Em sua página no Facebook, a deputada federal petista, professora Rosa Neide, desqualificou nesta quarta-feira de Cinzas(26), a convocação feita pelo presidente Jair Bolsonaro, para que os brasileiros apoiem seu governo e realizem atos contra o Congresso Nacional e o Supremo Tribunal Federal, em 15 de março.
A convocação foi realizada nesta última terça-feira(25), por meio de dois vídeos compartilhados no aplicativo WhastApp.
Lamentando a ação do presidente, a parlamentar diz 'que mesmo sem legalidade, Bolsonaro quer, contudo, destruir a paz no país'. Ainda alertando em seu post, sobre o perigo da convocação e que isto seria 'golpismo'
"Um presidente da república não tem legalidade para destruir a paz no país! A nossa jovem democracia está em perigo. Bolsonaro está convocando a sociedade para se opor aos preceitos constitucionais. O golpismo é a sua razão de viver!".
Um presidente da república não tem legalidade para destruir a paz no país! A nossa jovem democracia está em perigo. Bolsonaro está convocando a sociedade para se opor aos preceitos constitucionais. O golpismo é a sua razão de viver!
Outro político mato-grossense que se posicionou com relação à mensagem de Bolsonaro foi o deputado federal e presidente do Podemos em Mato Grosso, José Medeiros.
Claro, como de costume Medeiros saiu em defesa do presidente da República. Como um dos apoiadores de carteirinha de Bolsonaro, o deputado compartilhou em seu Facebook, post com foto do presidente, onde ele dá resposta quanto à convocação. Bolsonaro justifica que possui '35 milhões de seguidores nas redes, onde divulga informações que comumente não são noticiadas pela imprensa tradicional'. Conquanto no WhastApp, ainda diz o presidente, 'tenho poucos amigos, onde de forma reservada, trocamos mensagens. Qualquer ilação fora desse contexto são tentativas rasteiras de tumultuar a República'.
Paralelamente, em outra publicação, Medeiros frisa "à alguns desavisados que Jair Messias Bolsonaro não teve um caminhão de dinheiro e de partidos o apoiando em sua campanha, tinha alguns segundos de TV e virou presidente pelas mãos do povo!' e ainda diz:'Não menosprezem essa força'.
Rebatendo em seguida, Guilherme Boulos (Psol), que disputou a corrida presidencial em 2018, lembrando-o que ele [Boulos] 'teve meio % dos votos do Brasil, enquanto Bolsonaro tem 10 milhões de pessoas só no Facebook'.
Após Guilherme realizar - por meio de suas redes sociais -, alerta, à exemplo da deputada Professora Rosa Neide, para que o Congresso e STF reagissem à convocação do presidente à altura contra o que ele classificou de 'escalada fascista'.
"Nos próximos dias vamos convocar um Dia de Mobilização contra Bolsonaro, pela Democracia e por Direitos', ainda diz Boulos.
Entenda
Nesta última terça-feira (25), o presidente Jair Bolsonaro disparou dois vídeos pelo seu WhastApp, convocando os brasileiros a participarem de atos em apoio ao seu governo no dia 15 de março. E contra o Congresso e o STF.
A informação foi divulgada pelo blog BR Político, do jornal O Estado de S. Paulo, nesta terça e confirmada pelo ex-deputado Alberto Fraga à Folha de S. Paulo.
“Eu recebi 1 vídeo, ele [presidente] me encaminhou. Mas não foi ele que fez o vídeo. Confesso que não entendi assim [como 1 incentivo]. Ele nunca fez esse tipo de pedido. Quem está fazendo isso são os bolsonarianos pelas redes sociais. Para mim, mesmo, ele não falou absolutamente nada”, disse ao jornal.
Vídeos
Além do apoio a Bolsonaro, os atos organizados por movimentos de direita protestam contra o Congresso Nacional e contra o Supremo Tribunal. Em um dos vídeos, aparecem imagens da facada que Bolsonaro recebeu durante a campanha eleitoral acompanhada de frases apontando que o presidente quase morreu para defender país e, agora, precisa de apoio. Segundo a jornalista Vera Magalhães, Bolsonaro divulgou o material acompanhado da seguinte mensagem: “15 de março. Gen Heleno / Cap Bolsonaro. O Brasil é nosso. Não dos políticos de sempre”.
“Dia 15 vamos mostrar a força da família brasileira. Vamos mostrar que apoiamos Bolsonaro e rejeitamos os inimigos do Brasil. Somos sim capazes, e temos um presidente trabalhador, incansável, cristão, patriota, capaz, justo, incorruptível. Dia 15/03, todos nas ruas apoiando Bolsonaro”, diz um trecho da mensagem.
Reações
Após a convocação, vários polítiicos brasileiros reagiram à fala e apontaram ameaça à democracia. Um deles, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso se manifestou sobre a convocação de Bolsonaro, via Twitter.
”A ser verdade, como parece, que o próprio PR tuitou convocando uma manifestação contra o Congresso (a democracia) estamos com uma crise institucional de consequências gravíssimas. Calar seria concordar. Melhor gritar enquanto de tem voz, mesmo no Carnaval, com poucos ouvindo”, escreveu.
Já a ex-presidente Dilma Rousseff escreveu: “Bolsonaro e o general Heleno estão atentando descaradamente contra a constituição e a democracia ao convocar manifestação contra o Congresso Nacional. Torna-se urgente e necessária forte resposta das instituições ou o País mergulhará, mais uma vez, na escuridão das ditaduras.”
“Se o próprio presidente da República convoca manifestações contra o Congresso e o STF [Supremo Tribunal Federal], não resta dúvida de que todos aqueles que prezam pela democracia devem reagir. É criminoso excitar a população com mentiras contra as instituições democráticas e sem causa nenhuma, a não ser sua agenda anti-pobre, anti-produção e entreguista de nossas riquezas aos estrangeiros. Vamos lutar pela preservação da Constituição e pelo Brasil”, escreveu Ciro Gomes, em mensagem postada no Twitter.
O líder da oposição na Câmara, deputado Alessandro Molon (PSB-RJ), propôs uma reunião de emergência entre os presidentes da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), e líderes dos partidos para decidir o que fazer diante das manifestações do presidente Jair Bolsonaro contra o Congresso. “Temos que parar Bolsonaro! Basta! As forças democráticas deste país têm que se unir agora. Já! É inadiável uma reunião de forças contra esse poder autoritário. Ou defendemos a democracia agora ou não teremos mais nada para defender em breve”, afirmou Molon.
Nas redes sociais, o assunto tem dominado os debates e a hashtag #EuApoioBolsonaro já ultrapassou 76 mil tweets, Já a hashtag #ImpeachmentDeBolsonaro tem mais de 30 mil tweets. O assunto democracia foi citado em 152 mil tweets e Congresso 144 mil tweets. Até o momento, os presidentes da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, e do Senado, Davi Alcolumbre não se manifestaram sobre as mensagens enviadas por Jair Bolsonaro.
Há alguns dias, circula pelas redes sociais um panfleto assinado por “movimentos patriotas e conservadores” com uma convocação para o ato. A imagem traz fotos dos generais Augusto Heleno, ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), e Hamilton Mourão, vice-presidente. “Vamos às ruas em massa. Os generais aguardam as ordens do povo. Fora Maia e Alcolumbre”, diz o panfleto.
Procurada pela imprensa, a assessoria do Palácio do Planalto se limitou a dizer que “não comentará a publicação”.(Com informações do site Jornal Opção e BBC Brasil)