O deputado estadual Ondanir Bortolini, o “Nininho” (PSD), negou qualquer envolvimento no esquema desbaratado por meio da Operação Bereré. O social democrata afirma que seu nome apareceu nas investigações porque recebeu o depósito de R$ 1 mil em sua conta bancária.
O montante, de acordo com ele, seria fruto de um empréstimo feito em uma factoring. “Foi uma transferência de R$ 1 mil em minha conta que foi feita pelo ex-chefe de gabinete Tschales Tschá que buscou empréstimo de uma factoring e transferiu R$ 1 milda conta dele para a minha”, explicou.
Ele garante que não tinha qualquer conhecimento da fraude até a deflagração da operação por parte do Grupo de Atuação Especial contra o Crime Organizado (Gaeco). “ Eu nem sabia de esquema de Detran. Foi um empréstimo que meu chefe de gabinete pegou com quem, infelizmente, fez parte desse esquema”, garantiu.
Diante disso, ele se intitula como “vítima” do esquema criminoso que desviou milhões dos cofres públicos por meio do Departamento Estadual de Trânsito (Detran). “Eu não sei de onde vinha o dinheiro. Trata-se de um fato que ocorreu com mais de 200 pessoas que foram vítimas da circulação desses recursos da investigação. Eu fui vítima de ter passado R$ 1 mil pela minha conta e agora eu vou esclarecer”, explicou.
Nininho prestou depoimento junto aos promotores do Ministério Público Estadual (MPE) na tarde desta segunda-feira (02). Além dele, o ex-deputado estadual Pedro Henry, considerado um dos líderes do esquema, também deveria prestar esclarecimentos na tarde de hoje, mas seu depoimento foi transferido para esta sexta-feira (06).
Nesta terça-feira (03) serão ouvidos os deputados Baiano Filho (PSDB) e Romoaldo Junior (MDB), bem como de Silvio Cesar Correa, ex-chefe de gabinete do ex-governador Silval Barbosa. O empresário Antonio Eduardo da Costa, um dos sócios da Santos Treinamento, também deverá prestar esclarecimentos na mesma data.
O deputado estadual Wilson Santos e Dalton Luiz Vasconcelos, ex-chefe de gabinete do deputado estadual Mauro Savi (DEM), estão agendados para o dia 04. Já no dia 05, o Gaeco deverá ouvir o deputado José Domingos Fraga, Marilci Malheiros Fernandes, Luiz Fernando Flaminio e Maria de Fátia Azoia Pinoti.
A OPERAÇÃO
A Operação Bereré é fruto da delação premiada do ex-presidente do Detran, Teodoro Moreira Lopes, o "Dóia". O desvio de dinheiro público na autarquia teria começado no ano de 2009, durante a gestão do então governador Silval Barbosa (PMDB).
O desvio de dinheiro teria sido possibilitado por meio da Resolução 320/09, a qual determinava que os contratos de financiamento de veículos e cláusula de alienação fiduciária, assim como o arrendamento mercantil de compra e venda com reserva de domínio público ou privado, deveriam ser registrados no Detran.
O processo licitatório para a contratação desses serviços foi fraudado e resultou no contrato entre o Detran e a EIG Mercados, empresa que venceu a licitação para prestar serviços de registro de financiamentos de contratos de veículos, por um período de vinte anos.
O contrato foi repactuado por duas vezes, sendo a primeira no ano de 2014, onde foi elevado de 10% para 30% os repasses para o órgão estadual. Já a segunda repactuação ocorreu em fevereiro de 2016, elevou para 50% do valor arrecadado pela empresa ao Detran.
A referida empresa ainda presta serviços ao Governo do Estado. Ela possui um contrato de aproximadamente R$ 3 milhões mensais através do Departamento de Trânsito. Deste montante, cerca de R$ 1,5 é repassado à autarquia. Inicialmente, Dóia afirma que o esquema rendia a organização criminosa cerca de R$ 1 milhão mensal.
O dinheiro desviado por meio das empresas de fachada FDL Serviços de Registro, Cadastro, Informatização e Certificação Ltda. (que agora usa o nome de EIG Mercados Ltda.), e a Santos Treinamento Ltda.