A peça Sujas volta aos palcos do Cine Teatro Cuiabá no próximo dia 16 de agosto (sexta-feira), com sessão prevista para começar às 20h10 na sala Anderson Flores. O espetáculo, que denuncia de uma forma muito severa e crítica as inúmeras camadas que as violências de gênero se materializam no dia a dia das mulheres na sociedade, é convidado especial para a segunda edição do Festival de Teatro Luiz Carlos Ribeiro.
O evento ocorre no período entre 15 e 18 de agosto, também no Cine Teatro Cuiabá, reunindo produções cênicas de todo o país. Com a atuação de Maré, Cléo Oliveira e Mariana Neves, a peça traz em uma mesa de bar relatos vivenciados por elas e partilhados com outras mulheres, que são vistos na sociedade de forma naturalizada.
As experiências das três atrizes corajosamente expostas em cena, remetem ao machismo cotidiano, que permeia imaginários sociais e situações no trabalho, na família e atividades de lazer e cultura. O espetáculo estreou no mês de julho em duas apresentações únicas, ocorridas nos dias 15 e 16, também na Sala Anderson Flores, no Cine Teatro Cuiabá, com lotações esgotadas em ambos os dias. E foi todo pensado, texto, atuação, cenário e figurinos, não só para denunciar o machismo, mas problematizar e expor situações cotidianas assustadoramente naturalizadas socialmente e culturalmente.
*Construção colaborativa* - Uma produção do Grupo Experimental Ejé, Sujas nasceu a partir de uma performance solo criada por Maré na MT Escola de Teatro. No início, contava apenas com auxílio de um iluminador e a dramaturga se autodirigia. Foi neste ano, que ela se juntou aos outros profissionais adaptando a performance para um espetáculo com duração de aproximadamente uma hora. A construção cênica contou com a colaboração da cantora Ju Grisólia na sonoplastia, de Vitor Falcão na iluminação, de Tami que idealizou o figurino e Rodrigo Zaiden, que assina direção e encenação.
“A peça foi sendo apresentada em alguns espaços e o diretor Rodrigo Zaiden viu e se emocionou muito. Numa das trocas perguntei se ele toparia estar na direção da peça, ele topou e o espetáculo chegou ao modo como está hoje”, relata Maré.
Segundo a atriz, apesar da ideia inicial ter sido dela, a construção da montagem do espetáculo ocorreu de forma coletiva, envolvendo histórias de todas as mulheres que participaram, como as outras duas atrizes e de mulheres que não participaram diretamente. “Sujas tem o olhar do Zaiden enquanto direção. Tem pitaco da produção, da iluminação, da sonoplastia. É um processo colaborativo de acreditar na luta feminista. De acreditar que a gente precisa mobilizar forças para que com a arte a gente possa fazer com que a violência junto aos corpos femininos seja repensada, seja avaliada como algo de fato sério, para que o combate seja mais efetivo”, pondera Maré.
Mariana Neves, por sua vez, enfatiza que o espetáculo a envolveu como atriz, sobretudo por tocar em temas tão delicados e difíceis da existência em ser mulher. “É envolvente, porque através da arte, a gente pode questionar, pode pensar e pode problematizar aquilo que nos causa tanta dor. A peça nos dias de hoje é imprescindível. É mais necessária do que nunca, porque Sujas escancara para o mundo de forma poética, mas ao mesmo tempo tão literal, as nossas dores, os nossos gritos, a nossa voz. Apresentar e falar sobre Sujas, permite transcender para um lugar diferente daquele que a sociedade nos coloca”.
Já Cléo Oliveira, analisa que por ser uma performance, a peça atinge um lugar muito íntimo, trazendo à tona seus próprios traumas e medos. “O espetáculo tem me dado muita coragem e empoderamento como mulher. Em cada ensaio, cada processo, saio mais fortalecida para enfrentar essa sociedade machista. Espero que as pessoas, principalmente os homens, tenham outra visão sobre o corpo feminino e que esse tema possa alcançar outros espaços, fazendo com que mais pessoas tenham consciência do que é ser uma mulher”.
*Sinopse* - Sujas é um ato de coragem que através da linguagem performática, abre espaço para desabafos que escancaram a misoginia. As atrizes Cléo, Maré e Mari trazem suas estorias junto a força de construir com o público, possibilidades de reflexão e convite a mudanças. Sujas busca dentro dos corpos femininos o que brada em nosso cotidiano. Uma peça que sem dúvida incomoda e deixa o questionamento sobre nossas ações e silêncios.
*Serviço*
O que: Peças Sujas – Apresentação Única Quando: 16 de agosto (sexta-feira)
Horário: 20h10
Onde: Cine Teatro Cuiabá – Sala Anderson Flores
Outras informações: @sujas_eje (DM Instagram)
*Ficha Técnica*
Produção - Grupo Experimental Ejé
Direção e encenação – Rodrigo Zaiden
Dramaturgia – Maré Elenco – Maré, Cléo Oliveira e Mariana Neves Sonoplastia e Trilha Sonora – Ju Grisólia
Iluminação e Designer de Luz – Vitor Falcão Figurino – Tami e Rodrigo Zaiden
Cenografia – Tami, Rodrigo Zaiden, Maré
Produção: Maré, Ju Grisolia, Rodrigo Zaiden, Ianca Santos, Guto Tavares, Renanzissimo e Paola Bonfim.