Projeto que visa tornar obrigatória a presença de policiais armados nas unidades escolares do Estado já começa a gerar embates na Assembleia Legislativa e fora dela. A proposta de autoria do deputado estadual Gilberto Cattani (PSL) é criticada pela diretoria do Sindicato dos Trabalhadores no Ensino Público de Mato Grosso (Sintep/MT) que entende ser desnecessária a presença de força policial armada no âmbito escolar.
De acordo com o projeto, o Estado fará integração operacional para disponibilização de policiamento efetivo nas entradas e saídas das escolas nos horários de funcionamento do ambiente escolar. Os agentes escalados para segurança das escolas utilizarão detectores de metais nos horários de entrada dos alunos e professores, podendo portar armas de fogo.
As crianças quando passam do portão para dentro é responsabilidade da gestão escolar e sem essa lógica de policiamento. É preciso se atacar as causas
Para Henrique Lopes, dirigente do Sintep, diz que há a necessidade de atacar a causa da violência. “As crianças quando passam do portão para dentro é responsabilidade da gestão escolar e sem essa lógica de policiamento. É preciso se atacar as causas. Um projeto, desse, mesmo que esteja eivado de boas intenções, ele não vai resolver nenhum problema de segurança pública no Estado. As ruas, os bairros, o tráfico de drogas são muito mais carentes de policiamento do que os espaços das escolas”, disse o dirigente ao O Bom da Notícia.
Ele ressalta que a insegurança na escola existe devido à insegurança na sociedade como um todo e é preciso que haja um trabalho para garantir a segurança do estudante fora da escola. “Não é colocando policial na escola para intimidar estudante e trabalhador da educação que vai resolver os possíveis problemas de violência. A vida dos nossos estudantes não é só no espaço escolar, mas também a convivência no bairro, traslado. Não há necessidade de se ter policial armado”, explica Henrique.
Opção pela tecnologia
O deputado estadual Thiago Silva (MDB) que é professor e tem como uma de suas bandeiras na Casa de Leis a educação, defende que o Estado invista em tecnologia de monitoramento, ações preventivas e inspetor de pátio nas entradas e saídas dos alunos.
“Acredito que quanto mais puder investir em tecnologia para melhorar a segurança nas escolas, diminui os possíveis riscos de atos ilícitos. O investimento em segurança sempre é importante. Agora, sobre colocar policiais, vejo que os próprios servidores podem fazer a segurança interna”, disse o parlamentar, ao O Bom da Notícia, ao citar uma lei de sua autoria, que cria o plano de proteção e evacuação nos casos de perigo real e iminente em unidades escolares.
O projeto de Cattani ainda torna obrigatória a instalação de câmeras de segurança na entrada dos colégios, com o armazenamento das imagens em arquivo físico ou digital pelo prazo mínimo de 90 dias de sua captura, devendo, quando necessário, ser disponibilizada às autoridades competentes.
No município
Caso aprovado, o projeto deve passar a valer em todas as unidades de ensino estaduais existentes no âmbito urbano e rural. A vereadora Edna Sampaio (PT), que também é professora, afirma que é preocupante a discussão de projetos voltados para a educação sem que sejam consultados especialistas e educadores. De acordo com ela, a militarização de vários setores têm demonstrado que o único poder reconhecido dentro da sociedade tem sido a da violência.
“Os policiais estão sendo colocados nas escolas para substituir os professores, para substituir o poder civil e democrático no governo, escolas estão sendo militarizadas. E ao invés da população evoluir no sentido da solidariedade e da necessidade de cooperação entre os indivíduos que compõem uma sociedade, cresce a perspectiva de inimigo do estado, então todos nós somos em potencial inimigo do estado e podemos ser a qualquer momento alvos de uma ação policial”.