O tabuleiro político de Mato Grosso já está sendo mexido com intensidade incomum. Com disputas internas, alianças em formação e uma estratégia de desconstrução antecipada sendo colocada em prática, com os principais grupos políticos do Estado agindo como se já estivessem em campanha.
Assim, o que se vê é um jogo de vaidades, onde nomes se lançam, recuam ou avançam na tentativa de ocupar espaços e se consolidar até 2026.
Entre os nomes mais bem posicionados na largada está a deputada estadual Janaína Riva (MDB), que lidera pesquisas de intenção de voto para o governo. Com forte presença institucional após anos como vice-presidente da Assembleia Legislativa e herdeira de um capital político histórico, Janaína tem sido vista como figura de destaque também para o Senado Federal — cargo que, nos bastidores, é apontado como o mais provável para sua candidatura. Sua popularidade e visibilidade a tornam uma peça central no xadrez eleitoral, com potencial para influenciar diretamente outras composições.
Igualmente, em ascensão, aparece o senador Wellington Fagundes (PL), que busca mais uma vez o Executivo estadual. Com apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro e forte base no interior, especialmente entre produtores rurais e prefeitos do agro, Fagundes se movimenta para consolidar seu espaço como o candidato da direita bolsonarista.
Igualmente na ambiência política, outro nome que vem ganhando notoriedade no tabuleiro político é a deputada Gisela Simona, presidente do União Brasil em Cuiabá e líder da bancada feminina do partido na Câmara Federal. Conhecida ainda como Gisela do Procon, a parlamentar faz parte dos poucos mais de 25% de pessoas negras e pardas que têm uma cadeira no Congresso.
Gisela tem sido a novidade da bancada de Mato Grosso, na Câmara Federal. Na posição como centro-direita, foi a única a votar pela taxação dos mais ricos e vem se mostrando corajosa em debater temas espinhosos. Defensora da mulher, vem cristalizando sua imagem — para além da Gisela do Procon — como uma parlamentar que denuncia o machismo estrutural e as milhares de mortes de mulheres, em especial, em Mato Grosso, que voltou a liderar o ranking de feminicídios. Cuiabana, advogada, servidora pública e já tendo encarado outras eleições, Gisela busca sua reeleição como deputada federal com grandes chances de marcar um golaço nas urnas.
Também no grupo do governo, o atual vice-governador Otaviano Pivetta(Republicanos) - que oficializou sua pré-candidatura na disputa pelo Paiaguás -, já tem o apoio de Mauro Mendes. Mesmo que - por enquanto - não seja um apoio público, já que uma decisão desta amplitude pode colocar mais fogo na fogueira e causar mais estremecimento interno no União Brasil, partido que passa por uma verdadeira guerra fria de bastidores.
A legenda reúne hoje lideranças influentes — como o governador, presidente da legenda em Mato Grosso, e o senador Jayme Campos — mas nenhuma convergência clara. O racha interno é evidente e deve impactar diretamente na definição das chapas.
Mauro Mendes, por sua vez, ainda não cravou se disputará o Senado, mas seu silêncio tem causado movimentações paralelas e especulações. Mendes ainda é a principal liderança política em atividade no Estado, e sua decisão pode ser o fiel da balança para a estruturação de candidaturas governistas.
Correndo por fora, um nome começa a ganhar atenção nos bastidores: o do ex-senador Cidinho Santos. Atualmente, ele preside o consórcio Nova Rota do Oeste, responsável pelas obras de duplicação e recuperação da BR-163 — uma das maiores demandas da infraestrutura estadual. A visibilidade que vem obtendo com o avanço das obras, somada à sua boa relação com o setor produtivo e com figuras do alto escalão de Brasília, o colocam como uma possível surpresa na disputa por cargos majoritários, seja ao Senado, governo ou como articulador de peso em alianças.
Enquanto nomes se posicionam, outros apenas testam o cenário. Em muitos casos, as pré-candidaturas servem menos como intenções reais de disputar, e mais como ferramentas para barganhar espaço e garantir protagonismo nas composições finais.
Mas talvez o aspecto mais marcante desse pré-jogo eleitoral seja o tom das articulações: ataques, insinuações, rompimentos e traições veladas já fazem parte da paisagem política, mesmo entre figuras que compartilham legendas ou alianças históricas. A antecipação da tática de desconstrução do adversário é notória — e não poupa nem amigos.
Essa movimentação agressiva evidencia que, para muitos, a eleição será mais uma batalha de grupos do que de propostas. O projeto coletivo de Estado cede lugar à guerra pelo poder, onde vale tudo para ocupar o trono.
A tática de desqualificar o outro como única forma de se promover é sinal de fraqueza programática. Quem quer governar precisa mais do que destruir o oponente — precisa construir ideias, apresentar soluções e respeitar a inteligência do cidadão.
O xadrez político de Mato Grosso para 2026 está armado. As peças já se movem com agressividade e ambição. Resta saber se, no final do jogo, vencerá o interesse público.
Diego Lemos é jornalista no portal Noticias e Fatos, consultor de marketing estratégico e publicitário.