Cáceres não fugiu à luta e junto com o resto do país, também deu sua resposta aos atos golpistas que ocorreram em Brasília, no último domingo (08).
Ontem - 09 de janeiro -, no pátio da Universidade Estadual de Mato Grosso (Unemat), estudantes, professores, profissionais liberais e movimentos sociais, se uniram para dizer sim a Democracia e não ao facismo, e dar início a uma mobilização que precisa ser permanente nos próximos quatro anos, com objetivo de combater o bolsonarismo, para que ele não chegue fortalecido na eleição presidencial de 2026.
Entendimento esse que ficou latente nas falas que se sucederam durante o ato democrático. A esperança está no ar depois da derrota de Bolsonaro nas urnas, mas o bolsonarismo é uma ideologia nefasta que vai além da figura do ex-presidente. Por isso, é importante estar nas ruas, praças e periferias, conversando, conscientizando o povo sobre o que é o Estado Democrático de Direito, e porque ele precisa ser defendido com afinco, em detrimento de regimes autoritários e fascistas.
Portanto, é um movimento que não deve se prender aos muros da universidade! O diálogo tem que ser constante com a classe trabalhadora, com a dona de casa, para resgatar muita gente - levada como massa de manobra para a frente dos quartéis - que se perdeu no caminho. É preciso trabalho de formiguinha, de base mesmo!
Em Cáceres temos um exemplo histórico para seguir. Fico pensando se Jane Vanini fosse do nosso tempo, o que ela estaria fazendo agora? Com certeza estaria nas ruas, aglutinando, mobilizando, formando a resistência junto ao povo.
Devemos seguir esse legado, preservar essa memória, para que a história não se repita, para que o sacrifício de Vanine, durante a famigerada Ditadura empresarial-militar, não seja em vão.
E falando em ditadura, outra coisa importante, pontuada com maestria pela professora de história Rachel Tegon durante o ato democrático de ontem (09.01.23). O fato de ter gente na rua pedindo golpe tem explicação lá atrás, quando o estado brasileiro não puniu os militares que torturaram e assassinaram pessoas que discordavam do regime que perdurou no Brasil de 1964 a 1985, ou seja: enquanto nação, diferente de outros países, como a Argentina e o Chile, não fizemos o dever de casa, e daí se explica essas viúvas da ditadura em portas de quartéis pedindo uma nova intervenção militar.
Portanto, dessa vez, é sem anistia para essa gente! Que elas tenham seus Direitos Humanos preservados (coisa que esse povo detesta, por sinal), o devido processo legal cumprindo à risca, mas que elas sejam presas e devidamente punidas ao rigor da lei.
Opiniões diferentes, ser de esquerda ou de direita, faz parte do jogo, e é nessa diversidade, inclusive, que a gente caminha e se enriquece. Agora, existe um horizonte comum em que todos precisam compartilhar. E esse horizonte, reconquistado às custas de muito sangue, é a Democracia: um valor pelo qual vale a muito a pena lutar.
SEM ANISTIA!
Marcio Camilo é jornalista, remanescente de quilombo, músico e mestre em Comunicação e Poder pela Universidade Federal de Mato Grosso