Tem algo muito bonito acontecendo na dermatologia nos últimos anos. As pessoas estão, aos poucos, se libertando da ideia de que cuidar da pele significa parecer mais jovem a qualquer custo. Hoje, o que muitos buscam é se sentir bem com o reflexo que veem — e isso tem mais a ver com autoestima do que com idade.
Dentro dessa mudança de olhar, os bioestimuladores de colágeno ganharam espaço de forma muito natural. Eles representam uma virada na forma como tratamos o envelhecimento da pele: em vez de tentar esconder os sinais do tempo com volumes e intervenções imediatistas, passamos a trabalhar de dentro para fora, estimulando a própria pele a se regenerar.
Dois nomes têm sido muito falados — e com razão. O primeiro é o ácido polilático, que atua como um incentivo para que nosso corpo volte a produzir colágeno. Ele não faz milagres da noite para o dia. Na verdade, sua beleza está justamente nisso: o efeito é progressivo, discreto e muito elegante. É como se, aos poucos, a pele fosse recuperando sua firmeza, sua densidade, seu viço.
Outro ativo que gosto muito de usar é a hidroxapatita de cálcio. Além de estimular o colágeno, ela já dá uma leve sustentação logo após a aplicação. Mas, assim como o ácido polilático, o resultado real vem com o tempo. E quanto mais tempo a gente respeita, mais natural o rosto responde.
O mais interessante nesses tratamentos é que eles não “transformam” ninguém. Não mudam a expressão, não alteram a identidade. Ao contrário: ajudam a pessoa a se reencontrar com sua própria imagem — e isso, para mim, tem um valor imenso.
Claro, não existe fórmula mágica nem protocolo engessado. Cada pele conta uma história. Cada rosto tem um ritmo. E é por isso que o uso de bioestimuladores precisa ser feito com critério, sensibilidade e conhecimento técnico. Mais do que aplicar um produto, é preciso enxergar a pessoa por inteiro.
O que eu vejo, dia após dia no consultório, é que envelhecer bem não significa apagar o tempo. Significa estar em paz com ele. E se a ciência pode nos ajudar a fazer isso com mais leveza, por que não?Cuidar da pele é um gesto de carinho. É uma escolha de olhar com gentileza para quem somos... agora.
Cíntia Procópio é dermatologista, especialista em rejuvenescimento com naturalidade.