Sexta-feira, 26 de Abril de 2024

POLÍCIA Quarta-feira, 05 de Junho de 2019, 15:15 - A | A

Quarta-feira, 05 de Junho de 2019, 15h:15 - A | A

TENENTE QUER SER CAPITÃ

Nova denúncia de tortura feita contra Ledur é investigada pelo Corpo de Bombeiros

Rafael Medeiros - O Bom da Notícia

Um novo Inquérito Policial Militar (IPM) foi instaurado pelo Corpo de Bombeiros de Mato Grosso, para investigar uma nova denúncia de tortura que teria sido cometida pela tenente Izadora Ledur, acusada da morte do aluno Rodrigo Claro. Desta vez o denunciante é o ex-aluno Maurício Santos, que diz que a tenente o torturou durante cinco meses, no 15º curso de Formação do Corpo de Bombeiros, em 2015.

 

Maurício disse que se não tivesse desistido do curso teria morrido nas mãos de Ledur. “A mesma coisa que aconteceu com o Rodrigo Claro aconteceu comigo, a única diferença que com o Rodrigo ela fez enquanto ele realizava a travessia e comigo ela fez parado no meio da Lagoa. Eu comecei a sentir câimbras durante a travessia, meu Canga e alguns colegas do pelotão foram me ajudando, logo mais recebi uma bóia. Quando estávamos no meio da Lagoa ela mandou q todos me deixassem e me chamou até ela, Eu sabia oq ela ia fazer e tive medo de que ali já seria o fim de tudo. Quando me aproximei ela começou a me xingar, zombava da minha cara”, afirmou.

 

O curso que Maurício participou começou em julho de 2015. Ele contou que até dezembro de 2015 o foco era nas disciplinas teóricas, mas com algumas atividades físicas. Já em janeiro de 2016 foram iniciadas as atividades práticas, com aulas de salvamento aquático, salvamento em altura e terrestre, entre outras disciplinas. No entanto, no início as aulas não eram ministradas por Ledur.

 

“No começo eram com outros oficiais. Eu tinha dificuldade com água, então me preparava antes, em horários de folga, fazia treinamentos e consegui melhorar um pouco. Eu tinha dificuldade sim, às vezes não conseguia chegar ao final, porém em nenhum destes momentos eu passei o que eu vim a passar depois nas mãos dela”, explicou Mauricio. 

 

Foi no início do mês de fevereiro que a tenente Ledur começou a ser responsável pela disciplina aquática, e as aulas eram ministradas na lagoa Trevisan em Cuiabá. “Na dos outros oficiais eu passei, no relatório mostra que fui aprovado. Aí começou as instruções com ela na lagoa Trevisan. E foi ali que ela destruiu meu sonho, acabou comigo, até hoje a gente sofre as consequências”, contou Mauricio. 

 

Hoje Mauricio é analista de logística e desistiu de ser bombeiro militar. "Fui OBRIGADO a deixar de ser bombeiro para estar vivo aqui hoje, caso contrário teria sido eu ao invés do Rodrigo. Meu sonho foi destruído pela Ledur", lamentou o jovem. 

 

As informações são de a vítima e algumas testemunhas já foram intimadas a prestar esclarecimentos sobre o caso.

 

A assessoria de imprensa da corporação, informou ao O Bom da Notícia, que sob pena de atrapalhar as investigações, o encarregado do inquérito optou por não auxiliar a reportagem. 

 

No dia 05 de agosto seguem os interrogatórios de dois bombeiros militares, do perito que assinou o laudo da morte e em seguida de Izadora Ledur. 

 

A morte de Rodrigo

 

Rodrigo Claro morreu no dia 15 de novembro de 2016 após participar de treinamento e atividades aquáticas, pelo 16º Curso de Formação de Soldado Bombeiro de Mato Grosso.

 

Segundo denúncia do Ministério Público, a vítima foi submetida, por várias vezes a sessões de afogamento durante a travessia na lagoa, sob o comando da tenente Ledur, o que resultou na sua morte. 

 

Ledur responde também processo criminal, por tortura, resultando em morte, na Justiça Militar. Na próxima semana, por sinal, serão ouvidas as últimas testemunhas e está marcado também o depoimento da acusada. A tenente ficou mais de 700 dias de licença médica após a morte do aluno. Voltou recentemente para a corporação e tenta a promoção para capitã.

 

A bombeira voltou para a instituição em junho de 2018, como forma de evitar  de ser aposentada por invalidez. Já que o estatuto dos militares é bem claro que se um militar permanecer afastado por mais de um ano contínuo, em licença para tratamento de saúde, será agregado .

 

Ledur entrou com atestados médicos [ao todo 13], sob a alegação de depressão, assim, revelando que estaria impossibilitada de voltar as atividades e, igualmente, de responder ao Conselho de Justificação do Corpo de Bombeiros. Seu primeiro atestado médico foi no dia 20 de dezembro de 2016.

 

Ela só será ouvida após depoimentos de todas as testemunhas. (Com informações do GazetaMT)