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CIDADES Sexta-feira, 17 de Maio de 2019, 17:14 - A | A

Sexta-feira, 17 de Maio de 2019, 17h:14 - A | A

CERTIDÃO DE NASCIMENTO

No Dia Contra a Homofobia, mulher trans comemora 1º registro de nome social de MT

Ana Adélia Jácomo / O Bom da Notícia

Nesta sexta-feira (17) é celebrado o Dia Internacional Contra a Homofobia, que consiste no ódio, rejeição e preconceito a Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, transexuais ou Transgêneros (LGBT).

 

Em Mato Grosso, a primeira retificação de uma certidão de nascimento foi concedida a um transexual esta semana.

 

Em 30 de abril de 1993 nascia em Cuiabá, no Hospital Geral, Thomas Santos de Souza Castro. Hoje, Isabelle Santos de Souza Castro é uma linda mulher de 26 anos que conseguiu uma nova certidão de nascimento, por meio da Defensoria Pública de Mato Grosso. 

 

Filha de pais evangélicos da Igreja Assembleia de Deus, se descobriu transexual desde a infância e, segundo ela, nunca foi discriminada por isso, nem pela família e nem pelos amigos. 

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Isabelle, antes do processo de transição de gênero

“Aos seis anos, eu já me sentia diferente e sabia o que eu queria”. Ela teve acompanhamento e tratamento com a psicóloga Flávia Hadadd e Rui Carlos Silva Júnior. Todos gratuitos, pela vontade dos médicos em ajudar. A defensora pública Kelly Cristina Veras coordenou os trabalhos. 

 

Isabelle contou ao O Bom da Notícia como foi o trâmite processual para assegurar seu direito de usar o nome social em seus documentos. Segundo ela, para sua surpresa, a Defensoria Pública do Estado efetuou todo o processo em 35 dias, aproximadamente.

 

“Tudo começou com uma cliente minha, que trabalha na Defensoria. Ela perguntou se eu tinha meu nome no RG, e como eu nem sabia como fazer o processo, ela me orientou. Levei os documentos que me pediram e foi bem rápido. Agora já vou dar entrada nos meus outros documentos”, explicou ela. 

 

trans

 

IDENTIDADE DE GÊNERO 

 

O gênero é a identidade com a qual a pessoa se identifica, podendo ser compatível como o sexo do nascimento, ou não. Há diversos casos de identidade de gênero, por exemplo, a transexualidade, onde a pessoa nasce homem e se identifica como mulher, ou vice e versa. Sem que isso defina a sua sexualidade, pois há transexuais que não são gays.

 

“Eu já tinha percebido desde criança que eu me identificava mais com as coisas de menina, me incomodava com a forma que era o meu corpo, mas mais efetivamente percebi minha condição aos 16 anos. E, pra mim, é uma grande conquista, porque o melhor de tudo é sermos reconhecidos como a gente realmente é, como a gente se sente bem, independente do órgão sexual, que não define a identidade de gênero”, avaliou Isabelle.

 

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Isabelle ganhou em 2018 o concurso Miss Gay Mato Grosso.

 

HOMOFOBIA EM MT

 

Mato Grosso registrou 26 casos de crimes de homofobia e três homicídios no período de janeiro a março deste ano, segundo dados do Grupo Estadual de Combate aos Crimes de Homofobia (GECCH), da Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesp-MT). 

 

No entanto, Isabelle afirma que nunca sofreu qualquer tipo de violência. De acordo com ela, a sua aparência nunca foi motivo de agressões nas ruas de Cuiabá. Ela atribui isso ao fato de procurar se manter longe das situações de risco, como frequentar locais mais perigosos ou agir de forma desrespeitosa. 

 

“Claro que há os casos de homofobia, onde a pessoa agride a outra gratuitamente, mas a maioria são situações que poderiam ser evitadas”, avalia ela. Isabelle trabalha como maquiadora e diz que nunca foi agredida fisicamente, ou psicologicamente. 

 

“Esse documento foi muito importante, porque agora posso mostrar quem eu sou, sem constrangimento de me vestir como uma mulher, me comportar como uma mulher mas ser tratada no gênero masculino. É uma grande conquista que me possibilita ser quem eu quero ser”, disse ela.