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CIDADES Quinta-feira, 01 de Abril de 2021, 13:38 - A | A

Quinta-feira, 01 de Abril de 2021, 13h:38 - A | A

PAI EM ESTADO GRAVE

Indignada, filha denuncia hospital particular por cobrança abusiva de R$ 110 mil por leito de UTI

O Bom da Notícia

Em busca de uma vaga de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) para o pai com covid-19, Alexandra Aparecida Andrade procurou em vários hospitais da região um leito, mas devido ao aumento dos casos, não obteve exito.

Segundo informações, a filha chegou a encontrar um espaço em uma unidade de saúde de Alta Floresta (803 km ao Norte), mas a diária é de R$ 20 mil, quase 3 vezes mais que os outros. O “pacote” para garantir atendimento ao paciente custa R$ 110 mil.

Indignada com a situação e com o valor abusivo, ela procurou a impresa para denunciar o hospital que cobra R$ 10 mil somente para “reservar” a vaga de UTI. Em seu relato, o hospital Santa Rita oferece 5 diárias para atendimento, que somam R$ 100 mil. O valor não é negociável e deve ser transferido para a conta da empresa no ato na internação.

Em negociação com o hospital, Alexandra ofereceu depositar R$ 30 mil como um calção até acionar a Justiça ou conseguir o resto, mas sem negociação. A filha chegou a procurar os hospitais de Colíder, Sorriso e Sinop, que cobram  entre R$ 7 mil a R$ 8 mil a diária, mas não achou leito 

Na segunda-feira (29), o pai de Alexandra foi diagnosticado com o novo coronavírus e internado em uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Colíder (650 km ao Norte). Ele foi intubado na UPA porque não havia vaga no hospital regional da cidade. Mas com o quadro se agravando, ele foi removido para enfermaria do regional, assim que um paciente internado no local melhorou e trocou de lugar com ele na Upa.

“O estado dele é grave. A saturação está em 80% e os pulmões comprometidos. Procurei vaga em todos os hospitais da região e até em Manaus”, informou.

Durante a denúncia, ela encaminhou áudio de uma funcionária do hospital narrando que “R$ 10 mil é pela reserva do leito. Não temos como segurar o leito até o paciente chegar. Daí a gente cobra esse valor. R$ 10 mil a gente pede um sinal para toda a logística do leito, os medicamentos que ele vai precisar. Esse R$ 100 mil fica como saldo que vai debitando todos os dias. É R$ 20 mil por dia, que inclui material, medicação, horário médico, hemodiálise, fisioterapia, nutricionista, oxigênio. Tudo que for preciso para o tratamento dele”. Exames laboratoriais, de imagem e traqueostomia não são inclusos no valor.

A atendente informa ainda que, após 5 dias, o valor de R$ 100 mil é cobrado novamente como debito diariamente e, caso a pessoa não tenha dinheiro para os outros dias, fica o débito pendente e o assunto é tratado com o jurídico do hospital. Mudando o tom, a funcionária destaca que a familia tem que se organizar e pagar e que tem 4 pacientes na fila de leitos, mas quem pagar primeiro fica com o leito. 

Segundo informações da funcionária, o alto valor se justifica devido a dificuldade de logística de medicação ao interior e manutenção de profissionais. 

Após a informação, Alexandra acionou a Defensoria Pública, mas ainda não teve a decisão judicial para que o Estado arque com a internação do idoso.

Por meio de nota, a Secretaria de Estado de Saúde (SES) informou que cumpre as decisões judiciais, mas não tem controle sobre os preços cobrados pelas unidades de saúde. Já o Sindicato dos Estabelecimentos de Serviços de Saúde do Estado de Mato Grosso (Sindessmat) informou que cada unidade determina valores de acordo com seu custo.