Sexta-feira, 26 de Abril de 2024

CIDADES Domingo, 12 de Janeiro de 2020, 16:19 - A | A

Domingo, 12 de Janeiro de 2020, 16h:19 - A | A

CRIANDO IDENTIDADE REGIONAL

Artista plástica usa técnicas milenares para criar estampas em couro de peixe

Vivian Nunes/ Especial para O Bom da Notícia

Peixes regionais servindo de adereços ou estampados em roupas, bolsas, almofadas ou saídas de praia, literalmente, viraram a paixão da artista plástica Rita Ximenes. Assim, antes mesmo de entrar para a faculdade, Ximenes que já tinha habilidades com tecidos, brincava com estas estamparias.

 

Após terminar a formação em educação artística, ela se especializou em Batik (uma técnica milenar de tingimento em tecido artesanal que surgiu na Indonésia). Mas o descobrimento das estampas baseadas no couro de peixes regionais só veio à tona depois de um treinamento de incentivo ao artesanato da baixada cuiabana. Foi dada uma tarefa no curso e a artista viu como oportunidade de explorar a técnica do Batik, unindo a técnica à beleza do couro de peixe. 

 

Foto: Rita Ximenes

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“Criei o peixe em almofada, inclusive, tenho até hoje os riscos. Comprei um livro que falava sobre o Pantanal e a parte dos peixes, em específico. Fiz tudo para poder desenvolver um estudo para aproximar do couro de peixes como o pintado, o pincachara e o cachara que são os três mais comuns”, relata.   

 

Nascida no Mato Grosso do Sul, Rita veio para Cuiabá aos dois anos de idade, assim, se considera uma 'cuiabana de tchapa e cruz, do pé rachado'. E a paixão pelo tema regional, claro, este ela aprimora cada dia mais. Assim, conseguiu criar uma "identidade regional muito forte", ao estampar os couros dos peixes nos produtos que cria. 

 

Rita otimizou a ideia ano passado, quando foi chamada pelo Sesc Arsenal para dar curso de Chita Cuiabana (pano utilizado tradicionalmente no artesanato cuiabano), em homenagem aos 300 anos da capital. Em seguida, realizando outro curso, agora em Brasília, dentro do Programa Educativo Caixa Gente Arteira, onde ensinou a técnica do Batik contemporâneo e do chitão cuiabano.   

 

Para a artista, é necessário, no entanto, aprimorar com certa constância os conhecimentos, pois os indivíduos, ainda conforme Rita, têm a capacidade de criar. “Desde o momento que você sabe as formas geométricas, linhas e nuances das cores, a capacidade de desenvolver a arte aumenta”.   

 

Foto: Rita Ximenes

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E para reforçar seu currículo, que diga-se de passagem, é bastante avanajado, a artista lançou, recentemente, um livro junto com alunos da Escola Municipal de Educação Básica, Emeb Marechal Cândido Mariano da Silva Rondon, chamado ‘Vamos Começar de Novo?’, voltando o olhar para a natureza. Sobretudo, buscando a sensibilidade que os indígenas têm com plantas, animais, terra, água e vivendo em harmonia com todos os seres. O contato da arte com o carimbo proporcionou aos estudantes o desenvolvimento de suas próprias obras.