O Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT) decidiu manter, na cidade de Sorriso, o julgamento de Gilberto Rodrigues dos Anjos, acusado de uma chacina que chocou o estado. Ele será julgado por quatro homicídios qualificados e três estupros de vulnerável cometidos em 24 de novembro de 2023. A decisão foi tomada após parecer do Ministério Público do Estado de Mato Grosso (MPMT), que defendeu que o júri ocorra na mesma comarca onde os crimes aconteceram.
A defesa do réu havia pedido o chamado "desaforamento", ou seja, a transferência do julgamento de Sorriso para Cuiabá, alegando risco à segurança de Gilberto e possível parcialidade dos jurados. No entanto, o procurador de Justiça João Augusto Veras Gadelha argumentou que não há justificativas legais para essa mudança e que o caso deve ser julgado na cidade onde os fatos ocorreram.
O Ministério Público ressaltou que a notoriedade do caso não é motivo suficiente para tirar o julgamento da comarca. Segundo o procurador, o fato de o crime ter ganhado repercussão até nacional não compromete, por si só, a imparcialidade dos jurados locais. Ele ainda destacou que a lei só permite o desaforamento em situações excepcionais, quando há provas concretas de risco ou falta de isenção no julgamento.
Outro ponto levantado pela defesa foi a atual custódia do acusado na Penitenciária Central do Estado (PCE), em Cuiabá. A Procuradoria, porém, descartou que essa transferência indique algum tipo de ameaça iminente que justifique a mudança do local de julgamento. O próprio juiz da comarca de Sorriso não se opôs à realização do júri na cidade.
O caso envolve a morte de uma mulher e suas três filhas, com idades entre 10 e 19 anos. Segundo a acusação, Gilberto invadiu a casa da família e cometeu os assassinatos e os abusos sexuais no mesmo dia. Ele está preso desde então e deverá ser julgado por um júri popular, responsável por decidir sua culpa ou inocência.
Com a decisão do TJMT, o julgamento segue mantido em Sorriso, onde a população e os familiares das vítimas aguardam justiça. O Ministério Público reforçou que confia na capacidade do Tribunal do Júri da comarca para conduzir o caso com seriedade e imparcialidade, respeitando as provas reunidas durante a investigação.