Quarta-feira, 12 de Novembro de 2025

POLÍCIA Terça-feira, 11 de Novembro de 2025, 15:38 - A | A

Terça-feira, 11 de Novembro de 2025, 15h:38 - A | A

OPERAÇÃO DOMÍNIO FANTASMA

Contador preso é suspeito de criar empresas fantasmas para aplicar golpes pela internet

Da Redação - O Bom da Notícia

O contador Eduardo Martins foi preso nesta terça-feira (11), durante a Operação Domínio Fantasma, deflagrada pela Polícia Civil de Mato Grosso, suspeito de chefiar um esquema de criação de empresas falsas usadas para lavagem de dinheiro e golpes de e-commerce. A investigação aponta que o grupo atuava principalmente nas cidades de Cuiabá e Sorriso.

Nas redes sociais, Eduardo se apresentava como dono de um escritório especializado em mentorias para Microempreendedores Individuais (MEIs) e abertura de CNPJs. Ele ostentava uma rotina de viagens frequentes, inclusive internacionais, e um estilo de vida de alto padrão. Casado e pai de uma recém-nascida, o contador mantinha uma imagem de empresário de sucesso.

De acordo com a Delegacia Especializada de Repressão a Crimes Informáticos (DRCI), o contador é apontado como o mentor do esquema e usava seu conhecimento técnico para fabricar centenas de CNPJs com o objetivo de aplicar golpes pela internet. Entre 2020 e 2024, foram identificadas 310 empresas abertas por ele, sendo que 182 já estavam baixadas ou suspensas.

A operação, realizada nesta terça, cumpriu 33 ordens judiciais, incluindo um mandado de prisão preventiva contra o contador, sete de busca e apreensão, duas medidas cautelares, além do sequestro de valores que somam R$ 5 milhões, dois imóveis e cinco veículos de luxo. Também foram determinadas quebras de dados telemáticos, suspensão de perfis em redes sociais, bloqueio de sites e interrupção de atividades econômicas ligadas ao grupo.

As ordens judiciais foram expedidas pelo Núcleo de Justiça 4.0 do Juiz das Garantias de Cuiabá. O contador responderá pelos crimes de associação criminosa, fraude eletrônica, lavagem de dinheiro e crime contra as relações de consumo.

Criação de empresas

A investigação teve início após a Secretaria de Estado de Fazenda (Sefaz-MT) identificar a criação em massa de empresas por um único contador, quase todas registradas em um mesmo endereço comercial, em Cuiabá.

No local, os policiais constataram que funcionava apenas uma sala sem qualquer identificação, embora o endereço constasse como sede de diversas empresas ativas no papel. O padrão chamou atenção dos investigadores e revelou indícios de um esquema milionário de lavagem de dinheiro e fraudes eletrônicas.

Funcionamento do esquema

O principal alvo se apresentava no Instagram como contador digital especializado em dropshipping (modelo de comércio eletrônico no qual o vendedor não mantém estoque próprio. Em vez disso, ele atua como intermediário entre o fornecedor e o consumidor final) e iGaming (segmento de jogos de azar pela internet). 

Para praticar os golpes, ele criava CNPJs em nome de "laranjas", geralmente jovens de baixa renda, residentes fora de Mato Grosso, para servirem de fachada. Os CNPJs eram usados para registrar sites de e-commerce falsos, de diferentes segmentos como brinquedos, roupas e roupas masculinas, entre outros. 

Os sites eram impulsionados com anúncios patrocinados nas plataformas digitais. Em um dos casos, os criminosos clonaram o site da loja de uma marca famosa no ramo de cosméticos para enganar clientes.

Vítimas de diversos lugares do país, identificadas no inquérito, compravam os produtos, pagavam via Pix ou cartão, mas nunca recebiam as mercadorias. Os sites acumulavam diversas reclamações no "Reclame Aqui".

Apoios operacionais

Participam da operação policiais da Delegacia Especializada de Repressão a Crimes Informáticos (DRCI) em parceria com as equipes da Delegacia Especializada de Combate à Corrupção (Deccor), Delegacia Especializada de Crimes Fazendários (Defaz), Delegacia Especializada de Defesa do Consumidor (Decon), Delegacia de Polícia de Sorriso e Coordenadoria de Operações e Recursos Especiais (Core).

O cumprimento dos mandados contaram com apoio da Politec e Sefaz, sob a organização operacionalizada da Coordenadoria de Enfrentamento ao Crime Organizado (Cecor) da Polícia Civil de Mato Grosso.