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POLÍTICA Sexta-feira, 01 de Dezembro de 2023, 13:22 - A | A

Sexta-feira, 01 de Dezembro de 2023, 13h:22 - A | A

VEJA ENTREVISTA NA ÍNTEGRA

Mulheres lamentam votos de deputadas de MT contra Dia da Consciência Negra, dentro dos 21 dias de luta contra a violência

Luciana Nunes/Marisa Batalha/O Bom da Notícia

Em entrevista ao Cast do Bom do site O Bom da Notícia nesta última quinta-feira(30), a educadora financeira e diretora-executiva da Lírios (Liga de Reestruturação das Irmãs Ofendidas no Seu Sentimento), Maria Fernanda Figueiredo, destacou a importância do Movimento Conecta 21, que abriu uma extensa agenda no dia 19 de novembro na realização de atividades pela erradicação da violência contra mulheres e meninas, nos 21 dias de ativismo. A agenda foi aberta na Câmara de Vereadores de Cuiabá, no Dia do Empreendedorismo Feminino como uma Feira Gastronômica e Cultural.

De acordo com Maria Fernanda, o evento ocorre em diversas partes do mundo em um período de 16 dias, mas no Brasil precisou ser estendido para 21 como forma de evidenciar o número gigantesco de casos de violência contra a mulher. Em especial, em Cuiabá, já que a capital mato-grossense lidera o ranking de feminicídios no país. As ações são realizadas por meio de mobilizações educativas nas escolas, nas ruas, em feiras não só em Cuiabá mas, igualmente, nesta terceira edição do movimento, em municípios ao entorno da capital. O trabalho segue até o dia 10 de dezembro.

Internacionalmente, as atividades têm em início no dia 25 de novembro, Dia Internacional da Não-Violência contra as Mulheres e termina no dia 10 de dezembro, com a comemoração do Dia Internacional dos Direitos Humanos. A iniciativa foi criada em 1991, por 23 feministas de diferentes países, reunidas pelo Centro de Liderança Global de Mulheres, nos Estados Unidos da América. Atualmente, esta mobilização educativa e coletiva acontece em 159 países.

“No Brasil realizamos 21 dias de ativismo pela erradição da violência contra mulheres e meninas pela necessidade de evidenciar esses trabalhos. Começamos em 19 de novembro, no Dia do Empreendedorismo Feminino e, em seguida, no dia 20 de novembro, comemoramos com debates em vários espaços, o Dia da Consciência Negra, pelo imenso índice de violência vivenciadas, em particular, pelas mulheres negras deste país que veem tendo, historicamente, seus direitos negados”, disse Maria Fernanda.

A educadora financeira e diretora-executiva da ONG Lírios ainda mostrou profunda surpresa com a informação de que duas deputadas federais da bancada de Mato Grosso - Coronel Fernanda e Amália Barros -, bem no meio dos 21 dias de ativismo em favor dos direitos da mulher, votaram contra a nacionalização do Dia Consciência Negra, em 20 de novembro.

Felizmente, acabaram sendo votos vencidos e a data foi aprovada na Câmara Federal. Atualmente, os estados que oficializaram o feriado são Mato Grosso, Rio de Janeiro, São Paulo e Alagoas e Amapá. Só para saber da bancada mato-grossense foram a favor Emanuelzinho (MDB) e Gisela Simona (União Brasil). O emedebista Juarez Costa não votou e a bancada bolsonarista votou contra, assim foram desfavoráveis a data Abilio Jr., Coronel Fernanda, Amália Barros e José Medeiros, todos do PL e Coronel Assis do União Brasil. O voto contrário foi justificado por se prejudicial ao comércio.

Ao lamentar os votos contrários, Maria Fernanda lembrou da luta da parlamentar Amalia Barros que durante anos buscou tornar realidade, a Lei que transformou como Deficiência Sensorial, os portadores de Visão Monocular. Dando aos seus portadores direitos como a oferta de prótese de olho pelo SUS. A Lei acabou, aliás, ganhando o nome da parlamentar Amalia Barros que é deficiente monocular.

"Quero aqui registrar minha decepção e minha tristeza, ao acordar hoje com a informação que as deputadas Coronel Fernanda e Amália Barros, duas deputadas federais de Mato Grosso, votaram contra a lei que institucionaliza no país o Dia da Consciência Negra como feriado".

A indignação contra a ação foi igualmente compartilhada pela delegada Jozirlethe Magalhães Criveletto que depois de trabalhar na Delegacia da Mulher de Cuiabá durante 14 anos, nove deles na função de Titular, assumiu recentemente o cargo Delegada Titular das Delegacias do Adolescente de Cuiabá e de Várzea Grande. E Bárbara Lenza Lana, uma das poucas mulheres do Brasil que advoga Só Para Mulheres e ainda integra vários coletivos que estudam mais profundamente o tema em Mato Grosso.

Todas apontaram pesquisas recentes como a Pesquisa do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV) que revela que, no primeiro trimestre de 2023, a remuneração média das mulheres negras era de R$ 1.948, o que equivale a 48% do que homens brancos ganham na média, 62% do que as mulheres brancas recebem e ainda 80% do que os homens negros recebem.

O Conecta 21 é um movimento em alusão ao ativismo pelo fim da violência contra a mulher. Com objetivos bastante claros como levar informações à pessoas que passam por esta situação de forma efetiva, como forma de resgata-las e mudar suas vidas. Mas, sobretudo, é uma mobilização que busca atingir o maior número de pessoas de forma impactante para a conscientização de adultos e adolescentes sobre as lutas femininas, suas dores e as formas de acolhimento destas vítimas.

“Nós começamos no dia do evento que comemorou o empreendedorismo feminino e vamos até o dia 10 de dezembro  que é dia dos direitos humanos e é quando a Lírios faz 10 anos de vida. À exemplo de outras cidades vamos encerrar como uma caminhada, que este ano será no Parque Mãe Bonifácia, na intenção de buscar o maior número possível de mulheres. Esta ação será muito bonita e deverá causar uma grande surpresa”, ainda acrescentou.

Veja a entrevista