Durante uma noite movimentada no restaurante Brasido, em Cuiabá, um olhar atento fez toda a diferença. O gerente da casa, Vilmar Oliveira, percebeu que uma cliente estava visivelmente desconfortável com a atitude de seu acompanhante. “Ela estava olhando para diversas direções e se comportando de forma diferente”.
Graças à capacitação recebida pela equipe, Vilmar reconheceu os sinais e interveio com cuidado. “Abordei com respeito, de forma discreta, e ofereci ajuda. Ela confirmou que estava se sentindo constrangida com as atitudes do acompanhante. Nos colocamos à disposição para apoiá-la, sem forçar nenhuma decisão, apenas respeitando sua vontade e colocando em prática o treinamento recebido”, conta.
Esse tipo de acolhimento é exatamente o que propõe o protocolo “Não é Não – Mulheres Seguras”, instituído pela Lei Federal nº 14.786/2023. A lei determina que bares, restaurantes e casas de eventos estejam preparados para acolher mulheres em situação de risco, com medidas eficazes e humanizadas.
O Brasido aderiu ao protocolo e recebeu o selo que reconhece o compromisso com a causa. A iniciativa é mais do que um cumprimento legal, está alinhada com os valores da empresa. Para isso, o restaurante investe em capacitação contínua de seus funcionários, tendo já realizado dois treinamentos (de formação e atualização) em três anos de estabelecimento.
Quem conduziu a formação mais recente foi a advogada Ana Carolina Mack, responsável pelo compliance do restaurante. “A capacitação não é só uma cartilha, é uma conversa real com a equipe. O protocolo precisa ser praticado todos os dias, e por isso ele também está visível em nossos espaços: no banheiro feminino e no hall de entrada”, explica.
Dentro da programação do treinamento estiveram temas como: objetivo da lei, quando acionar o protocolo e quais são os deveres do estabelecimento. “Precisamos estar atentos. Um olhar, um gesto, uma palavra podem ser suficientes e a equipe precisa estar prepara para agir.”
O treinamento também foi uma oportunidade para que a equipe conhecesse melhor os direitos das mulheres além do ambiente do trabalho, também em outras situações do dia a dia. “Com a adesão ao “Não é Não”, o restaurante se consolida como um ambiente seguro, aonde o cuidado vai além do prato servido, está no respeito e na empatia com os clientes”.