Pela primeira vez, uma psicóloga é lançada como vereadora nas eleições de Cuiabá. A professora Marisa Helena Alves (PSB) concorre no pleito deste ano como representante da categoria que possui cerca de 2,7 mil profissionais na capital de Mato Grosso e aproximadamente 530 mil em todo país.
Em plena campanha Setembro Amarelo, a candidata novata pontua que entre as suas bandeiras de trabalho está justamente priorizar projetos e ações que visam garantir a qualidade de vida e o bem-estar da população, principalmente daquelas pessoas que muitas vezes estão à margem dos serviços públicos.
“A grande maioria dos profissionais da psicologia está trabalhando hoje em políticas públicas nas áreas da saúde, educação e assistência social, lidando diariamente com as dificuldades e desigualdades sociais. Infelizmente, há muitas pessoas que mesmo vivendo dentro da cidade, estão fora dela, já que não podem participar daquilo que a cidade pode oferecer”, destaca a candidata.
Professora Marisa explica que apesar dos tabus que ainda envolvem a saúde mental, o Brasil é um dos países que mais investe em políticas públicas que envolvem o trabalho de psicólogos. Mas isso não é o bastante. Ela aponta a melhoria na condição de vida da população que vive nas cidades, sobretudo nas periferias, ainda é um entrave para melhoria dos índices da saúde.
“Nosso país hoje lidera o ranking de ansiedade e outras doenças de saúde mental. Temos mais de 18 milhões de indivíduos no Brasil com ansiedade patológica, índice superior a 9,3% da população [conforme a Organização Pan-Americana da Saúde], que é acarretado especialmente por questões econômicas e sociais, como desemprego, baixos salários, transporte público ruim, alta taxa de violência, poucas opções de lazer e cultura, entre outras questões que afetam a qualidade de vida de cidadãos e cidadãs”, pontua.
Segundo ela, não adianta fazer a campanha Setembro Amarelo se a população não conta com espaços de atendimento e acolhimento. Outra pauta da professora Marisa é justamente trabalhar pela ampliação da rede de atenção à saúde mental da capital mato-grossense, que possui apenas um Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) álcool e drogas, um CAPS infantil e três CAPS para transtornos mentais, número insuficiente para atender os seus 682,9 mil habitantes.
A candidata, que tem uma trajetória de trabalho prestado na área da saúde como representante da região Centro-Oeste no Conselho Federal de Psicologia (CFP) e no Conselho Nacional de Saúde (CNS), na coordenação da Comissão Intersetorial de Saúde Mental e a implantação do primeiro CAPS para tratamento de álcool e drogas de Mato Grosso, tem outra bandeira importante: o projeto que visa reduzir a carga horária do psicólogo para 30 horas semanais em Cuiabá.
“Esta é uma orientação do Conselho Federal de Psicologia que visa oferecer melhorares condições dos profissionais da área que muitas vezes são submetidos a jornadas extensas e insalubres. É nosso dever cuidar de quem cuida da gente, por isso é meu compromisso trabalhar para a melhor qualidade de vida da psicóloga e do psicólogo”, finaliza professora Marisa.
Para o deputado estadual Max Russi (PSB), a candidatura da professora Marisa representa a busca da sigla em apresentar bons candidatos à sociedade. “Ela é uma pessoa simples, mas, ao mesmo tempo, possui muito conhecimento, e um excelente currículo. Outro ponto importante é que a professora vem agregar propostas que visam contribuir com Cuiabá, principalmente na área da saúde”, destaca o parlamentar.
Saúde mental x qualidade de vida
Cuiabá também enfrenta questões climáticas e ambientais que demandam ações de enfrentamento urgentes por parte da gestão pública devido as ondas de calor excessivo [que superam 42ºC], a falta de chuva, a baixa umidade relativa do ar, e a fumaça das queimadas, que entre julho e outubro, normalmente, costumam gerar desconforto e mal-estar na população.
“Iniciamos o mês de setembro com mais de 130 dias sem chuva na nossa cidade! Estamos todos passando mal, principalmente aqueles mais pobres não possuem uma estrutura adequada para suportar esse superaquecimento. O calor, a baixa umidade e a fumaça geram o adoecimento coletivo não só físico, como mental, é muito comum nesse período nos sentirmos cansados, estressados, sem ânimo e a falta de espaços de convivência adequados com arborização, como parques e praças, potencializam esses sintomas”, destaca a psicóloga.
Perfil da professora
Marisa Helena Alves, 66 anos, é psicóloga, mestre em Psicologia pela Universidade Católica Dom Bosco, especialização em Saúde Mental e Psicanálise e Educação pela UFMT, já atuou como representante do Conselho Regional de Psicologia – CRP. Veio de Uberaba (MG) para Cuiabá em 1984, em busca de novas oportunidades. “Com o passar do tempo, Cuiabá se tornou meu lar, a cidade que me acolheu e que me permitiu construir minha história. O desafio de me colocar como vereadora tem como objetivo contribuir pela cidade que tanto fez por mim”.