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ARTIGOS Quarta-feira, 31 de Julho de 2019, 19:57 - A | A

Quarta-feira, 31 de Julho de 2019, 19h:57 - A | A

Solidão Governamental

João Edisom de Souza

A frase “se o governo não atrapalhar já está muito bom” está cada dia mais sendo repetida em locais que vão desde as organizações corporativas até as mesas dos bares da vida. Será que é isso mesmo, ou é apenas uma transferência de responsabilidade pessoal para o governador em exercício? Vejamos a chamada sociedade organizada (sindicatos, federações, associações), só se move quando seus membros “clientela” se acham prejudicados em algum aspecto, porque no geral ignoram totalmente a existência e os esforços dos gestores públicos. 

 

As instituições praticam a crítica quase sempre gratuita e abundante, o elogio é sempre raro e pontual, já a participação das mesmas, são insignificante ou nula quando a ação ou o tema em debate não diz respeito ao seu setor. Esta correto isso? às instituições não tem responsabilidade junto a sociedade como um todo? Em tempos de reformas e pouco dinheiro público fica evidente este abandono e um certo desprezo com requintes até de crueldade para com o(s) chefe(s) da gestão do ente federado. 

 

A participação efetiva em todas as decisões deveria ser comum a todos, mas principalmente a sociedade organizada. Até porque a eleição determina o chefe temporário do executivo, este dia passa, já o governo (modelo administrativo) e suas consequências permanecem. Este comportamento vem de dois fatores. Primeiro, a cultura do coronelismo. Modelo gestor comum até a primeira metade do século passado.

 

O governo era um paizão e os demais não davam palpites (Livro Casa Grande e Senzala de Gilberto Freire). Em segundo o fato de estas instituições (sindicatos, federações e associações) serem muito pouco democráticas. Há grupos, diretorias e até presidências que se eternizam no poder. 

 

Aí falam em democracia, exige ela e se beneficiam dela, mas não praticam a mesma em suas próprias instituições. Em função deste modelo cultural (coronealesco) e do pouco exercício democrático, as instituições só se manifestam quando o governo chama, ou quando o problema atinge especificamente seu setor (vivem em uma zona de acomodação e benefícios individuais e eternos). 

 

Tá errado! 

 

A função governar é de todas as organizações (governamentais ou não). Chega do famigerado modelo de Pilatos fazer na hora de fazer as coisas, “lavar as mão” para não levarem a culpa. Em função deste jeito “Pilatos de ser”, temos vários problemas, dentre eles cito apenas dois: primeiro é a alta expectativa sobre o governo no começo da gestão e linchamento do mesmo ao final mandato. Segundo é que o abandono impossibilita a realização de reformas estruturantes com durabilidade e qualidade, gerando atrasos e prejuízos para a sociedade como um todo. 

 

Em função deste “abandono”, problemas se tornam crônicos ou recebem soluções temporárias para garantir um “fôlego” meramente temporário. 

 

Chega das instituições acharem que não tem nenhuma responsabilidade com os desmandos e erros. O governador passa, as consequências de seu governo quase sempre são eternas! Por isso democracia é participação de todos (sociedade organizada) em tudo! Diferente disso será sempre criticas e frustrações.