Jornalistas e radialistas esportivos de todo o Brasil comemoram hoje, 08 de dezembro, o Dia do Cronista Esportivo. Uma homenagem justa a uma classe de abnegados, que chova, faça sol, seja dia, noite ou até de madrugada, estão sempre prontos para atender os anseios dos fãs do todas as modalidades esportivas.
Em especial, aqueles que dão cobertura diária a maior paixão brasileira, o futebol. Se somarmos o número de ouvintes, telespectadores ou leitores que acompanham toda semana jogos e competições dentro e fora de nosso País, chegaríamos a números incríveis.
Milhares ou milhões de brasileiros fazem questão de acompanhar pelo rádio ou tv (e hoje até pela internet) os jogos dos principais campeonatos de futebol brasileiro e de muitos outros disputados em estádios do Exterior.
O torcedor de futebol é tão fanático que liga seu radinho ou aparelho de tv bem antes do jogo, acompanha com interesse todos os detalhes e depois curte a transmissão do jogo de seu time como se estivesse no estádio. Encerrada a partida, faz ainda questão de acompanhar o trabalho de vestiários e as famosas Mesas Redondas de nossas emissoras de TV.
No dia seguinte, também ouvem ou leem tudo o que a imprensa especializada fala sobre o jogo que acompanhou no dia anterior e ainda dá uma olhada nas páginas esportivas dos jornais ou de seu site preferido na internet (caso do FI).
Certamente por isso, o Brasil é chamado há muito tempo de "Pais do Futebol" e existam tantos programas esportivos em rádio, tv e páginas inteiras de esportes (onde o futebol é obrigatório) em nossos principais jornais e sites esportivos da internet. Isso sem nos esquecermos dos vários canais especializados em esporte em nosso País e nas transmissões diárias de competições esportivas que mesmo em tv paga costuma dar aos canais especializados enorme audiência e um número enorme de grandes patrocinadores.
Ser cronista esportivo tem seu lado bom mas também tem seu lado que pode ser considerado negativo. Com treinos e jogos durante quase todos os dias da semana, o repórter esportivo costuma comparecer aos clubes diariamente para fazer seu trabalho.
No dia do jogo, por exemplo, ele fica no mesmo local onde se hospeda o clube do qual é setorista. Dali faz boletins seguidos sobre a atividade de jogadores e comissão técnica do treinador. Em decisões, o repórter ainda acompanha o ônibus do clube até o estádio e narra tudo o que está acontecendo.
Paralelamente, o locutor que abre a jornada esportiva, começa seu trabalho algumas horas antes (dependendo da importância do jogo!) e aciona toda a equipe esportiva da emissora. Cada qual dá sua informação ou faz sua reportagem com personagens do jogo.
O comentarista dá seus pitacos e aborda ângulos diferentes do jogo até dar sua pincelada final antes da partida começar Há também a turma do plantão esportivo, que fica atenta a todas as informações que envolvem a partida, fala sobre números do campeonato e também dá informações sobre os outros jogos da rodada (se houver).
Já as equipes de tv começam esse trabalho mais tarde, porque a televisão não costuma ficar tanto tempo no ar na cobertura antecipada de um jogo. Exceto nas finais, uma transmissão começa quinze minutos antes da partida (no caso de uma emissora como a Globo) ou uma hora antes (no caso das emissoras fechadas que tem o objetivo exatamente de cobrir essas partidas em todos os seus ângulos e detalhes).
O repórter de jornal, que também pode ser aquele que vai comentar o jogo, pode se dar ao luxo de chegar um pouco mais tarde, ou mais próximo o início da partida. Hoje, com celulares e note books, esses profissionais já antecipam muita informação para sua retaguarda que procura deixar esse material pronto para a impressão definitiva que virá a seguir.
Há ainda as viagens nacionais e internacionais que fazem parte da vida do cronista. Graças a elas, o jornalista ou radialista esportivo conhece boa parte das capitais do País e muitas das mais importantes cidades brasileiras.
A emissora ou o jornal para o qual trabalha lhe paga uma diária nestas viagens Reserva hotel e lhe dá verba extra para contratar um táxi ou um Uber para leva-lo onde quiser. Também paga suas refeições. Se essa mordomia toda agrada a maioria, há o outro lado da medalha. Um narrador, comentarista ou repórter de rádio ou tv quase não tem finais de semana porque os principais jogos são sempre nos sábados ou domingos.
Em razão disso o profissional quase nunca convive com sua família, em especial, nos finais de semana. E quando vai cobrir uma competição internacional, fica as vezes algumas semanas fora, como ocorre numa Copa do Mundo (quando pode ficar até 50 dias fora do Brasil).
Isso ocorre geralmente com os repórteres que acompanham o time ou a seleção. O narrador e o comentarista, ao contrário, pode chegar a cidade onde será o jogo mais tarde. Ainda assim, a profissão é bem desgastante.
Mas para quem gosta do que faz e, em especial, gosta mesmo de futebol, esse tipo de trabalho é compensador. Você tem a chance de conhecer os melhores técnicos, jogadores, médicos, preparadores físicos. Do clube ou seleção que você cobre e dos adversários.
E também vale à pena lembrar, que nessas viagens, é a hora de conhecer mais de perto os profissionais dos outros órgãos de imprensa que estão cobrindo o mesmo evento. Esse convívio é muito agradável e quase sempre aumenta seu rol de amigos.
Hoje em dia a cobertura de um evento esportivo é muito mais fácil de ser feito do que no passado. Trinta anos atrás, por exemplo, o material de jornal era enviado via telex (que muitos de nossos leitores nem conheceram).
As vezes demorava duas, três quatro horas para picotar a fita do telex e depois pedir ao funcionário do correio para mandar todo seu material pela máquina do telex. No caso daqueles que trabalhavam em rádio e tv, a única alternativa era o telefone fixo ou o orelhão. Naquele tempo não havia celular e não era fácil conseguir um telefone para falar com nossa central.
Além disso, o som era da pior qualidade e as vezes a central técnica de sua emissora precisava fazer uma triagem para separar o que dava para aproveitar ou não. Depois do telex, utilizado pelos repórteres da imprensa escrita, veio o fax.
Já facilitou bastante Era só escrever numa folha de papel sulfite com máquina de escrever e passar a cópia pela máquina do fax. Mas essa novidade durou pouco. Surgiu logo depois o notebook, ou o computador portátil. A partir daí ficou tudo muito facilitado. Bastava colocar o notebook sobre uma bancada especialmente armada pelos organizadores e digitar o material.
Alguns jornalistas até passavam os lances de cada jogo com a partida em andamento. Já os radialistas com o surgimento dos celulares, tiveram seu trabalho muito facilitado. Por exemplo: uma chegada da delegação de futebol brasileiro em Paris.
Bastava ligar o celular e sair entrevistando jogadores e integrantes da comissão técnica ao vivo direto do local onde estavam desembarcando. Muito fácil. Fácil também para os repórteres de tv que ligavam o celular e faziam seu trabalho com som e imagem, sem nenhum problema. Mas a cada ano que passa, toda essa tecnologia que facilita o trabalho da imprensa esportiva evolui. Com ela, vai ficar tudo ainda mais fácil e aproximará ainda mais repórteres e entrevistados com os torcedores que gostam de acompanhar esse trabalho
Bem, é isso que queria lhes passar. Procurei lhes dar uma ideia de como o cronista esportiva trabalhava ano passado e trabalha. hoje Quais são suas dificuldades e como elas são resolvidas. Para trabalhar nessa área é fundamental ter talento e preparo.
Não só para falar mas também para escrever. O narrador precisa ter voz limpa, clara. Bom improviso e vasto vocabulário para acompanhar o jogo e passar o máximo de emoção aos seus ouvintes O comentarista deve se preparar para ter o máximo de informações sobre os dois times, jogadores, técnicos e árbitros.
Assim ele poderá analisar com profundidade todas as nuances do jogo que vai cobrir; Já o repórter, precisará estar sempre muito bem informado para satisfazer o interesse de seu público. Ele é hoje uma peça fundamental nas transmissões.
Mesmo porque vem sendo rotina narrador e comentarista ficar no estúdio e só o repórter no estádio. Qualquer novidade no jogo, será a ele que seus companheiros vão recorrer. É a nova fase do rádio e da televisão. Lamento, porque preferia quando toda a equipe estava no estádio. Mas como são os patrões que mandam, não há o que fazer.