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BRASIL & MUNDO Sábado, 15 de Dezembro de 2018, 09:45 - A | A

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EDUCAÇÃO

12 estados e o DF já aprovaram currículo de referência para escolas do infantil e fundamental

G1

Exatamente um ano após a aprovação da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) dos ensinos infantil e fundamental, pelo menos 12 estados e o Distrito Federal já aprovaram seus currículos de referência para escolas dessas duas etapas de ensino. Segundo um levantamento do Ministério da Educação, até a sexta-feira (14) outros sete estados tinham previsão de concluir esse processo até 31 de dezembro.

 

Os documentos foram elaborados a partir da BNCC e serve como referência para que cada escola elabore o seu projeto político-pedagógico, que, segundo Kátia Smole, secretária de Educação Básica do MEC, representa a "materialização" das intenções pedagógicas da base curricular. 

 

Etapas de elaboração do currículo estadual 

 

Após a homologação da BNCC pelo MEC, cada estado criou comissões reunindo os municípios para a elaboração da proposta curricular e, de acordo com Kátia, os redatores foram escolhidos conjuntamente por estados e municípios. O processo ocorreu durante todo o ano, e o primeiro estado que conseguiu aprovar a proposta foi o Paraná, em 22 de novembro. 

 

Nesta semana, segundo o MEC, Espírito Santo, Pernambuco e Minas Gerais concluíram o processo. Cada estado precisa cumprir quatro etapas até a aprovação da proposta curricular: 1. Elaborar um documento preliminar a partir da BNCC, mas incluindo os aspectos do contexto regional 2. Realizar uma consulta pública a respeito do documento preliminar 3. Elaborar uma versão final do documento, sistematizada a partir do resultado da consulta pública, e entregá-la ao Conselho Estadual de Educação (CEE) 4. Aprovar o documento no conselho 

 

Já aprovaram o documento final no CEE:

·         Ceará

·         Distrito Federal

·         Espírito Santo

·         Goiás

·         Mato Grosso

·         Mato Grosso do Sul

·         Minas Gerais

·         Paraíba

·         Paraná

·         Pernambuco

·         Rio Grande do Norte

·         Sergipe

·         Tocantins

 

Já entregaram o documento final ao CEE:

·         Acre

·         Alagoas

·         Amazonas

·         Amapá

·         Bahia

·         Pará

·         Piauí

·         Rio Grande do Sul

·         Rondônia

·         Roraima

 

Estão sistematizando o documento após a consulta pública:

·         Maranhão

·         São Paulo

·         Rio de Janeiro

 

Já elaborou o documento preliminar, mas não terminou a consulta pública: 

·         Santa Catarina

 

Segundo os dados do MEC de outubro desse ano, pessoas de 3.056 municípios brasileiros (ou 55% do total) participaram das consultas públicas sobre o currículo base das escolas. 

 

Currículo estadual x projeto pedagógico 

 

"Os estados e municípios estão fazendo as suas propostas curriculares e seus currículos de referência, e agora as escolas vão ter que produzir, a partir disso, os seus projetos pedagógicos", explicou Kátia em entrevista ao G1.

 

"O projeto pedagógico da escola é que vai dizer tudo: como a escola avalia, como ela organiza as turmas. Então, ela faz com que as grandes intenções pedagógicas e de desenvolvimento integral sejam materializadas para acontecer na escola." 

 

Os projetos pedagógicos já existem nas escolas. A novidade, segundo a secretária, é que agora as gestões escolares terão um documento único nacional como ponto de partida.

 

"O que é que todas as escolas do país vão ter em comum? É que todos os currículos retratam, traduzem as habilidades que estão previstas na base e as dez competências gerais para organizar o ensino e a aprendizagem na escola." - Kátia Smole 

 

Ela estima que, a partir do momento em que os currículos de referência são aprovados, o prazo de adequação dos projetos pedagógicos dure cerca de um semestre. O prazo para a finalização desse processo termina no início de 2020, segundo a resolução do Conselho Nacional de Educação (CNE) que aprovou a BNCC.

 

Kátia Smole, secretária de Educação Básica do MEC, durante o evento Educação 360, na quarta-feira (12) em São Paulo — Foto: Divulgação/Wander Roberto/Inovafoto 

 

Currículos municipais 

 

Kátia afirmou que, como os currículos de referência estaduais já contemplam os contextos regionais, e como cada escola ainda precisa imprimir suas especificidades no projeto pedagógico, os 5.570 municípios não são obrigados a elaborar sua própria proposta curricular, mas podem optar por fazê-lo. 

 

"As regionalidades já foram contempladas na elaboração do regime de colaboração", disse ela. 

 

Na quarta-feira (12), durante o evento Educação 360, em São Paulo, a secretária afirmou que 80% dos municípios aderiram ao "regime de colaboração", que ocorre quando as diferentes redes de ensino (municipal, estadual e federal), que têm autonomia, decidem elaborar o processo por meio de uma parceria colaborativa. 

 

"Não é necessário fazer um currículo para cada município, mas é importante que fique claro que o município que quiser fazer tem essa liberdade, desde que o currículo dele dialogue com o que foi feito com o currículo estadual, que está bastante alinhado com a base." 

 

Próximos passos 

 

A elaboração dos currículos estaduais e adequação dos projetos político-pedagógicos é um dos passos seguintes à aprovação da BNCC. As outras duas mudanças principais são a reforma dos materiais didáticos e a formação dos professores para tirarem os currículos do papel. 

 

"O ano de 2019 é um ano bem importante, porque é o currículo começa a ser traduzido na prática com essas duas ações essenciais: a elaboração dos processos pedagógicos e também a formação continuada dos educadores", explicou Kátia que, na quinta-feira (13), apresentou a jornalistas uma proposta de Base Nacional Comum de Formação de Professores (BNC Formação de Professores). 

 

Entre as ações sugeridas pelo MEC estão instituir uma prova obrigatória para os professores recém-formados poderem atuar em escolas, substituir o estágio obrigatório das licenciaturas por uma residência pedagógica, aumentar a carga horária de atividades práticas nos cursos de formação de professores e reformar a estrutura do curso de pedagogia.