O pedreiro Gilberto Rodrigues, autor do quádruplo feminicídio que vitimou uma família inteira em Sorriso, no Norte de Mato Grosso, crime que chocou todo o país, já havia assassinado, em 2013, o jornalista Osni Mendes. A vítima foi enforcada e teve seu veículo roubado em Mineiros, no sudoeste de Goiás.
Na última segunda-feira(27), Gilberto confessou em seu depoimento que matou Cleci Calvi Cardoso (46) e as filhas Miliane Calvi Cardoso (19) e Manuela Calvi Cardoso (13) esfaqueadas, após tê-las estuprado, enquanto ainda estavam agonizando. Já a quarta vítima, Melissa Calvi Cardoso, de 10 anos, foi morta por asfixia.
Já o assassinato do jornalista - de acordo com a denúncia oferecida pelo Ministério Público de Goiás, à Justiça -, ocorreu após conhecer Osni em um bar, em Mineiros. Os dois teriam começado a conversar, até que Osni ofereceu uma carona ao acusado para irem até outro bar.
Gilberto teria aceitado o convite, durante o trajeto o jornallista parou o carro, sob o argumento que iria fazer xixi e ofereceu que Gilberto também descesse do veículo para esticar as pernas.
Conforme o assassino e feminicida, fora do carro Osni tentou beijá-lo à força e ele reagiu lhe dando socos no rosto. A partir disso, os dois homens entraram em luta corporal, até que Gilberto nocauteou o jornalista com murros. Em seguida, usou a camisa da vítima para enforcá-la, causando sua morte.
Ainda de acordo com o inquérito policial, depois do crime Gilberto fugiu no carro do jornalista e se escondeu na chácara de um amigo. Com o passar dos dias, passou a usar o carro da vítima para buscar cervejas. Ele foi encontrado pela polícia cinco dias depois do crime em um bar de Mineiros.
Ao ser abordado pelos policiais e questionado sobre a origem do carro, Gilberto não reagiu e imediatamente confessou o crime. Ele foi preso em flagrante e levado para a delegacia.
Como o jornalista foi morto com extrema violência e Gilberto fugiu da cena do crime, o delegado na época pediu à Justiça que a prisão dele fosse convertida em preventiva. Assim, ele ficou preso por mais de 160 dias. Mas, em junho de 2014, conseguiu na Justiça um relaxamento de prisão, por conta do excesso de prazo na conclusão do inquérito policial.
Os documentos relacionados ao caso foram reencaminhados - segundo matéria veiculada pelo G1 de Goiás -, à delegacia em 27 de janeiro de 2014. Mas o inquérito só foi devolvido ao Tribunal em 21 de maio de 2014, ou seja, quatro meses desde a sua remessa inicial. Durante todo esse período a prisão preventiva do acusado continuou em vigor.
Mas em trecho da decisão do juiz Fábio Vinícius Gorni, na época, ao conceder o relaxamento, alegou que 'Gilberto encontrava-se custodiado cautelarmente há mais de 160 dias e que não haveria acusação regularmente formulada pelo Estado em seu desfavor'.
Assim, o feminicida voltou à liberdade e, quando intimado novamente para prestar esclarecimentos, não foi mais encontrado. A Justiça decidiu expedir novamente um mandado de prisão preventiva contra ele, em 24 de janeiro de 2018, mas a ordem nunca chegou a ser cumprida.
Com a prisão dele no Mato Grosso, na última segunda-feira (27), a Justiça de Goiás atualizou o processo da morte de Osni para réu preso.
Serial Killer
Para o delegado da Polícia Civil, Bruno França, responsável pelo caso em Mato Grosso, o pedreiro Gilberto Rodrigues, autor do quádruplo feminicídioem Sorriso é, literalmente, um serial killer. Ao apontar que após os feminicídios, ele teria guardado as roupas sujas de sangue e roupas íntimas das vítimas como lembrança.
"Ele é um predador em série, o que a gente chama de serial killer. Ele alega que estava drogado, mas isso não vai influenciar, pois todas as provas indicam que ele é um predador em série. Depois de confessar o crime, ele apontou onde havia guardado os instrumentos. Ele havia reservado as roupas sujas de sangue e roupas íntimas das vítimas como lembrança, então é muito claro que a pessoa sabia do que estava fazendo, e com esse tipo de ato calculista, ato de quem pensa, reflete, leva lembrança", disse.
Também pesa contra Gilberto um crime sexual no município de Lucas do Rio Verde, a 360 km da capital.