Quarta-feira, 16 de Julho de 2025

POLÍTICA Sábado, 03 de Setembro de 2022, 10:00 - A | A

Sábado, 03 de Setembro de 2022, 10h:00 - A | A

DIRETO AO PONTO

Deputada diz que mulheres não podem ser tratadas como "experimento", ao se referir à candidatura de Márcia

A deputada foi a primeira mulher a presidir a ALMT em mais de 190 anos da história do parlamento estadual

Janaína Arruda/Especial para O Bom da Notícia

A deputada estadual e candidata à reeleição, Janaina Riva (MDB), disse em entrevista ao Cast Do Bom, nesta última quinta-feira (31), nos estúdios do site O Bom da Notícia, que acha ruim para o movimento feminino, quando mulheres se submetem a 'ser tampão na política', ou seja, se 'candidatam de última hora, sem planejamento, com objetivo apenas de pontuar junto aos partidos'.

Ao se referir à primeira-dama de Cuiabá, Márcia Pinheiro(PV), candidata ao Governo do Estado pela Federação Brasil da Esperança [PT, PV e PC do B], com apoio do PP, PSD e Solidariedade. Cuja campanha é coordenada pelo marido, prefeito de Cuiabá, Emanuel Pinheiro (MDB).

Ao frisar seu respeito por ela [Márcia Pinheiro] e por suas ações na capital. Asseverando, contudo, que a primeira-dama da capital, na condição de cabeça de chapa, em uma disputa pela Governadoria, teria sido colocada como 'um experimento', sem lhe dar a chance de planejar, conhecer os municípios ou mostrar suas propostas ao Estado. 

“Eu acho muito ruim a gente ser tampão, sabe? Aquela coisa de última hora. Ah! Tá aqui, eu não vou e coloco minha mulher, ou põe aqui minha filha ou põe fulano. Eu entrei na minha primeira eleição, eu já trabalhava há um certo tempo com meu pai, mas eu fui aprender a ser deputada no mandato, sabe? Então assim, a gente não pode ser tratada mais como experimento. Eu falo muito sobre isso: o uso eleitoral da mulher, que muita gente chama de ‘mulher laranja’. Que é o uso eleitoral com o único e exclusivo objetivo de ir lá para pontuar. Isso é ruim para a gente enquanto mulher, porque isso passa desconfiança para todas as candidaturas femininas”, aponta a deputada, sem meias palavras.

A deputada ainda usou o exemplo 'da equivocada candidatura da mãe', ex-secretária de Estado de Cultura de Mato Grosso, Janete Riva, que disputou, igualmente, o Governo do Estado, quando concorreu em 2014, pelo PSD. Ao assumir a cabeça de chapa no lugar do seu marido, o ex-deputado estadual José Riva, na época também do PSD, quando Riva teve a candidatura indeferida pela Justiça Eleitoral, assim, impedido de dar sequência na disputa ao Governo.

"Quando eu mencionei outro dia essa questão específica da Márcia, eu falei olha gente esse erro eu já vi aconteecer também no passado. Eu vivenciei isso. A diferença é que minha mãe naquele momento não tinha outra alternativa com o indeferimento da candidatura do meu pai [...] Ela foi por amor mesmo, se dedicou e eu vi o quanto ela sofreu naquele processo. Não estou dizendo porque elas são burras, ou são despreparadas. Mas sem condições financeiras, sem planejamento, sem ter grupo lá na ponta, eu acho uma maldade", confessou a parlamentar.

Ao ainda comparar as campanhas dos homens que, comumente, são estruturadas, têm apoio político, e que arrebatam multidões de eleitores em comícios e reuniões. Enquanto a da mulher, muitas vezes tem poucas pessoas nos encontros eleitorais. “Isso aí é muito ruim para nós mulheres, que estamos com vontade de fazer diferente na política”.

Ela conta que chegou a ser questionada do porquê não tentou uma candidatura ao Governo do Estado e foi enfática: 'porque eu quero estar preparada financeiramente, emocionalmente. Quero estar com tudo organizado para fazer uma campanha competitiva!".

 A deputada foi a primeira mulher a presidir a Assembleia Legislativa em mais de 190 anos de história do Parlamento e também foi a primeira mulher a ser eleita como a deputada mais votada nas últimas eleições, em 2018, com 51.546 votos distribuídos pelos 141 municípios.

Veja entrevista de Janaina Riva na íntegra, clique aqui