Sexta-feira, 26 de Julho de 2024

ARTIGOS Quinta-feira, 07 de Março de 2024, 17:02 - A | A

Quinta-feira, 07 de Março de 2024, 17h:02 - A | A

FELLIPE CORRÊA

Perdão não é impunidade

Emanuel Pinheiro encaminhou para a Câmara de Cuiabá um projeto instituindo o "Dia do Perdão" exatamente no dia em que ele voltou ao cargo da primeira vez que foi afastado. Não colou. Talvez haja um equivoco - na cabeça do prefeito novamente afastado - entre perdão e impunidade. Mas, se o seu problema é emocional, eu não te odeio, Emanuel. Pedi sua cassação 5 vezes, critico sua gestão catastrófica, e não acredito que aquele dinheiro na paletó era pesquisa. Mas não te odeio.

Creio que, assim como eu, nenhum dos vereadores que compõem a oposição comigo te odeiem, nem os policiais civis e federais, delegados e promotores que deflagraram dezenas de operações contra a corrupção na Prefeitura te odeiem. Acredito que o Desembargador Luiz Ferreira da Silva, que te afastou pela segunda vez esta semana, e a Ministra do STJ Maria Thereza de Assis Moura, que votou pela retomada do afastamento anterior, também não te odeiam. Acalma esse coração.

Todos nós estamos apenas fazendo o nosso trabalho, e porque você não fez o seu. Seu trabalho era cuidar da cidade, não destruí-la. Você foi eleito pra chefiar o Executivo, não uma organização criminosa. Deixou pessoas “morrerem como baratas” para fazer da Saúde seu “canhão político”, por isso o Desembargador Orlando Perri decretou a Intervenção; sangrou os cofres do município até endividá-lo em R$ 1,2 bilhão, por isso o TCE recomentou rejeitar suas contas. Não é por ódio.

Descumprir decisões dos Tribunais de Justiça e de Contas, zerar a nota no Tesouro Nacional, não responder requerimentos da Câmara, não te odiamos por isso. Odiamos as consequências disso.

Dá ódio ver Cuiabá suja, mal cuidada, esburacada; contribuintes pagando taxa de iluminação pra ficar no escuro na porta de casa, sofrendo à espera do médico cuja escala só existe no papel, ou com o filho chorando de dor no colo pela falta do remédio que jogou toneladas vencidas no lixo.

É pelas consequências que você deveria pedir perdão aos cuiabanos, mas se questione antes se o arrependimento é sincero, quem se arrepende muda. Você propôs o Dia do Perdão e continuou fazendo até ser afastado novamente. Chacota, com o Legislativo e com o povo. Finalmente, sinto vir vindo no vento o cheiro de nova estação, e cada vereador que lhe apoiava já sabe que precisa cassar seu mandato para afastar a dúvida se o seu chefe é o que chefia a organização criminosa.

Fellipe Corrêa é vereador por Cuiabá