Ao ser questionada sobre a chacina em Sorriso (420 km de Cuiabá), onde mãe e filhas foram assinadas pelos pedreiro Gilberto Rodrigues dos Anjos, a delegada Jozirlethe Magalhães Criveletto, - Titular das Delegacias do Adolescente de Cuiabá e de Várzea Grande -, lembrou os dados que revelam o aumento de casos de violências sexuais e que em sua maioria são realizados por pessoas próximas às famílias ou que indiretamente as circundam.
Gilberto que confessou o crime, revelou em seu depoimento ele disse que a mãe, Cleci Calvi Cardoso (46) e as filhas Miliane Calvi Cardoso (19) e Manuela Calvi Cardoso (13) foram esfaqueadas e estupradas por ele, enquanto ainda estavam agonizando. Já a quarta vítima, Melissa Calvi Cardoso, de 10 anos, foi morta por asfixia. O crime chocou o país.
“Hoje, conversamos muito sobre crimes de estupros que aumentaram em 16%, e que, comumente, são realizados por pessoas próximas às vezes parentes, vizinhos ou amigos e mesmo pessoas que circundam ou observam este circulo de pessoas”, lembrou a delegada durante entrevista ao Cast do Bom do site O Bom da Notícia, nesta semana.
E, de acordo com a avaliação profissional da delegada, o caso ocorrido no município de Sorriso encaixa-se perfeitamente no perfil do crime de estupro de pessoas próximas, já que o pedreiro trabalhava ao lado da cena do crime e pode ter premeditado e orquestrado toda a situação para a concretização dos feminicídios.
“Neste caso não é diferente, não tiramos o fato de ser uma pessoa próxima, porque ele estava monitorando a rotina da família.Ou seja, ele estava de uma distância que conseguia verificar cada uma delas. Portanto, podemos dizer que ele premeditou! Ou seja, ele estudou, e manipulou toda a situação de estar em uma construção como pedreiro. Um pseudo coitado que chegou de fora precisando de emprego e conseguiu a compaixão do empregador que o deixou dormir na construção. Então é perceptível que ele já tinha toda a situação preparada para que pudesse cometer o crime”, pontuou
Não se esquivando de dar sua opinião pessoal, Jozirlethe afirmou ainda não consegue digerir casos como estes, “é incompreensível’.
“Agora falando com pessoa e como mulher, quando fiquei sabendo do caso eu não conseguia nem comer, pois, a gente tenta compreender, mas é incompreensível!”, finalizou.
Entenda quem é Gilberto
O pedreiro Gilberto Rodrigues, autor do quádruplo feminicídio que vitimou uma família inteira em Sorriso, no Norte de Mato Grosso, crime que chocou todo o país, já havia assassinado, em 2013, o jornalista Osni Mendes. A vítima foi enforcada e teve seu veículo roubado em Mineiros, no sudoeste de Goiás.
Na última segunda-feira(27), Gilberto confessou em seu depoimento que matou a mae e as quatro filhas com requintes de profunda crueldade. Com a sua prisão, na última segunda-feira (27), a Justiça de Goiás atualizou o processo da morte de Osni para réu preso.
Para o delegado da Polícia Civil, Bruno França, responsável pelo caso em Mato Grosso, o pedreiro Gilberto Rodrigues, autor do quádruplo feminicídioem Sorriso é, literalmente, um serial killer. Ao apontar que após os feminicídios, ele teria guardado as roupas sujas de sangue e roupas íntimas das vítimas como lembrança.
"Ele é um predador em série, o que a gente chama de serial killer. Ele alega que estava drogado, mas isso não vai influenciar, pois todas as provas indicam que ele é um predador em série. Depois de confessar o crime, ele apontou onde havia guardado os instrumentos. Ele havia reservado as roupas sujas de sangue e roupas íntimas das vítimas como lembrança, então é muito claro que a pessoa sabia do que estava fazendo, e com esse tipo de ato calculista, ato de quem pensa, reflete, leva lembrança", disse.
Também pesa contra Gilberto um crime sexual no município de Lucas do Rio Verde, a 360 km da capital.
Veja a entrevista completa