Prefeito de Cuiabá e candidato à reeleição, Emanuel Pinheiro (MDB), classificou como “falsos moralistas” os adversários que o condenam pelo chamado caso do paletó, quando foi filmado recebendo dinheiro no Palácio Paiaguás, na época da gestão Silval Barbosa. Pinheiro.]
Em conversa com jornalistas, na última semana, num encontro com sindicalistas, voltou a defender ser inocente de qualquer acusação de corrupção e que provará seus argumentos na Justiça. Para o prefeito, os rivais tentam jogar a opinião pública contra ele.
“Os nossos adversários desejam o nosso enfraquecimento e tentaram ao longo desses anos todos, na maior baixaria. Poucos políticos desse Estado foram tão atacados como eu fui [...] Sempre tentaram, de toda forma, nos condenar antecipadamente para tentar jogar a população contra nós, quando, na verdade, o julgamento é na Justiça. É lá que vou provar a minha inocência, até porque não vejo qualificação moral de nenhum dos meus adversários para me condenar ou me absolver”, acrescentou.
O emedebista voltou a atacar o ex-governador Silval Barbosa e o ex-presidente da Assembleia Legislativa, José Riva, de tentarem manchar a sua reputação. Ambos citaram Emanuel em suas delações à Justiça e o acusam de receber mensalinho quando participava do Legislativo Estadual.
“Dois dos maiores bandidos do Estado, réus confessos, que para se livrarem da cadeia vendem até a mãe, não têm compromisso com a verdade, usam a cena de um vídeo em que já disse que sou inocente e vou provar no foro competente a minha inocência. Já expus os motivos de que era o homem errado na hora errada [...] Foi vendido que era mensalinho, propina, mas vou provar que sou inocente, que nada tenho a ver com esse mar de lama promovido pelo ex-governador do Estado. Tenho a consciência tranquila e não vou deixar que a minha história seja manchada, atacada da forma que está sendo por falsos moralistas”, finalizou, em tom de ira.
Vale a pena ver de novo
Este ano completa três anos que o vídeo do atual prefeito de Cuiabá Emanuel Pinheiro (MDB), aparece enchendo o bolso do paletó, de dinheiro foi divulgado, em rede nacional. As cenas seriam parte de um esquema de pagamento de propina. O recurso era para garantir a governabilidade do ex-governador Silval Barbosa, ou seja evotar quaisquer empecilhos na Assembleia Legislativa, ao gestor no Paiaguás, na época.
Era noite de quinta-feira quando os vídeos vieram à tona, em reportagem exibida pelo Jornal Nacional, da Rede Globo. Dentre as imagens, está a cena de Emanuel Pinheiro (MDB), hoje prefeito de Cuiabá, guardando maços de dinheiro nos bolsos do paletó, chegando a derrubar alguns dos maços no chão. Obrigando a se abaixar para pegar as notas.
Dentre as imagens, está a cena de Emanuel Pinheiro (MDB), hoje prefeito de Cuiabá, guardando maços de dinheiro nos bolsos do paletó, chegando a derrubar alguns dos maços no chão. Obrigando a se abaixar para pegar as notas
Na época em que o vídeo foi gravado, Emanuel era deputado estadual, mas quando veio à tona já havia sido eleito prefeito da capital. O escândalo do mensalinho dado aos parlamentares pelo ex-governador Silval Barbosa (sem partido), consta em sua delação premiada e resultou na CPI do Paletó, na Câmara de Vereadores de Cuiabá. Que, ao final, após várias estratégias de parlamentares que apoiam Pinheiro, na Casa de Leis, terminou sem um resultado efetivo, já que o plenário da Câmara rejeitou o relatório que pedia o afastamento do emedebista e a abertura do processo de cassação.
Mesmo que dentre as oitivas, uma delas, a de Silval Barbosa tenha por pelo menos duas vezes, na Casa de Leis cuiabana, admitido pagar a Pinheiro o 'mensalinho' e ainda tendo afirmado que este 'tipo de acordo' [pagamento de propina em troca de apoio político] já existia na gestão do ministro da Agricultura, Blairo Maggi, que o antecedeu no Palácio Paiaguás. Blairo, claro, nega. Contudo, a confissão do ex-gestor estadual consta em sua delação e, paralelamente, corre ações no Ministério Público Estadual que investiga a denúncia.
Também aparecem recebendo dinheiro, além de Emanuel Pinheiro, Ezequiel Ângelo Fonseca, José Domingos Fraga Filho, Hermínio Barreto (falecido), Luiz Marinho de Souza, Airton Rondina “Português”, Luciane Azoia Bezerra, Alexandre César, Gilmar Fabris, Carlos Antônio Azambuja e José Joaquim de Souza Filho “Baiano Filho”.
Todos eram deputados estaduais quando foram gravados entre 2012 e 2013. E, conforme Silval, a entrega do dinheiro era feita na sala de seu então chefe de gabinete, Sílvio César Corrêa Araújo, onde havia uma câmera escondida. Silval e Silvio planejaram gravar os deputados.
Os vídeos foram entregues ao Supremo Tribunal Federal (STF). Na delação, Silval disse ter firmado acordo com parlamentares para manter sua governabilidade, ter as contas do governo aprovadas, os interesses do Poder Executivo priorizados na Assembleia, além de não ter nenhum dos membros do alto escalão do Estado investigados em Comissão Parlamentar de Inquérito.