Em bate-papo no Cast do Bom, no site O Bom da Notícia, a vereadora Maysa Leão (Republicanos) disse na última quinta-feira(11), que aposta que o deputado federal Abilio Brunini, pré-candidato do Partido Liberal ficará fora do segundo turno da disputa à Prefeitura de Cuiabá.
Ao assegurar que o confronto eleitoral, na capital, ficará entre o presidente da Assembleia, Eduardo Botelho (União Brasil) e o deputado estadual Lúdio Cabral, caso o petista seja oficializado como nome da Federação Brasil da Esperança.
"Eu tenho uma aposta que nosso segundo turno vai ser Botelho e Lúdio, se o Lúdio for candidato", contou.
Maysa reconheceu que o ato do ex-presidente Jair Bolsonaro na Praça 8 de Abril, no aniversário de Cuiabá, ajudou a pré-candidatura de Abilio. Contudo, ainda conforme a parlamentar, Abílio teria supostamente o poder de 'afundar a si próprio', ao citar o voto do deputado para soltar Chiquinho Brazão(sem partido - Rio de Janeiro), suspeito de planejar o assassinato da ex-vereadora Marielle Franco e de seu motorista, Anderson Gomes, em março de 2018.
"O cenário da vinda do Bolsonaro, obviamente, foi excelente para o Abilio. Mas aí dois dias depois a gente vê ele votando pela soltura de um miliciano. O próprio Abilio afunda o peso positivo que o Bolsonaro possa ter. Você vê nas redes sociais pessoas de direita, bolsonaristas, que ficaram perplexas com esse voto. Bolsonaro sobe o Abilio, e o Abilio sempre desce ele mesmo".
A votação ocorreu na última quarta-feira (10), na Câmara dos Deputados, em Brasília, quando foi aprovado por 277 votos a manutenção da prisão preventiva do parlamentar federal, contra 129 votos. O deputado carioca foi preso no dia 23 de março.
Na manhã de quinta, na Câmara de Vereadores, a parlamentar republicana já havia dito à imprensa, que o voto dos cinco deputados mato-grossenses em favor da libertação do parlamentar carioca mandava um recado claro à sociedade que 'bandido bom é bandido preso, desde que não seja da minha turma'.
Ao se referir à famosa 'Bancada da Bala', no Congresso Nacional que, na verdade, utiliza-se da frase: 'bandido bom é bandido morto'. A frente parlamentar é composta por políticos que defendem o armamento civil, flexibilização de leis relacionadas a armas e contra políticas desarmamentistas.
Conforme Maysa, é inaceitável, incongruente e ficará marcado na história de Mato Grosso os votos dos deputados José Medeiros, Abílio Brunini, Amália Barros, Coronel Fernanda (todos do PL), e ainda do Coronel Assis (UB), em favor da soltura de um deputado envolvido com a milícia. Já pela manutenção da prisão preventiva votaram os parlamentares mato-grossenses Emanuelzinho (MDB), Gisela Simona (UB) e Juarez Costa (MDB).
A vereadora ainda fez questão de lembrar que esteve ao lado de Abílio, nas eleições de 2020, junto com o atual secretário adjunto de Turismo em Mato Grosso, Felipe Wellaton, quando ambos foram para o segundo das eleições municipais em Cuiabá contra Emanuel Pinheiro(MDB), acabando por perder as eleições por um pouco mais de seus mil votos.
"Eu falo isso porque a gente estava na luta em 2020. E ele continua fazendo isso, cometendo erros. Bolsonaro veio, eles tiraram foto, foram para rua, o eleitorado dele ficou efervescente e agora ele está lá fazendo besteira", completou.
Também participou da bancada, o jornalista Palmiro Pimenta, colunista do Primeira Notícia e proprietário do site Notícia e Fatos. Como a vereadora, ele criticou a postura de Abilio que, constantemente aparece em vídeos denunciando situações graves e ainda assim se filma dando risadas, ironizando e transformando em piadas assuntos sérios.
"Quando vai falar de assunto sério, Abilio fica fazendo a filmagem rindo. Política não é brincadeirinha não. Na política você está decidindo a vida de pessoas, decidindo saúde pública onde pessoas sofrem e morrem. Não é brincadeira para ficar rindo", disse Palmiro.
Outro lado
Criticado duramente nas redes sociais, onde sempre transitou com bastante propriedade, Abílio Brunini deverá ter um grande trabalho para justificar seu voto pela soltura do colega de Câmara.
Mesmo que à imprensa o deputado e pré-candidato tenha garantindo que seu voto não arranhou a sua imagem. E ainda que sua posição, favorável ao colega de parlamento, não teria nada a ver com o caso da morte da vereadora Marielle Franco, mas sobre a forma que o Judiciário tem agido com relação ao Legislativo.
"Eu acho que não pegou mal o fato de termos votado pela soltura do deputado e não tem nada a ver com o caso da Marielle. A questão em si é a forma que o Judiciário tem agido com relação ao Legislativo. Por exemplo, na Constituição Federal nos artigos 52 e 53 é bem claro sobre quando e como pode ser preso um deputado federal. Ele pode ser preso em flagrante ou em crimes inafiançáveis. Nessa circunstância comunica-se a Câmara e prende-se o deputado".
"O que a gente não pode é abrir precedentes como prender um deputado por meio de uma prisão preventiva sem apresentação de provas. Quando está em fase de inquérito, ou seja ainda no processo investigativo. Então essa decisão preventiva pode trazer um problema muito em breve. Porque abre um precedente de um ministro poder prender um outro deputado sobre qualquer justificativa, sem colocar provas sobre esta acusação [...] Agora se comprovado eu quero que o Chiquinho Brazão apodreça na cadeia pelo crime que ele cometeu, claro, se ele cometeu. Mas não podemos anteceder o processo administrativo e jurídico".
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