“Um heteronormativo pode ser uma drag queen, assim como um homossexual”, disse Nelly Winter durante entrevista no Cast do Bom, no estúdio do site O Bom da Notícia nesta terça-feira (18), ao explicar - em conversa com a jornalista Marisa Batalha -, que ela enquanto artista drag queen, atua artísticamente vestindo roupas extravagantes, associadas à mulher e imitando, igualmente, voz e trejeitos femininos, mas sem a preocupação de ser uma mulher.
"Já o travesti pode, claro, atuar como drag. Contudo, a travesti, em especial, é uma pessoa que se identifica com um gênero diferente daquele que lhe foi atribuído em consonância com seu sexo ao nascer. Assim, constrói a identidade, como se vê no espelho, muito para além do conceito de gênero. Gosto de explicar porque nós que atuamos como drag queen - que é uma manifestação artística -, ou seja, podemos ou não sermos homossexuais',
Ainda buscando desmistificar estes conceitos, Nelly faz questão de reiterar que a orientação sexual não influencia no personagem.
“Drag queen é uma manifestação artística! Portanto, a orientação sexual não influencia no personagem. Hoje, levanto esta bandeira justamente para desmistificar e orientar as pessoas, pois, muitas pessoas acham que sou uma mulher trans e não sou. Sou uma drag queen!”, disse
Nelly explica que ‘dentro da arte drag’ existem diversas formas de se apresentar, como as transformistas, por exemplo, que buscam ser mais semelhantes às mulheres.
“Dentro da arte drag, existem as transformistas, a exemplo, do Pabllo Vittar que é uma transformista. Porquê? A transformista se aproxima mais da figura feminina, de uma mulher. A drag queen é possível ver que é um homem, pois não tem a preocupação de moldar o corpo para ser feminino, diferente da mulher trans e travesti, elas já são mulheres 24 horas. Costumo dizer que a travesti está no meio do caminho, na transição. Não gosto de usar a palavra travesti, pois é muito pejorativo. Pois foi muitas vezes usado para xingar essas pessoas, e hoje, todas são mulheres trans, independente do grau de transição!”, explicou
Conheça
Nelly Winter foi criada por Thon Silva há 20 anos, inicialmente como um hobby e hoje atua profissionalmente.
Ela passa a fazer parte da Casa — ou seja, se torna mais um grande produto do O Bom da Notícia —, com o programa DragPod. De olho em dar espaço às minorias não só invisibilizadas, como ainda aquelas que ao serem expostas na mídia, comumente, são colocadas de forma pejorativa.