Segunda-feira, 17 de Fevereiro de 2025

CIDADES Domingo, 04 de Fevereiro de 2024, 08:36 - A | A

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CAST DO BOM

‘Cama de Gato conta histórias que se parecem com as trajetórias de várias pessoas’, dizem escritoras

Marisa Batalha/Silvano Costa/O Bom da Notícia

"O livro Cama de Gato foi para mim um processo muito terapêutico. Aliás, acho que foi, igualmente, para Michelle", disse a professora, historiadora e doutoranda Cristina Soares que assina a obra literária junto com a jornalista Michelle Diehl, com poemas de Ariel Von Ocker. 

A declaração foi feita esta semana na roda de conversa com a jornalista Marisa Batalha, que comanda o Cast do Bom e dirige como editora-chefe o site O Bom da Notícia. Ao anteciparem o lançamento da obra literária que acontecerá no dia 22 de fevereiro, no plenário da Assembleia Legislativa de Mato Grosso. 

Ainda no bate-papo, Cristina lembrou que quando surgiu a ideia do livro ela teria dito 'não' a Diehl, após a jornalista lhe propor que escrevessem juntas suas histórias.

"Quando Michelle me disse para que escrevéssemos juntas nossas histórias eu lhe disse não, porque sabia, naquele momento, que ela precisava escrever a sua trajetória. Por isso digo que foi um processo terapêutico para mim e para ela. Eu porque tive a oportunidade de ressignificar suas dores e experiências, ao trabalhar seu texto. E de uma certa forma, igualmente, como artista, me olhar em todo este processo. E ela porque precisava se libertar das dores, em especial, contar sobre o luto do pai e a dificuldade em assumir este luto".

Para as duas escritoras e parceiras na obra e em mostras de arte feitas neste período da construção do livro, quem comprar a história, se verá nela, 'porque é assim uma cama de gato, um emaranhado de emoções, histórias e sensaçoes'. 

"A pessoa que comprar o livro, que vai ler o livro vai encontrar primeiro, ele. Ou seja, vai se encontrar no livro. No emaranhado de experiências que é uma cama de gato. É esse emaranhado de histórias que vão casar com suas próprias histórias, e a de outras pessoas. Porque as experiências contidas no livro cruzam, a um momento, com a minha história, com a sua história, com a história possivelmente daquela pessoa que vai estar lendo o livro. Tenho certeza que quando a pessoa chegar ao final do livro vai dizer: nossa que livro bacana, como me ajudou".

Para ajudar a explicar este emaranhado de dores, experiências e emoções que muitas vezes revelam vidas que nadam contra a correnteza e que, em algum momento, cruzam com as vidas de outros, Michelle Diehl lançou mão da história do salmão, 'uma espécie que, corajosamente, nada contra a correnteza com um objetivo específico em mente: regressar ao local onde nasceu para se reproduzir e manter a sobrevivência da sua prole'.

Ou o polvo com seus vários braços, ao abarcar as diferenças, os vários caminhos que comumente as pessoas percorrem ao longo de suas vidas.

Ao ainda comparar as histórias contidas em 'Cama de Gato' como a planta conhecida como 'Espada de São Jorge' que mesmo em vasos pequenos e com pouca água, insistem em sobreviver e espalhar suas raízes.

"O livro é como se fosse um polvo, ou a planta Espada de São Jorge, que você coloca ali no vaso e ela cresce, cresce até não ter mais espaço. Ainda assim, somente com uma gotinha de água ela dá um jeito e cria mais uma raiz [...] Aliás, somos como os salmões que nadam tempo todo contra a correnteza para sobreviver".

Ao comemorar, ao final, a grandeza do livro - não somente pelas histórias -, mas por unir três pessoas diferentes que, no entanto, se respeitam muito.

"Fizemos algo diferente neste livro porque foi escrito a muitas mãos. Como o Ariel, por exemplo. Ele leu todo o manuscrito e fez um poema para a introdução de cada um dos capítulos do livro. E ficou lindo. Ariel é uma pessoa extremamente especial".

Assim, a obra literária trata de temas com experiências únicas, que resultaram em uma criatividade gigantesca, ao assentar tudo em um emaranhado de histórias. E tudo dentro de uma perspectiva milimetricamente observada por uma hstoriadora e poetisada por um psicanalista.

A cerimônia na Assembleia Legislativa, no próximo dia 22, ainda se lembra Michelle, contará com convidados especiais.

"Vamos ter uma cerimônia com um psicólogo, um psiquiatra, a participação de uma artista que compartilha do mesmo diagnóstico[bipolaridade] e teve esse momento de arte-loucura. Eu lembro muito do Van Gogh. Ele vendeu somente um quadro em vida e colocou sua dor nas telas".

Além de suas contribuições literárias, as autoras possuem um vasto histórico profissional. Cristina Soares é reconhecida por sua atuação no projeto Itan Literário, voltado à literatura negra, e no canal Web Kizomba TV, dedicado a questões étnico-raciais. Michelle Diehl por sua participação em diversos programas televisivos e exposições de arte. E Ariel Von Ocker que atua como professora na Universidade Federal de Mato Grosso e coordena o projeto Ikebana Cultural.

Veja entrevista na íntegra