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AGRO & ECONOMIA Quinta-feira, 28 de Novembro de 2019, 10:27 - A | A

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Perspectivas de crescimento dependem do desfecho das reformas necessárias no país

O Bom da Notícia

“O mar não está para peixe”, mas existem oportunidades significativas para a economia brasileira já que ela está operando abaixo do seu potencial de longo prazo. É o que ressaltou o professor associado da Fundação Dom Cabral (FDC), o Ph.D. em economia Carlos Primo Braga, acerca do atual momento econômico e os possíveis cenários para 2020. Braga abordou o tema durante o “Comitê de Presidentes” da FDC, realizado essa semana, em Cuiabá.     

 

Conforme Braga, existem aspectos positivos que são um alento para o futuro e outros que são preocupantes. “A ‘lua de mel’ do novo governo foi curta em virtude dos desencontros da administração nos primeiros seis meses, mas o progresso na reforma da previdência e as reformas estruturais sendo consideradas abrem novas oportunidades em termos de um ajuste positivo de expectativas”, ponderou. No entanto, o professor – que já foi vice-presidente interino do conselho de administração do Grupo Banco Mundial – trouxe um alerta: até onde será possível avançar com a agenda de reformas em 2019/2020? “A liderança presidencial e a capacidade de articulação do Executivo no Congresso serão variáveis críticas. 

 

A polarização da sociedade brasileira (em termos sociais, regionais e entre gerações) também soma como um desafio significativo para a implantação das reformas”. De acordo com Braga, o atual panorama brasileiro exige reflexão. “Há a ‘obesidade’ do setor público (desequilíbrio fiscal); os custos elevados de se fazer negócios (burocracia, complexidade regulatória e etc); a ‘anemia’ do setor privado (baixa produtividade e níveis inadequados de investimento); a fragmentação política (necessidade de negociar coalizões em troca de benesses e tensões entre os três poderes); e uma cultura que não privilegia comportamentos éticos”. 

 

O especialista também reforçou que o país ainda terá que lidar com grandes questões no âmbito doméstico que não demandam apenas reformas estruturais, mas também de liderança política. “Isso envolve desde temas como violência, educação, saúde, corrupção, governança política, desequilíbrio fiscal, baixa produtividade, reforma da previdência, dívidas até desemprego, etc. Mesmo assim, as previsões apontam uma taxa de crescimento de 2% para 2020”, comentou. 

 

Braga ainda assinalou que existem desafios externos nesse contexto. “É cedo para considerar o quão volátil será o ambiente internacional e quais serão as implicações para os termos de troca da economia brasileira, bem como prever o posicionamento do país vis-à-vis o confronto entre Estados Unidos e China. Outros desafios externos abrangem o populismo em confronto com o ‘globalismo’; tensões políticas; choques tecnológicos; Brexit e a zona de euro; entre outros”.

 

FDC – Considerada a 10ª melhor escola de negócios do mundo em 2019 pelo jornal britânico Financial Times, a FDC foi criada em Belo Horizonte em 1976 e tem como missão a educação executiva, com atividades no Brasil e no exterior. Em Mato Grosso, a Fundação Dom Cabral é associada ao Grupo Valure. Entre as atividades desenvolvidas pela FDC no Estado consta o programa Parceiros para a Excelência (Paex), que originou o Comitê de Presidentes, e o programa de especialização em Gestão de Negócios. Mais informações pelo telefone (65) 3318-2600.