O ministro da Justiça, Sérgio Moro, traçou uma estratégia para tentar salvar seu pacote anticrime no Congresso Nacional. Com sucessivas derrotas na Câmara, o ministro consultou a “bancada da bala” e agora está à procura de um relator “amigo”, favorável às propostas, para retomar o texto original em plenário. Ao mesmo tempo, o ministério vai lançar uma campanha publicitária para garantir apoio às medidas.
Ao abandonar 22 anos de magistratura para integrar o governo, Moro justificou a decisão com a possibilidade de aperfeiçoar a legislação anticorrupção no país. O pacote anticrime é sua principal bandeira como ministro, mas tem sido desfigurado por deputados. A ofensiva ocorre após Moro sofrer desgaste no governo depois de uma queda de braço com o presidente Jair Bolsonaro por trocas na Polícia Federal.
“Moro ressurge com pacote após sofrer desgaste depois de uma queda de braço com o presidente”
As peças na TV, no rádio e nas redes sociais já deveriam estar no ar desde junho, mas acabaram na “geladeira” após a divulgação das primeiras reportagens envolvendo troca de mensagens atribuídas a Moro e a procuradores da Lava Jato na época em que o atual ministro era juiz federal. As conversas, divulgadas pelo site The Intercept Brasil, foram vazadas por um hacker, hoje preso.
O governo negou que a suspensão da propaganda estivesse relacionada ao escândalo e atribuiu a decisão à discussão da reforma da Previdência. A justificativa oficial foi a de que os comerciais foram adiados para não desviar o foco da reforma. No início de agosto o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), indicou a Moro e a Bolsonaro que poderia levar o texto do pacote anticrime direto ao Plenário, mas não garantiu uma “relatoria amiga”. Em uma tentativa de acelerar a aprovação, Moro encaminhou o pacote paralelamente à Câmara e ao Senado. Enquanto deputados já rejeitaram a maioria dos pontos, ao menos um item, a criminalização do caixa 2, já foi aprovado pelos senadores da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ).