Policiais federais cumpriram, na manhã desta quarta-feira (12), uma nova ordem judicial na residência do lobista Andreson Gonçalves de Oliveira, localizada em Primavera do Leste (231 km de Cuiabá). A ação atende a uma determinação do Supremo Tribunal Federal (STF) que substitui a prisão domiciliar do investigado pelo regime fechado.
O lobista já havia sido alvo de busca e apreensão no mês passado, ocasião em que um de seus seguranças foi preso por tentar esconder um celular que estaria sendo usado irregularmente por Andreson. Na prática, a decisão do STF indica que o tribunal considerou o investigado clinicamente recuperado, o que levou à conversão da prisão em regime fechado.
De acordo com informações obtidas pela Gazeta Digital, a defesa de Andreson classificou a decisão como “tão surpreendente quanto desfundamentada”. Os advogados alegam que o Supremo desconsiderou o laudo do Instituto Médico Legal (IML) e exames médicos que atestavam a condição de saúde do cliente, baseando-se apenas em “50 minutos de avaliação feita por dois policiais médicos” durante uma visita à casa do lobista.
O advogado Eugênio Pacelli ironizou a medida, afirmando: “Se ele se suicidar, dirão que, como foi voluntário, deverá ser enterrado no presídio”.
Apontado como figura central em um esquema de venda de decisões judiciais que teria atingido tribunais como o Superior Tribunal de Justiça (STJ) e cortes estaduais de Mato Grosso (TJMT) e Mato Grosso do Sul (TJMS), Andreson ganhou o direito à prisão domiciliar em julho de 2025, após decisão judicial baseada em seu estado de saúde debilitado.
Na época, imagens do exame médico mostravam o lobista extremamente magro, após perder mais de 30 quilos desde sua prisão, em novembro do ano anterior. Bariátrico e com necessidade de dieta especial, ele chegou a receber autorização judicial para o consumo de alimentos específicos, como carnes assadas, chocolates meio amargo, barrinhas de cereais e isotônicos, por falta de estrutura adequada no sistema prisional para atender à sua dieta.
Preso pela Polícia Federal em novembro de 2024, Andreson é apontado como uma das peças-chave no escândalo que expôs a venda de decisões judiciais em tribunais superiores. A investigação ganhou força a partir da análise do celular do advogado Renato Neri, assassinado em Cuiabá, cujas mensagens indicavam que o lobista teria acesso a minutas de sentenças antes mesmo de serem publicadas, revelando seu poder de influência nos bastidores do Judiciário.


