A operação "Mão Dupla" cumpriu 100% dos mandados de prisão e busca e apreensão, expedidos no âmbito da investigação conduzida pela Delegacia Especializada de Crimes Fazendários e Contra a Administração Pública (Defaz). A operação foi realizada na manhã desta quarta-feira (05.12) e desarticulou um esquema de compra e venda de Carteira Nacional de Habilitação (CNH) operado de dentro do Departamento Estadual de Trânsito de Mato Grosso (Detran-MT).
Vinte servidores do Detran-MT estão entre os presos, além de 15 colaboradores, que são instrutores e donos de autoescolas, com atuação conjunta de servidores, formando um “verdadeiro balcão de negócios” para o comércio de CNH’s.
Todos serão indiciados em crimes de corrupção ativa e passiva, inserção de dados falsos no sistema Detrannet e organização criminosa.
A operação “Mão Dupla” (alusiva aos dois sentidos de uma via), iniciada nas primeiras horas desta quarta-feira, mobilizou 180 policiais civis (delegados, investigadores e escrivães) para o cumprimento de 60 ordens judiciais, sendo 25 mandados de prisão preventiva e 35 buscas e apreensões nas cidades de Cuiabá (13 presos), Várzea Grande (4 presos), São Félix do Araguaia (3 presos), Chapada dos Guimarães (1 preso), Campo Verde (2 buscas), Tangará da Serra (1 preso), Juína (1 preso) e Rondonópolis (2 presos). Os mandados foram expedidos pela 7ª Vara Criminal de Cuiabá.
Na operação vasta documentação foi apreendida nos endereços das pessoas investigadas e ainda três veículos (Hilux, S10 e Sandeiro), supostamente comprados com dinheiro ilícito da venda de CNH's. Todos os mandados foram cumpridos na casa dos investigados e não houve mandados na sede do Detran ou em Ciretran's do interior e nem para autoescolas. Os documentos, como processos para obtenção de CNH, serão analisados e submetidos à perícia.
Dois veículos, uma Hilux e um Sandero, estavam na casa de um examinador em Várzea Grande e a Hilux foi apreendida no endereço de outro examinador, em Cuiabá.
O coordenador da operação, delegado Sylvio do Vale Ferreira Junior, informou que após a veiculação da operação pessoas que adquiriram CNH de forma ilícita já procuraram a Polícia Civil de forma voluntariamente.
"A Delegacia orienta as pessoas que adquiriram carteira de habilitação de maneira criminosa e, que voluntariamente contribua com informações na investigação, procurem a Polícia Civil, pois nesses não poderão ser presas em flagrante", disse o delegado.
As investigações do inquérito policial 210/2017 iniciaram com informações repassadas pela Coordenadoria de Fiscalização de Credenciados do Departamento Estadual de Trânsito (Detran-MT), e denúncias que chegaram à Especializada, sobre a venda ilícita de Carteira Nacional de Habilitação (CNH).
A organização criminosa operava no agenciamento de candidatos que não detém capacidade técnica, para serem aprovados nos exames práticos e teóricos de direção veicular. Eles eram cooptados a fazer o pagamento da CNH, sem necessidade de realizar os testes, apenas assinavam as listas de presença e os laudos de provas. Após iam embora sem realizá-los.