Sábado, 27 de Julho de 2024

POLÍTICA Quarta-feira, 03 de Abril de 2024, 10:37 - A | A

Quarta-feira, 03 de Abril de 2024, 10h:37 - A | A

"CLIMÃO NO STF"

Mauro vê 'desrespeito' na fala de esposa de Wilson no STF; deputado não observa falta de decoro

Marisa Batalha/O Bom da Notícia

(Foto: Ilustração/Secom-MT)

MAURO MENDES EM BRASÍLIA.jpeg

 Governador Mauro Mendes não poupou críticas à Nilma Silva 

No final da tarde desta última terça-feira(02, o governador Mauro Mendes(UB) não poupou críticas à Nilma Silva - presidente da Associação dos Pescadores de Mato Grosso e esposa do deputado estadual Wilson Santos (PSD) -, que durante audiência de conciliação sobre a Lei do Transporte Zero, no Supremo Tribunal Federal, em Brasília, teve sua fala desautorizada pelo ministro André Mendonça, após atacar o governador.

À jornalistas, Mendes considerou as declarações da esposa do deputado como acintosas, mentirosas, desrespeitosas e desonestas. "A pessoa fez afirmações acintosas contra mim e contra outras pessoas. Falas mentirosas, desrespeitosas e desonestas. E o ministro André Mendonça não poderia aceitar, diante da Suprema Corte, alguém agir daquela forma. Então suspendeu a sessão".

Ao ainda lembrar que quem apela, acaba perdendo a razão. "Mostrou um baixo nível, um despreparo. E quem apela, apelou, e perdeu. O ministro se irritou e encerrou a reunião. Disse que não iria fazer do Supremo palco ou palanque para ninguém que não estava ali para contribuir para um eventual consenso".

Já o deputado social democrata Wilson Santos - em entrevista nesta quarta-feira(03), à Rádio Cultura FM -, disse que não teria visto nenhuma falta de decoro nas declarações da esposa, contudo, evitou polemizar a situação.

Optando em elogiar o ministro sem esconder, porém, que supostamente havia um clima, desde o início, de interpelar a advogada e presidente da Associação sobre sua legitimidade na audiência, inclusive, seu direito de fala.

"Resumindo o ministro André de maneira muito humilde abriu uma excepcionalidade ainda que esteja garantido no regimento interno do Supremo e concluiu esta etapa, encerrando esta fase de conciliação [...] Quanto a fala da Nilma o áudio fala por si só. Na minha opinião não vi nenhuma falta de decoro da minha esposa. Mas desde o início, quando ela pediu a palavra, ele indagou que ela não tinha legitimidade no processo porque não tinha colocado uma procuração no processo para falar pelo partido, mas o advogado que nos acompanhava apontou esta legitimidade. Então desde o início havia uma tentativa de impedir a fala da Nilma, mas o ministro acabou cedendo. E eu absolutamente não vejo nenhum exagero na fala dela. Ela abre a fala cumprimentando o ministro, cumprimentando os deputados federais e estaduais, representantes da AGU( Advocacia-Geral da União), do Ministério Público. Ela foi vestida à caráter como os tribunais exigem de uma advogada. Falou sem alterar a voz, e quem ouviu na minha concepção, 90% diz que não houve exagero, mas enfim".

Entenda

A audiência nesta terça, no STF, terminou sem consenso sobre a Lei da Pesca em Mato Grosso, assim fechando a etapa de conciliação sem um desfecho favorável para nenhum dos lados, apesar das intensas discussões e tentativas de conciliação entre representantes dos pescadores e dos governos estadual e federal.

A Lei da Pesca - conhecida como Transporte Zero -, que proíbe a comercialização e transporte de 12 espécies de peixes dos rios mato-grossenses tem sido, claro, o ponto central das negociações. A falta de acordo levou o ministro André Mendonça a decidir pela solicitação de um parecer da Procuradoria Geral da República, antes de tomar uma decisão sobre a suspensão ou não da Lei da Pesca de Mato Grosso.

Mas o ponto alto da audiência desta última terça, praticamente, deixou de lado as negociações ao entorno da pesca, ganhando notoridade as declarações de Nilma Silva, que em sua fala apontou supostos interesses da família do governador Mauro Mendes ligadas dragas e usinas. Que, ainda conforme Nilma, representam uma grande ameaça aos peixes dos rios mato-grossenses.

A fala de Nilma foi desautorizada, após provocar irritação do ministro Mendonça, que apontou a importância do decoro e responsabilidade no STF. Igualmente, o deputado Wilson Santos foi repreendido pelo ministro por estar filmando a audiência.