Se você foi pré-adolescente ou adolescente nos anos de 1980, com certeza você ouviu e curtiu muita música boa e dançou bastante ao som de um Long Playing Record, ou apenas, LP. E mais, certamente o LP fez parte da lista de desejos de presentes de final de ano, nem que tenha sido de amigo secreto, de um parente próximo e até mesmo da sua lista. Mais: se você viveu essa época, com certeza aguardou ansioso pelo lançamento de muita trilha sonora de novela em LP. Grandes sucessos mundiais das músicas nacionais e internacionais saíram de aparelho de som, de um disco de vinil.
Hoje, os LPs representam nostalgia, acionam a memória afetiva e fazem parte de um entretenimento bastante particular. Se o retrô está em alta, a Prefeitura de Várzea Grande faz questão de entrar nessa tendência e despertar lembranças em quem curtiu os bolachões. No Brasil, entre os anos 60 e a primeira metade dos anos 90, todos os grandes sucessos, aqueles que lideravam as ‘hits parades’, saíram de Long Playing Record.
Os LPs foram para geração X grandes opções de presentes de Natal, de aniversário e de amigo secreto. Hoje, fazem parte de um passado; um passado gostoso, de excelentes recordações e que está vivo e presente. Nessa ‘vibe’ vintage é que surge o primeiro Festival do Vinil de Várzea Grande.
O evento, gratuito, tem como objetivo reunir as famílias, amantes do vinil e colecionadores, resgatar memórias e atrair novos fãs para música de vitrola. O Festival será realizado neste sábado, dia 10, das 10h às 18h, no 2º piso do Várzea Grande. Durante todo o dia seis DJs estarão se revezando na animação e colecionadores poderão fazer contatos, iniciar negociações, mas as vendas não estarão permitidas durante o Festival.
Será uma oportunidade de colocar em contato esses amantes do vinil que poderão, a partir de agora, estabelecer relações para compra, venda e troca dos LPs. O evento é uma realização da Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Tecnologia e Turismo (SMDETT) e do Várzea Grande Shopping.
Além de um espaço para venda, troca, conhecimento e exposição de acervos particulares, o Festival do Vinil vai trazer ainda mostra de aparelhos antigos que ‘tocavam’ os bons e velhos LPs. Entre eles, a vitrola e o famoso e ‘ostentador’ da década de 80, o som 3 em 1, que reproduzia o LP, tinha rádio e, em geral, dois toca-fitas cassetes.
Como explica a superintendente de Turismo da Pasta, Taiza Cristiane Akerley, o Festival vem justamente para isso, para resgatar sensações, memórias e apresentar o vinil para novas gerações. “Cada detalhe do Festival foi pensado com carinho para acolher as famílias. Está dentro do shopping para que a chuva ou calor não afugentem ninguém, está sendo realizado em um sábado e com apresentações de DJs. Comercializar produtos não é nosso objetivo, mas sim, intermediar as relações e criar oportunidades para pessoas que querem ampliar ou iniciar o próprio acervo. É uma opção gratuita de entretenimento e traz informação, conhecimento e aquele sentimento gostoso de nostalgia”.
O titular da Pasta, o secretário Charles Caetano, diz que o turismo de eventos é um dos objetivos da agenda do prefeito Kalil Baracat. "Colecionadores da Baixada Cuiabana e de cidades do interior do Estado como Rondonópolis, Jaciara e Sorriso já confirmaram presença. Dependendo do resultado podemos incluir o Festival no calendário anual de eventos de Várzea Grande".
O servidor e um dos organizadores do evento, Junior de Souza Nunes, lembra que várias gerações foram impactadas pelo sucesso dos LPs, mas na segunda metade dos anos de 1990, o Compact Disc, o CD, se popularizou e ganhou o espaço que era até então do vinil. “Hoje em dia, ter exemplares de vinil sem riscos e em perfeito estado é ter quase que um produto exclusivo, produto valioso em todos os sentidos, principalmente, em relação à memória afetiva”.
Durante o dia, seis DJs estarão se revezando na animação do evento: às 10h o DJ César abre a programação. Às 11h é o DJ Wilians, às 13h o DJ Rodriguinho, às 14h o DJ Joaquim Spadoni, às 16h o DJ Cleyton 7 e às 17h os DJs Dan e Cidimar.
UM POUQUINHO DE HISTÓRIA - No Brasil, o disco de vinil foi lançado comercialmente em 1951, mas só começou a suplantar o disco de 78 rotações em 1964, e dominou o mercado até 1996. A queda nas vendas dos chamados LPs começou de forma crescente, com o lançamento do Compact Disc, o CD, em 1984. Para se ter uma ideia, em 1991 foram vendidos 28 milhões de discos de vinil, cinco anos depois esse número caiu para 1,6 milhão e quase zero no ano seguinte.
As grandes gravadoras produziram discos de vinil até 1997, restando a partir daí apenas uma gravadora independente, em Belford Roxo, na Baixada Fluminense, que faliu no ano 2000. Os LPs perderam o valor e passaram a ser comercializados nos chamados sebos, a preços muito baixos.
Nos Estados Unidos, os discos de vinil nunca saíram do mercado. Em 2013, foram vendidos cerca de 5 milhões de cópias e, no ano seguinte, foi registrado um aumento de 53% nas vendas, o que representou cerca de 6% do mercado de música daquele país.
Com a recuperação das vendas de LPs nos Estados Unidos e na Europa, empresários brasileiros recuperaram, em 2009, as máquinas da gravadora de Belford Roxo e voltaram a produzir discos de vinil no país.
Com capacidade de produzir 28 mil LPs por mês, continua como a única empresa da América Latina. Mas, nos últimos anos, o preço do disco de vinil subiu. Hoje, um LP novo custa em torno de R$ 100. (Com Agência Brasil)
DOAÇÃO - O Festival também vai resgatar a solidariedade dos várzea-grandenses. Mesmo com entrada gratuita, os organizadores orientam para que cada pessoa que for participar faça a doação de um quilo de alimento não-perecível que será doado a um bairro da cidade. “Vamos mensurar o volume recebido e então avaliar qual o melhor lugar para se fazer a doação, ainda antes do Natal”, explicou Taiza.