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CIDADES Quinta-feira, 30 de Abril de 2020, 16:25 - A | A

Quinta-feira, 30 de Abril de 2020, 16h:25 - A | A

CASO RODRIGO CLARO

Mesmo acusada de torturar e matar aluno em curso, Ledur ganha promoção

Marcondes Silva

A tenente do Corpo de Bombeiros, Izadora Ledur de Souza Dechamps, acusada da morte do aluno Rodrigo Patrício Lima Claro, de 21 anos, figura na lista de oficiais que serão promovidos no primeiro semestre deste ano. Caso seja promovida, Izadora se tornará capitã do Corpo de Bombeiros de Mato Grosso.

O Bom da Notícia entrou em contato com a Corregedoria do Corpo de Bombeiros, mas ainda não obteve retorno. Assim que houver resposta, esta será incluída na reportagem.

Na Portaria nº 150/BM-1/2020, assinada pelo comandante-geral do Corpo de Bombeiros, coronel Alessandro Borges Ferreira, nesta sexta-feira (30), constam os nomes de 26 oficiais que devem comparecer na próxima segunda-feira (4) na diretoria de saúde/ ambulatório central da Polícia Militar de Mato Grosso para realização de inspeção de saúde, fator obrigatório para a ascensão hierárquica na carreira militar. Entre os nomes está o de Izadora Ledur.

A tenente voltou a trabalhar em janeiro de 2019, após apresentar atestados médicos de forma contínua durante quase dois anos, desde a morte do aluno Rodrigo Claro.

Em junho de 2017, o nome de Izadora Ledur também foi incluído na lista de oficiais que seriam promovidos, mas foi retirado em seguida porque ela responde a processo interno. O nome havia sido incluído na relação porque Izadora atende ao critério inicial para promoção, tempo de serviço.

A tenente responde criminalmente pela morte do aluno e foi monitorada por tornozeleira eletrônica por três meses. Em outubro de 2017, ela conseguiu na Justiça o direito de suspender o monitoramento eletrônico, com a retirada do equipamento.

A ação que tramita na Justiça, de autoria do Ministério Público Estadual (MPE), tem a tenente como ré pelo crime de tortura. Além dela, outros cinco militares dos bombeiros foram denunciados.

Durante o período afastada, Ledur tentou por duas vezes ser promovida para capitã, o que foi negado pela corporação.

O caso

O aluno morreu no dia 15 de novembro de 2016 após participar de treinamento e atividades aquáticas, pelo 16º Curso de Formação de Soldado Bombeiro de Mato Grosso.  

Segundo denúncia do Ministério Público, a vítima foi submetida, por várias vezes a sessões de afogamento durante a travessia na lagoa, sob o comando da tenente Ledur, o que resultou na sua morte.   

Ledur responde também processo criminal, por tortura, resultando em morte, na Justiça Militar. Faltam serem ouvidas as últimas testemunhas e Ledur. A tenente ficou mais de 700 dias de licença médica após a morte do aluno. Voltou recentemente para a corporação e tenta a promoção para capitã.