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POLÍTICA Quinta-feira, 05 de Dezembro de 2019, 15:36 - A | A

Quinta-feira, 05 de Dezembro de 2019, 15h:36 - A | A

DIZ DEPUTADO

Deputado diz que 'falta de entendimento entre Cuiabá e Estado' já prejudica a Saúde

Marisa Batalha/O Bom da Notícia

 

(Foto: AL-MT)

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Os deputados que fazem parte da Comissão de Saúde, Previdência e Assistência Social, na Assembleia Legislativa, realizaram visita técnica ao Hospital Geral e Maternidade de Cuiabá, nesta última quarta-feira (4), bem no meio ao imbroglio sobre a suspensão dos serviços na unidade de saúde, de cirurgias seletivas e das internações de novos pacientes pelo SUS, na Unidade de Terapia Intensiva (UTI).

 

O argumento da direção do hospital dada à imprensa na última sexta-feira (29), foram os atrasos ocorridos desde dezembro do ano passado, dos recursos financeiros, que já totalizam R$ 5,8 milhões, que deveriam ser repassados pela Prefeitura de Cuiabá. O hospital é uma das referências no tratamento de alta complexidade em doenças cardíacas.

 

Ainda nesta última quarta, paralelo à visita dos deputados na unidade hospitalar, a dívida com o filantrópico acabou protagonizando uma nova queda de braço entre a prefeitura e o governo do Estado. Após o secretário municipal de Saúde, Luiz Antonio Pôssas de Carvalho, em conversa com jornalistas, desmentir o hospital quanto à dívida do muncípio com o HG de R$ 5,8 milhões e apontar falta de quitação financeira do Estado com o municipio de Cuiabá. Admitindo, no entanto, que existe uma pendência com o HG, entretanto, ela estaria no valor de R$ 461 mil, referente a serviços de Cardiologia. Assegurando que ela deverá ser quitada até esta sexta-feira(06).

 

Deputado aponta que a falta de entendimento entre gestão estadual e municipal de saúde, - por conta das trocas de farpas que vem sendo protagonizadas pelo prefeito emedebista Emanuel Pinheiro e o governador democrata Mauro Mendes - já estariam prejudicando os atendimentos

 Explicando que o débito que a Saúde da capital possui, não apenas com o HG, é referente a um valor extra sobre a tabela SUS - que é pago por Cuiabá como um incentivo aos prestadores de serviços que ofertarem máxima qualidade à população. Segundo ele, a demora no pagamento desse incentivo tem acontecido porque a Capital vem assumindo praticamente sozinha a alta e média complexidade de todos os municípios de Mato Grosso.

 

Lembrando que, além disso, o HG estaria cobrando uma emenda parlamentar no valor aproximado de R$ 900 mil, que para ele não pode ser computada como débito, pois ela só pode ser paga mediante pactuação de novos serviços. E isso deve acontecer em janeiro na nova contratualização.

 

Pôssas não escondeu, contudo, sua irritação com declaração recente feita pelo secretário de Estado de Saúde, Gilberto Figueiredo, que garantiu que o governo não teria nenhuma pendência financeira a quitar com a Prefeitura de Cuiabá. Ao se contrapor ao colega de pasta, o secretário lembrou de reunião realizada com Figueiredo há cinco ou seis meses, quando discutiram longamente sobre as necessidades de serem pactuadas saídas financeiras entre município e Estado. "[...] Eu acredito que ele é um técnico bom, é um médico e tem o intuito de querer fazer a saúde de qualidade. Então vamos fazer a Saúde, deixando de lado as diferenças políticas, as diferenças ideológicas e partidárias, mas onde a preocupação seja o cidadão[...] salvar vidas[...] Com o Estado sendo um pouquinho mais flexível com o município de Cuiabá e nos repactuar. Não é fazer um adiantamento. Não precisamos de adiantamento[...] Por que não paga o atrasado? Por que não é desse governo? Mas o governo é um só[...] continuam as obrigações".

 

Antes da coletiva de Pôssas - de acordo com o presidente da Comissão de Saúde -, o deputado estadual Paulo Araújo (PP), ele teria se reunido com o secretário de de saúde de Cuiabá, que lhe apresentou um cronograma para a regularização dos repasses. E que a quitação com o filantrópico sairiam da Fonte 112, que são recursos repassados pelo governo federal, bem como dos recursos financeiros que estariam sendo antecipados pelo estado. Descartando, inicialmente, que a prefeitura lançasse mão, neste momento, dos recursos da Fonte 100, que são recursos próprios, oriundo do caixa da Prefeitura de Cuiabá.

 

A dívida com o HG também foi tema de entrevista do parlamentar nesta quinta-feira (05), no Jornal do Meio Dia,da TV Vila Real. Quando asseverou que depois da visita feita pela Comissão ao hospital e depois da reunião realizada com o secretário Antônio Pôssas de Carvalho, ele pretende sugerir, agora, ao governo do estado, que o Hospital São Benedito passe a realizar procedimentos de cardiologia. “Com a ampliação de serviços no Hospital São Benedito, nós vamos sugerir ao estado de Mato Grosso que possa assumir o duplo comando, ou seja, a gestão estadual e a gestão municipal, comprando serviços na mesma estrutura hospitalar. Precisamos ampliar a rede de cardiologia do estado”. Ressaltando que as demandas acabam se tornando gigantes no Hospital Geral, por conta de ser o único hospital que vem realizando procedimentos de cirurgia cardíaca em Mato Grosso

 

O deputado apontou também que a falta de entendimento entre gestão estadual e municipal de saúde, - por conta das trocas de farpas que vem sendo protagonizadas pelos seus comandantes, o prefeito emedebista Emanuel Pinheiro e o governador democrata Mauro Mendes - já estariam prejudicando os atendimentos. E que este fato foi, inclusive, uma das pautas da reunião com o secretário ontem.

 

"A Comissão está se colocando à disposição não só de cobrar estes repasses, mas para servir de elo, na articulação entre as duas gestões que, infelizmente, por questões politicas, vem de certo modo prejudicando a saúde. Nosso papel aqui é isento. Temos a responsabilidade de auxiliar tanto o Estado quanto município, na melhoria dos serviços de saúde pública em Mato Grosso”, salientou o presidente da comissão.

 

Participaram da visita técnica ao Hospital Geral o vice-presidente da Comissão de Saúde, deputado Lúdio Cabral (PT), e os deputados Dr. João (MDB) e Dr. Gimenez (PV).

 

Filantrópico

 

A presidente do hospital, Flávia Silvestre, afirmou que a dívida da prefeitura com a unidade de saúde se acumula desde dezembro de 2018 e que o gestor[Antônio Pôssas] já vinha sendo notificado da situação, porém nenhuma providência foi tomada. Ressaltou ainda que os valores em atraso já foram repassados pela Secretaria de Estado de Saúde (SES) e pelo Fundo Nacional de Saúde (FNS) para o Fundo Municipal de Saúde.

 

Fundado em 1942, o Hospital Geral tornou-se referência estadual e municipal em cardiologia clínica, cardiovascular, neurologia e neurocirurgia, oncologia, gestação de alto risco, fissuras labiopalatinas e laboratório de histocompatibilidade para transplantes. A unidade realiza cerca de 150 procedimentos de alta complexidade e 600 procedimentos de média complexidade por mês e atende em média 10 pacientes ao dia no pronto atendimento cardiológico e 20 pacientes no pronto atendimento obstétrico. (Com informações da Assessoria da AL e Sicom)