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POLÍTICA Domingo, 22 de Setembro de 2019, 13:44 - A | A

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PORTAS FECHADAS

Janaina diz que doleiro na AL revelou que 'Taques aceitou propina da JBS'

Marisa Batalha - O Bom da Notícia

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A deputada emedebista Janaina Riva, vice-presidente da Assembleia Legislativa, por meio de um vídeo postado em suas redes [de uma conversa com jornalistas no encontro de mulheres do MDB], e enviado aos mailings dos sites de Cuiabá, se mostrou irritada com a forma como alguns membros da CPI que investiga Renúncia e Sonegação Fiscal no Estado, tratou o depoimento do doleiro Lúcio Bolonha Funaro, um dos delatores do esquemas da JBS, realizado no Parlamento estadual na última quinta-feira (19), às portas fechadas.

 

Para a parlamentar emedebista há uma tendência a espetacularizar as CPIs sem que, no entanto, algumas delas, por exemplo, tenham resultado em ações práticas, em seu processo final. Citando as CPIs das Obras da Copa e depois a das  Cartas de Crédito que investigou o Ministério Público. "Não deu em nada, só expôs muita gente sem dar, de fato, um retorno à sociedade", ainda disse.

 

Para a parlamentar emedebista há uma tendência a espetacularizar as CPIs sem que, no entanto, algumas delas, por exemplo, tenham resultado em ações práticas, em seu processo final

A declaração de Janaina foi um contraponto a indignação demonstrada pelo deputado tucano, Wilson Santos que, em coletiva de imprensa, revelou ter sido voto vencido quanto a realização do depoimento do doleiro às portas abertas e que sob o seu ponto de vista a atitude dos membros da Comissão não teria sido uma atitude louvável em um estado democrático de direito.

 

Para Janaina, no entanto, alguns depoimento precisam ser escutados somente pelos membros da Comissão, pois o objetivo é investigar e não expor, lembrando que, por exemplo, no seu depoimento Funaro teria revelado que o ex-governador Pedro Taques (PSDB) recebeu propina na sua campanha em troca de incentivos fiscais.

 

Após ser questionado por ela, se além do ex-governador Silval Barbosa [que em sua delação premiada no STF assumiu ligação com o grupo JBS], Taques também teria recebido propina na campanha eleitoral em troca de favores. "Eu não queria expor isso publicamente, por que para isso a gente precisa pedir o compartilhamento de provas para poder usar isso”.

 

 

Ainda de acordo com a deputada estas investigações têm que ser realizadas às portas fechadas, ainda que" sejam televisionadas [...] ou com as imagens passadas mais tarde para população sem corte nenhum".

 

E voltando a defender a ineficácia de sessões abertas que expõem aqueles que são citados, a parlamentar também lembrou que depoimento às CPIs não são audiências públicas e que alguns deputados aparecem somente quando o caso é polêmico e aberto para imprensa.

 

"O deputado Wilson Santos, por exemplo, na abertura desta CPI fez um discurso de uma hora, só para levantar uma questão de ordem, quando os depoimentos são fechados, os discursos não chegam a 5 minuto. Para que isto? Temos que parar de buscar estes espetáculos, realizar menos discursos, deixar de rivalizar, e buscar mais resultados".

 

O depoimento de Funaro à Comissão foi realizado às portas fechadas após decisão tomada pela deputada Janaina Riva (MDB), acompanhada pelos pares Dilmar Dal Bosco (DEM) e Ondanir Bortolini “Nininho” (PSD). Ou seja, pela maioria dos membros da comissão, appos acatarem recomendação posta em parecer exarado pela Procuradoria-Geral da Casa, que foi representada na reunião pelo procurador-geral adjunto Ricardo Riva e pelo também procurador Carlos Dornellas.

 

Ele foi aprovado após declarações dadas por ele à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do BNDES na Câmara Federal, em Brasília. Após ele ter citado em seu depoimento na CPI, na Câmara Federal, em Brasília, no dia 28 de agosto deste ano, que o empresário Joesley Batista, do grupo J&F, dono da JBS, teria poupado seu primo Fernando Mendonça, de Mato Grosso, em sua delação premiada firmada com a Procuradoria-Geral da República (PGR).

 

De acordo com Funaro, Mendonça que tem uma empresa no ramo atacadista em Várzea Grande, atuava como operador de Joesley em fraudes contra a ordem tributária no Estado. E ainda teria atuado na campanha do ex-governador Pedro Taques (PSDB), quando disputou o Senado em 2010 pelo PDT.

  

Portas fechada versus indignação

 

Após Funaro ter sido escutado na Assembleia,o deputado Wilson Santos disse em coletiva, que o doleiro teria colocado colocado à disposição da Casa de Leis de Mato Grosso, o compartilhamento de toda a sua delação, deixando aberto todo o seu sigilo bancário. Entretanto, os deputados teriam que pedir este compartilhamento ao Supremo Tribunal Federal. Assim, optando, em grande parte dos questionamentos, em não citar nomes, já que sua delação está em segredo de Justiça. Sugerindo por diversas vezes que buscassem junto ao STF ou ainda ao FBI, sua delação.

 

E ao voltar a lamentar que tenha sido voto vencido quanto ao depoimento feito de forma secreta de Funaro, Santos garantiu, entretanto, que o depoimento de Lucio Funaro será, em breve, liberado. Ao adiantar que dentre as perguntas feitas estariam qual a participação dele[Funaro] nos negócios da JBS em Mato Grosso?. Seu envolvimento com agentes políticos em Mato Grosso?. Como ele entrou neste cenário nacional?. E que Lúcio disse ter assegurado junto à Caixa Econômica Federal, a liberação de mais de R$ 10 milhões para o dono da JBS. Ainda admitindo ter convivido com o Fernando Mendonça, mas que nunca teria visto em reunião na casa de Joesley ou de Mendonça, nenhum ex-governador seja Maggi, Silval ou Taques.

 

O parlamentar ainda revelou que o nome do ex-secretário de Silval Barbosa, Pedro Nadaf, da Casa Civil e Indústria e Comércio do Estado, preso em 15 de setembro de 2015, na 1ª fase da operação Sodoma, teria sido citado. Após ser questionado se Funaro teria apontado, neste esquema, alguns ex-secretários de Mato Grosso, que mesmo condenados ou na mira de CPIs, estão hoje trabalhando para grande grupos empresariais no Estado.

 

Nadaf era o braço direito de Silval Barbosa, no governo e no comando da Organização criminosa criada por eles. Em sua delação, o ex-governador citou sua ligação com seu ex-secretário e seu envolvimento com o dono da JBS. E ainda que na época em que comandava o Palácio Paiaguás teria recebido propina da empresa de Joesley. Uma soma em torno de R$ 10 milhões ao ano, entre 2012 e 2014, para garantir incentivos fiscais no valor de R$ 74,6 milhões ao grupo em Mato Grosso.

 

O deputado tucano que na gestão de Taques foi secretário de Estado de Cidades e seu vice-líder na Assembleia, mesmo revelando que Funaro teria apontado ligação de alguns agentes públicos com a JBS, em Mato Grosso, não revelou, contudo, que o doleiro teria acenado positivamente para o envolvimento neste esquema do ex-chefe do Executivo estadual, Pedro Taques, que teria aceito propina em trocas de incentivos fiscais em seu governo.

 

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