A deputada federal Coronel Fernanda (PL) foi acusada de transfobia pela deputada Erika Hilton (Psol-SP), após fala da colega parlamentar, na Comissão de Defesa do Direito da Mulher, na última quarta-feira (30), na Câmara Federal.
A discussão iniciou quando as parlamentares discutiam o percentual mínimo de mulheres em concurso para a Polícia Militar do Distrito Federal, e a Coronel Fernanda se contrapôs à participação de mulheres trans na disputa, sob o argumento que anatomicamente as trans teriam melhor desempenho que as mulheres biológicas.
“A mulher biológica não pode ser preterida nem dividir espaço com mulher trans. Com todo respeito, a mulher trans, mas elas têm que buscar um espaço para elas, não ocupar o lugar das mulheres. Hoje nós temos como exemplo candidatas, que são mulheres biológicas, que estão sendo preteridas no concurso da Polícia Militar".
A fala da deputada de Mato Grosso foi duramente rebatida por Erika Hilton (PSOL-SP), que ao sair em defesa da igualdade entre as mulheres cis e trans, apontou 'narrativa retrógrada' da colega de Câmara, por excluir a 'mulheridade de mulheres transexuais e travestis'.
“Gostaria de chamar à atenção das mulheres desta comissão para que nós não caiamos no cinismo e nem na desonestidade intelectual. Nós sabemos muito bem o que está colocado na centralidade desse tipo de narrativa e de discurso, que quer excluir a mulheridade de mulheres transexuais e travestis. É claro que o conjunto de mulheres da sociedade brasileira tem suas particularidades. Mas é necessário ressaltar que nenhuma de nós, nesta sala somos iguais. Nenhuma de nós temos a mesma composição, social, fisiológica, anatômica, porque o espectro de mulheridade é amplo e precisa contemplar a diversidade”, disse a parlamentar trans.
Ainda para Erika Hilton, seria transfobia qualquer fala que tenta usar características biológicas para excluir, para desqualificar a mulheridade de mulheres trans e travestis.
“Inclusive, esse discurso biológico já foi utilizado muitas vezes. Já disse isso em uma outra oportunidade e vou repetir para dizer, por exemplo, que mulheres negras não precisam de anestesia no parto, porque as mulheres de verdade são as mulheres brancas, que as mulheres negras isso, que mulher, é o discurso biológico da exclusão.
"O discurso biológico do preconceito, o discurso biológico que não leva em consideração qual é o recorte histórico social à qual nós, mulheres transexuais, travestis, estamos inseridas na sociedade brasileira”, disse.
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