Aos 302 anos, Cuiabá ainda coleciona obras que ficaram na promessa e no sonho dos cuiabanos. O Bom da Notícia destaca algumas obras que não saíram do papel ou que andam à passos de tartaruga.
Como por exemplo, há quase quatro anos, os cuiabanos aguardam promessas de mudanças e valorização de uma quadra inteira no centro histórico de Cuiabá, chamada informalmente de “Ilha da Banana”. Na semana em que se comemora o aniversário da Capital de 302 anos, local que já abrigou diversas casas e comércios, desapropriados por causa do Veículo Leve Sobre Trilhos, volta a ser pauta pelo retrato do descaso com o espaço que faz parte da história de Cuiabá.
Sítio onde se deu a descoberta do ouro, da origem de Cuiabá, bem em frente a alguns de seus cartões postais mais famosos, como as Igrejas do Rosário e São Benedito, a Igreja do Senhor dos Passos, a recuperação do local chegou a ser prometida para o aniversário de 300 anos de Cuiabá, mas o que se tornou foi em um lixão a céu aberto, além de atrair novamente pessoas em situação de rua e a criminalidade.
Assessoria
José Antônio Lemos é arquiteto, urbanista e membro do Conselho de Arquitetura e Urbanismo de Mato Grosso
Em conversa com O Bom da Notícia, o arquiteto e urbanista, membro do Conselho de Arquitetura e Urbanismo de Mato Grosso (CAU/MT), José Antônio Lemos, diz que a situação é de desrespeito e vergonha, além de oferecer riscos à segurança pública e prejuízos à estética da cidade.
“É um símbolo vexatório para a nossa querida Cuiabá e traz tão graves prejuízos à cidade”.
Para ele, uma limpeza “mal feita” não é suficiente e o local não é respeitado como o símbolo importante que é.
O arquiteto aponta que mesmo sem a execução do projeto do Largo do Rosário, o mínimo que precisaria ser feito em respeito à Capital e à população cuiabana são ações emergenciais, como limpeza atrelada a um aterramento e complementada com passeios urbanos, além de bancos, iluminação, arborização e gramados.
“Ações simples, que não precisam de grandes investimentos e que já trariam maior dignidade para um local tão importante”. Para Laura Carvalho, 48, que por vários anos teve uma empresa no local, o que mais revolta e causa indignação é que após tanta “dedicação”, ela precisou deixar a região, pois já não havia mais condições de ficar, por conta das “obras do VLT”, e há mais de 3 anos nada mudou. “Tiraram pessoas de bem, que construíram sua história de trabalho com muito suor, para quê? É vergonhoso a Cuiabá, vergonhoso a Mato Grosso”.
Um mirante de 23 metros de altura, com restaurante giratório e museu de cera foi a promessa de campanha do prefeito Emanuel Pinheiro em 2016
Mirante Morro da Luz
Outro local, bem ao lado da Ilha da Banana, está o Morro da Luz.
Um mirante de 23 metros de altura, com restaurante giratório e museu de cera foi a promessa de campanha do prefeito Emanuel Pinheiro em 2016 que, igualmente, nunca saiu do papel.
A obra custaria 52 milhões. Emanuel, atual prefeito, anunciou que iria construir uma torre, inspirada no chapéu de Marechal Rondon, que se chamará ‘Cuiabá 300’. No alto dessa torre será instalado um restaurante giratório, que vai girar 360º a cada hora. Tudo não passou de sonho.
Mercado do Porto
Obra de R$14 milhões - que seria entregue no dia 8 de abril de 2019 - porém está parada é a ampliação do Mercado Municipal do Porto. A Prefeitura já gastou R$10,5 milões, garantidos por emendas parlamentares. Obra moldada no Mercado Municipal de São Paulo, com dois andares, sendo o segundo uma praça de alimentação. A obra segue parada e só causa dor de cabeça aos feirantes, mas o sonho segue e a esperança não morre.
Foto: Rafael Medeiros
Quem passa pela Orla do Porto sente vontade de chorar com tanto desprezo.
Orla do Porto
Quem passa pela Orla do Porto sente vontade de chorar com tanto desprezo. O projeto de revitalização está na promessa há mais de 2 anos.
O Aquário Municipal, que era uma das promessas de atração local, continua fechado.
A revitalização da Orla, que custou ao todo R$ 28 milhões, deu certo pois resgatou a paisagem histórica da região do Porto, tornando-se um dos cartões postais mais visitados na Capital, trouxe de volta a atenção dos cuiabanos ao Rio Cuiabá e caiu no gosto da população que, atualmente, tem feito constantes reclamações. O espaço fazia parte das obras previstas para Copa do Mundo em 2014.
Centro Histórico
Nem mesmo o centro histórico de Cuiabá escapou de tanto abandono na gestão que prega ser tão 'humanizada'. Quem passa diariamente pela Praça da República, no Centro Histórico de Cuiabá, percebe um amontoado de pedras e materiais de construção espalhados por todo lado. Há pelo menos quatro meses a obra de revitalização da praça não sai do lugar.
O piso português da área central foi retirado e amontoado, não há isolamento e sinalização nessa parte, que é irregular. E ainda com estacas, o que oferece riscos para quem transita pela praça. Enfim, para comerciantes e a população, a imagem que se tem do local é de descaso. O Bom da Notícia já foi no local várias vezes e noticiou o abandono.
Reprodução
Quem passa diariamente pela Praça da República, no Centro Histórico de Cuiabá, percebe um amontoado de pedras e materiais de construção espalhados por todo lado
Inaugurada em 1922, a situação da praça que fica em frente à Catedral Metropolitana Basílica do Senhor Bom Jesus, é apenas um dos problemas apontados por quem frequenta ou trabalha na área histórica, que aponta que há mais de 14 anos não há investimentos em melhorias significativas na região.
O Bom da Notícia separou uma lista de obras prometidas pelo atual prefeito nos 300 anos, que estão abandonadas ou sequer sairam do papel.
Claro, todas as obras abaixo apontadas como promessas, continuam no Plano de Governo do prefeito Emanuel Pinheiro e podem, obviamente, serem realizadas nesta segunda gestão nos decorrer dos anos. Assim, agora, é esperar!
Em compasso de espera estão:
*Memorial Cuiabá 300 anos
*Construção do Marco São Gonçalo Beira Rio 300 anos
*Projeto Centro Geodésico da América do Sul
*Museu Dutrinha
*Revitalização Lagoa Encantada (Córrego do Caju)
*Revitalização Horto Florestal – 25 hectares
*Cais do Porto
*Clube Dom Bosco
Mercado Miguel Sutil
*Parque do Caju – 20hectares
*Parque Orla São Gonçalo – 00,30 hectares
*Parque Dante de Oliveira – 25 hectares
*Parque do Moinho – 22,45 hectares
*Parque Industrial – 19,54 hectares
Parque Residencial Coxipó – 35,50 hectares
*Parque Ibama – 15,50 hectares
*Parque Campo do Bode – 25 hectares
*Parque Bosque da Vida – 8,72 hectares