me da frase de John Lennon: “Pense globalmente, aja localmente”. O problema é de todos, mas o que podemos fazer aqui, em Cuiabá? Não seríamos nós, cuiabanos e cuiabanas, os maiores interessados em nossa própria qualidade de vida?

A aridez que vemos em avenidas (todo mundo só lembra da Avenida do CPA, mas temos muitas ruas e avenidas nas quais não tem uma mísera árvore na calçada) é atribuição da gestão municipal. Da atual, das anteriores e será das que virão. Portanto, tão próximo da eleição, é bom pensar no voto vinculado à um projeto sério de Reflorestamento Urbano. 

Uma pesquisa de 2017, publicada na Revista Transite, foi citada no periódico Saúde Com Ciência da Faculdade de Medicina da UFMG, mostrando que o IDHM (Índice de Desenvolvimento Humano e Municipal) das cidades mais  arborizadas é maior. Inclusive, os bairros com maior vegetação, tem maior IDH. 

A arborização urbana oferece Melhoria da qualidade do ar, nessa época de queimadas, é fundamental. As árvores ajudam a filtrar o ar, removem poluentes como o dióxido de carbono, o monóxido de carbono e os óxidos de nitrogênio. Tudo o que respiramos sob esse céu cinza. 

As árvores reduzem a poluição sonora, pois o barulho se propaga menos, além de aumentarem a fauna nas cidadevs. Ou seja, os passarinhos retornam. 

Além disso, árvores reduzem os impactos das chuvas e propriciamretenção hídrica, de modo que a água não simplesmente evapore, deixando tudo seco e árido.

As árvores propiciam sombra e reduzem a temperatura. Pode parecer óbvio, e talvez pouco. Mas o efeito do reflorestamento urbano é que as pessoas passam a caminhar mais a pé, em pequenas distâncias, praticar mais exercícios e desafogar o trânsito. 

Mas também Para a Saúde da população são fundamentais. A arborização tem efeitos comprovados pois reduz o stresse as Doenças que aumentam devido ao calor e à pouca umidade do ar: pressão alta, infartos e doenças respiratórias. 

Quer dizer: além de sentir calor, a municipalidade tem gastos aumentados com saúde pública, com trânsito, com equipamento de saneamento urbano, por falta de árvores nas calçadas, avenidas e quintais. 

Então, repito: o que seu candidato q prefeito está propondo? Ou vamos chegar daqui a quatro anos com mais uns graus de calor?  

No PLANO CLIMA participativo, do Governo Federal, uma das propostas é o reflorestamento massivo nas ruas das cidades de maneira que as ruas se tornem um mosaico verde pelo encontro das copas das árvores, se visto de cima.

Se o mínimo de arborização que uma cidade precisa é 30% do solo, para quem vive em Cuiabá, a meta deveria ser pelo menos 40% acima. Senão, o dobro do índice mínimo.  E existem cidades pelo mundo que conseguiram fazer essa transformação, aumentando a qualidade do ar e de vida. 

É impossível dizer que a modificação tão drástica das características de uma cidade, cujo apelido era cidade verde, não tenha tido a colaboração dos que vivem nela: a empresa de energia que corta galhos ao invés de resolver o problema dos fios. O cidadão que diz que árvore é sujeira. Mas é hora de mudança. E, é hora de votar pensando nisso, para voltar a ser a Cidade Verde.  

Glaucia Anne Kelly Rodrigues do Amaral é Procuradora do Estado de Mato Grosso, advogada, e foi vice-presidente da Comissão Especial do Pantanal da OABMT