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POLÍTICA Quinta-feira, 19 de Setembro de 2019, 09:09 - A | A

Quinta-feira, 19 de Setembro de 2019, 09h:09 - A | A

SEM FERIR SUSCETIBILIDADES

Em ato de filiação senadores evitam revelar motivos de Selma trocar PSL pelo Podemos

Marisa Batalha - O Bom da Notícia

(Foto: WhastApp)

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Todos os líderes que participaram nesta quarta-feira (18), do ato de filiação da senadora por Mato Grosso, Selma Arruda, agora no Podemos, evitaram revelar os motivos pelos quais a parlamentar teria abandonado o barco pesselista, inclusive ela.

 

Sua oficialização à nova sigla foi por conta de divergência com o senador Flávio Bolsonaro, filho do presidente da República, Jair Bolsonaro (ambos do PSL), que exigiu que retirasse sua assinatura na CPI da Toga, que busca investigar o Judiciário.

 

Um movimento que conta com o apoio do presidente do Senador, Davi Alcolumbre, que como Flávio Bolsonaro, teria também pedido que Arruda retirasse seu nome da lista dos congressistas que pedem a CPI da Lava Toga, na Casa de Leis.

 

O site O Antagonista chegou na semana passada a divulgar que o autor da CPI da Toga, o senador Alessandro Vieira, teria confirmado que alguns colegas estariam sendo pressionados. Chegando o site a nominar a senadora mato-grossense, dentre os que estariam sofrendo a pressão. E que no caso dela, em particular, ela ainda teria sido ameaçada, que caso não retirasse sua assinatura da Comissão, poderia ter a cassação do seu mandato confirmada pelo TSE.

 

Situação dias mais tarde assumida por ela em entrevista ao O Globo, Estadão, Folha de SP,  de que o filho do presidente teria chegado mesmo a gritar com ela por telefone. E como não aceitava este tipo de manobra política começou a articular sua saída do PSL.

 

E depois confidenciada por meio de um vídeo nas suas redes, de que estaria saindo do "PSL por causa do desentendimento com o senador Flávio Bolsonaro. E que não teria sido apenas pelo fato de ele querer que retirasse a assinatura. "Mas pela forma indelicada e desrespeitosa com que ele me tratou. Então, gostaria de deixar para vocês uma mensagem, no sentido de que o PSL é só um partido. Temos outros partidos que podem seguir a mesma linha", afirma a senadora.

 

A saída da senadora mato-grossense da sigla bolsonarista acabou levando o Major Olímpio a pedir no plenário do Senado, a saída de Flávio Bolsonaro, lembrando que a legenda representava a bandeira anticorrupção do presidente da República. Mais tarde, ao Estadão, o Major Olímpio reiterou sua posição, chegando a dizer que quem deveria 'cair fora do PSL' era Flávio, não Selma. "Aliás, gostaria que ele saísse hoje mesmo", ainda revelou.

 

Presente ao ato de filiação da ex-colega de legenda, o Major Olímpio enviou, ainda que de forma subliminar, um recado aos bolsonaristas, revelando 'que mesmo que estivesse entristecido com sua saída, optava em dizer a ela somente um até breve', sinalizando a possibilidade de ele, igualmente, migrar para o mesmo destino partidário.

 

Com menos ousadia, a senadora que evitou dar nomes ou apontar 'culpados' pela migração, rasgou, no entanto, elogios ao colega de Parlamento e ex-companheiro de sigla, apontando-o como o "homem mais íntegro e corajoso" que já teria conhecido. E que como muitos que acreditam em uma nova política, ela[Selma] estaria cansada das velhas práticas ainda realizadas por alguns clãs. "A submissão não pode ser mais a regra. Quando se fala em democracia se fala em parlamento livre".

 

Em abril deste ano a juiza aposentada e atual senadora foi cassada pelo Tribunal Regional Eleitoral de Mato Grosso e, igualmente, seu suplentes, Gilberto Possamai, sob o argumento de omitirem da Justiça Eleitoral despesas de R$ 1,2 milhão na campanha de 2018, configurando caixa dois e abuso de poder econômico

Para o Podemos, no entanto, a saída da senadora foi um 'prato cheio', já que a entrada de Selma e do senador do Distrito Federal, José Antônio Machado Reguffe, consolidou a legenda como a segunda maior no Senado da República, agora com 11 senadores.

 

Foi sob este diálogo do crescimento e, sobretudo, da excelência nas novas aquisições, que o deputado federal José Medeiros, presidente do partido em Mato Grosso, e principal articulador da migração da senadora do PSL ao Podemos, teceu elogios à chegada de Arruda.

 

Enviando, inclusive, um recado direto aos que querem ver o mandato de Selma definitivamente cassado, para que “tirem o cavalo da chuva, pois ela ficará até o ultimo dia de seu mandato", ao ressaltar sua confiança na permanência de Arruda no cargo por conta do processo de cassação de seu mandato no Tribunal Superior Eleitoral.

 

Em abril deste ano a juiza aposentada e atual senadora foi cassada pelo Tribunal Regional Eleitoral de Mato Grosso e, igualmente, seu suplentes, Gilberto Possamai, sob o argumento de omitirem da Justiça Eleitoral despesas de R$ 1,2 milhão na campanha de 2018, configurando caixa dois e abuso de poder econômico. Ela recorre da decisão no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) no exercício do cargo. E agora, 10 de setembro, a procuradora-geral da República, Raquel Dodge (10), defendeu que o Tribunal Superior Eleitoral mantenha cassação da congressista, proferida pelo Tribunal Regional.

 

Medeiros ainda apontou o elevado número de votos recebidos nas urnas pela juiza aposentada, na disputa em 2018, ao Senado da República [678 mil votos], para lembrar da luta que a senadora vem enfrentando para se manter na Senatória. Lembrando que as eleições em Mato Grosso foi 'uma verdadeira carnificina'. E que muita gente que não tinha voto queria tira-la do páreo. Depois da vitória vaticinaram que não tomaria posse. E agora, com a cassação no TRE-MT, as perseguições aumentaram, tornando maior o martírio de Selma em sua luta pela manutenção do mandato'.

 

"Selma não cometeu crime algum. Ganhou uma eleição histórica. Ela é a segunda mulher de Mato Grosso a ocupar este cargo.[...] A primeira foi Serys Slhessarenko - de 2003 a 2010[...]. Assim, seu crime foi ousar ficar contra as oligarguias e, isto, é um pecado que não passa impune no Estado. Agora, quem perdeu quer ganhar na mão grande".

 

Sendo ainda taxativo - ao dar as boas vindas à senadora ao seu partido -, que o crime que imputam a ela seria algo corriqueiro no Estado. "Ora, como se ninguém tivesse feito pré-campanha em Mato Grosso".

 

E ao citar a presença do vice-prefeito de Cuiabá, Niuan Ribeiro, na filiação em Brasília, e ainda como o futuro prefeito da capital mato-grossense, também revelou que já teria conversado com ele [Niuan] e com outros correligionários sobre como receber Selma Arruda em Mato Grosso. "Casa aberta, ar condicionado e tapete vermelho".

 

A filiação de Arruda foram avalizadas pela presidente nacional da legenda, Renata Abreu e pelo líder na Casa, o senador Álvaro Dias.