Com objetivo de manter vivo os costumes e tradições dos indígenas Balatiponé-Umutina, habitantes do vale dos rios Bugres e Paraguai, localizados em Barra do Bugres (175,3 km de Cuiabá), foram contemplados pela Secretaria de Estado de Cultura de Mato Grosso (Secel), através da Lei Aldir Blanc, para elaboração de dois grandes projetos que fornecem fonte de renda e emprego a comunidade com grande variedade de artesanato, turismo sustentável e etnocultural.
O líder do povo Umutina Aldeia Central e coordenador proponente dos projetos Criações Bôloriê Umutina e Vivência Umutina Balatiponé (turismo), Isaac Amajunepá conversou com O Bom da Notícia e informou que, para a construção dos projetos, eles foram submetidos a diversas etapas, passando por 9 aldeias do território Umutina, coletando dados e ouvindo demandas dos Caciques de cada aldeia, para enfim, iniciar as oficinas de capacitação.
Nossa comunidade está ciente do nosso trabalho, a aprovação dos projetos foi muito bem recebida.
“Nossa comunidade está ciente do nosso trabalho, a aprovação dos projetos foi muito bem recebida. Eu faço parte do grupo de liderança da Aldeia Central, Território Umutina. Minha função é buscar recursos, parceiros e projetos para beneficiar a nossa aldeia central e as pequenas aldeias que ainda se encontram jurisdicionadas pela Central que é comandada pelo Cacique Luciel Boroponepá”, explicou.
Pioneiros, o projeto de base criativa e inovadora ganhou grande visibilidade e reconhecimento do público, gerando grande sucesso para as biojoiais, itens de decoração e cestaria. Além disso, a aldeia conta com profissionais capacitados, como a profissional e mestre na área de Jornalismo Helena Indiara que ajudou, principalmente, a Bôloriê a obter o reconhecimento necessário.
Através dos projetos, até o momento, 20 artesãs chefes de família já foram beneficiadas. Contudo, futuramente, 9 aldeias do território Umutina serão beneficiadas, pois há a iniciativa e planejamento de comprar produtos de outras etnias.
Vendas
As biojoiais são feitas por artesãos da etnia e a compra é realizada através do site bolorieumutina.com.br, garantindo assim, o sustento de gerações. Apesar de ser via site, o coordenador informa que o pagamento das vendas é extremamente seguro, pensando principalmente no comprador, possuindo um sistema de vendas bastante eficaz.
“Assim que uma compra é finalizada, somos avisados e imediatamente é enviado um e-mail para o comprador, mas o envio da mercadoria é só liberado quando o valor da venda entra na Bôloriê”, disse.
Turismo
O projeto Umutina Balatiponé oferece aos visitantes que desejam hospedagem na aldeia hotel. Assim, eles podem ficar por 4 dias hospedados na aldeia hotel e realizar uma rota turística que passa por 8 aldeias dentro do território.
Os turistas terão a oportunidade de conhecer o Centro de Distribuição da Bilôriê, a história do povo Balatiponé, contos, mitos, a convivência com Marechal Rondon, trilhas, passeio de barco pelo rio bugre e rio paraguai, comidas típicas, dança tradicional e muitos outros atrativos. Além disso, também será oferecido no formato day use.
Cultura
A cultura do povo indígena Balatiponé-Umutina, tanto material quanto imaterial, teve enorme prejuízo devido à exploração e expansão territorial, que causou muitos conflitos e epidemias diminuindo drasticamente a população. A perda mais significativa foi o silenciamento linguístico.
A cultura Balatiponé demorou anos para se reerguer novamente, mas com esforço contínuo de toda a comunidade, em especial dos anciões, lideranças, professores e a juventude a cultura se reergueu dando destaque a ornamentos feitos com plumagens, entre eles os cocares, leques, braceletes.
Os colares masculinos são confeccionados de dentes de animais como: onça, queixada, cateto, jacaré. Os colares das mulheres geralmente sao feitos com sementes e pequenos dentes de animais. As pinturas corporais masculinas e femininas diferenciam entre si e marcam as fases da vida. Elas simbolizam os animais e peixes que tem grande significado para o povo.
Além disso, são fabricados diversos utensílios como arco e flecha e tacape-espada. Os trançados são inúmeros e de diversos tamanhos cada um tem uma finalidade e pode ser feito de diferentes matérias-primas colhidas na natureza: tabocas, palmeiras, cipós.
Desta forma, há na modalidade de arte material, há duas formas: de uso pessoal e ritual, sendo assim, ligados a espiritualidade da etnia. A outra modalidade é a arte mais comercial onde o artesão tem a liberdade de criar e fazer mudanças. Entre essas duas modalidades geralmente há especialistas homens e mulheres.
Devido a isso, atualmente, a fabricação e o comércio do artesanato é uma das principais fontes de renda das famílias, sendo necessária a procura por novas alternativas de divulgação e venda das peças.
Informações
O projeto possui uma página no Facebook e Instagram, com os respectivos nomes: Criações Bôloriê e Vivência Umutina Balatiponé. Nas páginas, há relatos que exemplificam a necessidade e, primordialmente, a importância que é fazer um artesanato. Além disso, pontuam que o contato com a natureza e a lembrança dos anciões ajuda a fortalecer a cultura que é carregada de conhecimento.
Site: bolorieumutina.com.br
Facebook e Instagram: CriaçoesBôloriêUmutina e Vivência UmutinaBalatiponé