A campanha do Laço Branco foi lançada pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 2001 e remonta a uma iniciativa criada no Canadá, em 1991, quando um grupo de homens se mobilizou no compromisso de enfrentar a violência contra as mulheres. Isso porque, naquele país, um homem assassinou 14 mulheres em uma escola politécnica, episódio que ficou conhecido como o Massacre de Montreal (1989).
A morte e a violência contra mulheres ainda são uma realidade cruel e em crescimento em Mato Grosso, que neste ano já registrou 51 feminicídios, superando, já em novembro, a quantidade de mulheres mortas no Estado em 2024, quando foram registrados 47 casos.
Estamos diante de um cenário estarrecedor, que só pode ser modificado com a participação efetiva de todos, homens e mulheres. Por isso, o Laço Branco nos convoca a um chamado urgente: romper o silêncio, reconhecer responsabilidades e transformar comportamentos. Não há avanço verdadeiro na proteção das mulheres sem a participação ativa dos homens nessa mudança.
No âmbito da advocacia, temos reforçado esse compromisso com ações concretas. Em agosto, a OAB-MT, por meio da Comissão da Mulher Advogada, lançou o e-book Acolhimento e Encaminhamento às Advogadas em Situação de Violência Doméstica, instrumento criado para acolher e garantir apoio efetivo às mulheres advogadas vítimas de violência, seja no âmbito doméstico ou profissional.
Sabemos, porém, que acolhimento e assistência são apenas parte do enfrentamento. Para que a violência deixe de ser uma realidade, precisamos de transformações profundas, de ordem cultural, educacional e social. É necessário ensinar desde cedo que respeito não é concessão: é fundamento ético de uma sociedade justa.
A Campanha do Laço Branco reforça que homens podem e devem ocupar posição ativa no enfrentamento à violência. É um gesto que ultrapassa o simbólico e se traduz em atitudes concretas: não silenciar, não relativizar, não compactuar. A dignidade das mulheres é responsabilidade de todos.
A OAB-MT segue firme nesse compromisso, mobilizando a advocacia e dialogando com o Poder Público para que políticas de prevenção, proteção e responsabilização avancem de modo consistente. Acreditamos que a construção de uma cultura de paz e igualdade é possível, ainda que desafiadora. Para isso, precisamos da união de mulheres e homens, advogadas e advogados, instituições e toda a sociedade.
Gisela Cardoso é presidente da Ordem dos Advogados do Brasil Seccional Mato Grosso (OAB-MT)
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